sábado, 12 de janeiro de 2013

Saudade das doenças de antigamente. (Republicação)

Em tempos de gripe suína, o inevitável aconteceu, e tem até nome: Hipocondria Temporária Coletiva.
 
Pois bem, como legítimo representante da classe dos hipocondríacos (que tem entre os mais ilustres, o cantor Toquinho), me sinto redimido.

Lavar as mãos 10 vezes por dia é coisa que faço há muito tempo. Assim como evitar maçanetas, cordinhas de descarga, etc...

Não chego a ser como o Monk, aquele detetive da série homônima (interpretado por Tony Shalholb), mas sempre tive minhas "armas" (manias) contra germes, bactérias, fungos e outros agentes infecciosos.

Saudade mesmo das doenças que existiam na minha infância, onde muito antes de Gripes Suína e Aviária e tantas outras doenças dos dias atuais, faziam o terror dos meus tempos de garoto. Doenças que hoje não se sabe porque, não ouvimos mais.

Pelo menos eu não ouço mais...

Tosse Comprida: Nunca soube exatamente a bactéria causadora, mas toda tosse prolongada era imediatamente diagnosticada pelos médicos mais próximos (mãe, tias, primos, amigos,...).

Dordolho: Pronunciava-se "dordólho". Era uma pereba que dava no olho que pela manhã não se conseguia abri-lo. Acometia ambos os olhos e só colírio resolvia. Fora que era feio pra caramba acordar com aquela pereba no olho.

Bicho de pé de porco: Não, não era um bicho de pé que dava na pata do porco não, tinha esse nome porque era o porco quem transmitia. Muito mais "mortífero" que o tradicional bicho de pé.

Vento Virado: deformidade física que acometia àqueles que alternavam o quente e o frio em pouco intervalo de tempo. Era curado com "benzição".

Espinhela Caída: uma dor muito forte na parte central do "externo", pouco acima da "boca do estômago", era o principal sintoma desta doença que assim como Vento Virado, curava-se por benzedeiras. Nunca soube o que causava (mal olhado, esforço físico,...) nem o que exatamente seria a tal "espinhela", mas que sarava depois que benzia, posso dar meu testemunho.

Erisipela: mais conhecida pela corruptela - "Lizipela" - era uma doença que a gente morria de medo de pegar e ficar com marcas no rosto e braços. Hoje eu sei que se trata de uma bactéria Streptococcus, que ataca os vazos linfáticos. Mas na época, tinha status de "praga do além".

Mal de Simioto: Outra dessas "pragas do além" que encontrava cura em benzições, e acometia crianças geralmente mal nutridas. Comumente chamada de "Malsimioto", tinha de passar por benzição para que, os agentes saíssem pela pele (como se fosse vermes capilares) e só então ser decepado pela navalha da benzedeira.

Cobreiro: Pegava-se com a urina do sapo, que atirava um "leite" quando se sentia acuado.

Sopro da Jiboia: Não tinha um nome específico, mas dizem que se uma Jiboia soprasse (?) em você, o local atingido pelo sopro (?) ficaria da cor da cobra. Coisas do tempo em que Jiboia ainda tinha acento.

Olho de peixe: pequenas erupções na pele, geralmente nos pés, redondas e levemente aprofundadas. Parecia realmente o olho de um peixe.


PS: Não tinha pensando nisso, mas esse texto vai pro meu livro dos anos 80. Se um dia eu terminar de escrevê-lo, evidentemente.

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