Em tempos de gripe suína, o
inevitável aconteceu, e tem até nome: Hipocondria Temporária Coletiva.
Pois bem, como legítimo
representante da classe dos hipocondríacos (que tem entre os mais ilustres, o
cantor Toquinho), me sinto redimido.
Lavar as mãos 10 vezes por dia é
coisa que faço há muito tempo. Assim como evitar maçanetas, cordinhas de
descarga, etc...
Não chego a ser como o Monk,
aquele detetive da série homônima (interpretado por Tony Shalholb), mas sempre
tive minhas "armas" (manias) contra germes, bactérias, fungos e
outros agentes infecciosos.
Saudade mesmo das doenças que
existiam na minha infância, onde muito antes de Gripes Suína e Aviária e tantas
outras doenças dos dias atuais, faziam o terror dos meus tempos de garoto.
Doenças que hoje não se sabe porque, não ouvimos mais.
Pelo menos eu não ouço mais...
Tosse Comprida: Nunca soube exatamente a bactéria
causadora, mas toda tosse prolongada era imediatamente diagnosticada pelos
médicos mais próximos (mãe, tias, primos, amigos,...).
Dordolho: Pronunciava-se "dordólho".
Era uma pereba que dava no olho que pela manhã não se conseguia abri-lo.
Acometia ambos os olhos e só colírio resolvia. Fora que era feio pra caramba acordar
com aquela pereba no olho.
Bicho de pé de porco: Não, não era um bicho de pé que dava na
pata do porco não, tinha esse nome porque era o porco quem transmitia. Muito
mais "mortífero" que o tradicional bicho de pé.
Vento Virado: deformidade física que acometia àqueles
que alternavam o quente e o frio em pouco intervalo de tempo. Era curado com
"benzição".
Espinhela Caída: uma dor muito forte na parte central do
"externo", pouco acima da "boca do estômago", era o
principal sintoma desta doença que assim como Vento Virado, curava-se por
benzedeiras. Nunca soube o que causava (mal olhado, esforço físico,...) nem o
que exatamente seria a tal "espinhela", mas que sarava depois que
benzia, posso dar meu testemunho.
Erisipela: mais conhecida pela corruptela -
"Lizipela" - era uma doença que a gente morria de medo de pegar e
ficar com marcas no rosto e braços. Hoje eu sei que se trata de uma bactéria Streptococcus,
que ataca os vazos linfáticos. Mas na época, tinha status de "praga do
além".
Mal de Simioto: Outra dessas "pragas do além"
que encontrava cura em benzições, e acometia crianças geralmente mal nutridas.
Comumente chamada de "Malsimioto", tinha de passar por benzição para
que, os agentes saíssem pela pele (como se fosse vermes capilares) e só então
ser decepado pela navalha da benzedeira.
Cobreiro: Pegava-se com a urina do sapo, que
atirava um "leite" quando se sentia acuado.
Sopro da Jiboia: Não tinha um nome específico, mas dizem
que se uma Jiboia soprasse (?) em você, o local atingido pelo sopro (?) ficaria
da cor da cobra. Coisas do tempo em que Jiboia ainda tinha acento.
Olho de peixe: pequenas erupções na pele, geralmente
nos pés, redondas e levemente aprofundadas. Parecia realmente o olho de um
peixe.
PS: Não tinha pensando nisso,
mas esse texto vai pro meu livro dos anos 80. Se um dia eu terminar de
escrevê-lo, evidentemente.
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