sábado, 31 de agosto de 2019

O sumiço do Belchior. [Há 10 anos].

10 anos atrás o sumiço do Belchior movimentava o país.

Pena que 10 anos depois não temos mais o artista entre nós.


O sumiço do Belchior.


Fiquei feliz com a repercussão em torno do desaparecimento do cantor Belchior, dada pela mídia na última semana.

Destaque no Fantástico, jornais do país e Exterior, o cantor alcançou uma exposição na mídia maior que qualquer disco que pudesse lançar.

Suspeitas de sequestro, dívidas, retiro, tudo foi especulado sobre o rapaz latinoamericano. Suspeitas terminadas graças ao empenho do Fantástico, que ontem veiculou a reportagem da descoberta de seu paradeiro, pela repórter Sônia Bridi (acostumada a descobrir o paradeiro de pessoas como PC Farias e Fernando Collor, quando estes sumiram do país com o nosso dinheiro, teve agora uma missão prazeirosa: encontrar o Belchior).

Que como bom latinoamericano, está no Uruguai. Preparando novos planos para retomar à vida de shows.

- "Não achei que tamanha repercussão fosse realmente comigo"!

Disse o cantor, tão desacostumado à luz dos holofotes nos últimos anos, em que sua carreira tende a ser dirigida a um público fiel, pouco crescente, que lotam seus shows querendo ver mais do mesmo, uma vez que seu repertório recente pouco interessa aos fãs, mas sim suas velhas e inesquecíveis canções.

Fiquei feliz com seu sumiço!

E muito!!!

Fiquei feliz ao ver que Belchior ainda faz falta, que a grande mídia ainda dedica espaço a cantores como ele, mesmo que seja pra especular sobre seu desaparecimento, afinal todos procuravam por ele.

Feliz de ver que seu público sente sua falta, que seus shows, sempre com as mesmas canções, ainda será assistidos por todos nós, seus fãs, quantas vezes tivermos oportunidade.

Seja bem vindo Belchior, ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

Do Brasil??? Da Mídia???

N0ada disso, das nossas atenções...

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Música caipira - O médio sertanejo. [Há 10 anos].

5º Capítulo sobre a História da Música Sertaneja.

Nesse capítulo eu apresentava pela 1ª vez uma classificação criada por mim: o Médio Sertanejo.

Vai que um dia essa nomenclatura se legitima.

Curiosidade: Eu não aceitava o termo "Sertanejo Universitário", apesar de gostar de muitos artistas que assim se denominavam, hoje consigo teorizar sobre ele e aceitá-lo.


Música caipira - O médio sertanejo.

Procure médio sertanejo em sites, livros, teses e não encontrará.

Trata-se de uma teoria muito particular deste blogueiro.

Explico!

Sertanejo raiz ou caipira, é aquele gênero da origem da música sertaneja: marcado pelos temas do campo, a dor da perda da mulher amada, o abandono do homem do campo, etc...

Ritmo marcado pelo uso da viola (às vezes violão) sem amplificações ou instrumentos elétricos de qualquer natureza ou de percussão. Usando como instrumento, arranjos simples e a destreza do violeiro.

O pop sertanejo, de tantas duplas famosas que conhecemos e que se apresentam em festas de peão país afora, é aquele gênero mais romântico, embora vez em sempre arrisca num estilo mais dançante, tentando remontar aos antigos "arrasta pés", mas sempre numa harmonia mais elaborada, com arranjos sofisticados, instrumentos plugados e até orquestras.

A temática é basicamente o amor, geralmente declarações apaixonadas sem contudo deixar claro se a amada está ou não amando-o.

Existe um gênero intermediário, onde os instrumentos elétricos começam a aparecer, porém a temática é basicamente a dor de amor. A mulher que o abandonou, a mulher que o castiga, a mulher que espera de tudo, ainda é a amada dos seus sonhos.

Claro que não só, mas basicamente, músicas de conflitos amorosos, que talvez expliquem o rótulo injusto da música sertaneja como música de corno.

Este gênero não é raiz, mas também não é pop. É um meio termo: médio sertanejo.
Duplas desta "fase" da música sertaneja?

Vê se você conhece algumas: João Mineiro e Marciano, Matogrosso e Mathias, Felipe e Falcão, Gilberto e Gilmar, Milionário e José Rico, Duduca e Dalvan, Chitãozinho e Xororó (em início de carreira), e tantos outros.

Tá bom ou quer mais?

Eis que aparece um novo gênero, chamado "Sertanejo Universitário", que este blogueiro condena veementemente, por ser um rótulo comercial, que nada difere seus adeptos de demais duplas do pop sertanejo.

O que seria "Sertanejo Universitário"? Ninguém até hoje me deu explicações razoáveis.
Mas esta teoria fica para uma próxima ocasião.



Próximo Domingo: Tem mulher na música caipira.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Por que a nossa, se chama Lua? [Há 10 anos].

Há 10 anos, tínhamos "duas luas"no céu.

E eu, implicado com o nome da nossa lua.

Aliás, até hoje.


Por que a nossa, se chama Lua?

Presenciaremos um fenômeno não muito frequente: o de ver "duas" luas no céu.
Não se trata de um segundo satélite, será o Planeta Marte que estará em seu ponto mais próximo da Terra e por isso terá uma maior dimensão na nossa perspectiva.

Nada que permita ao planeta vermelho ficar do tamanho da Lua, evidente, mas trata-se de um fenômeno astrológico interessante.
Fenômeno que me leva a seguinte questão: Por que só a nossa Lua se chama Lua?

Explico...

Lua é na verdade um satélite da Terra, que assim como outros planetas, tem seu satélite próprio, mas ao contrário da maioria, temos apenas um; a Lua.

O próprio planeta Marte tem duas luas, Deimos e Fobus.

Júpter tem 4: Io, Europa, Ganímedes e Calisto.

Saturno: Tétis, Dione, Encélado, Titã, Hipérion,... só pra falar das mais conhecidas, já que são inúmeras.

Até Plutão, que nem mais planeta é tem uma lua com nome próprio, Caronte.

Enquanto nós, o Planeta Azul, nos limitamos a ter um Satélite chamado Lua, coisa mais sem originalidade.

Nada a ver esse texto né? tudo bem, nada a ver Marte ser lua por um dia.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Música Caipira - Brasil, um país de todos (todos caipiras). [Há 10 anos].

O 4ª capítulo da saga sobre a história da música sertaneja era publicado há exatos 10 anos.


Música Caipira - Brasil, um país de todos (todos caipiras).

Quando o então Presidente, Fernando Henrique Cardoso, disse que o Brasil era um "País Caipira", muita gente chiou.

Eu não.

Somos caipiras sim, muito mais que pensamos, e talvez de um modo diferente daquele a que o ex Presidente se referiu na ocasião.

Aliás, um antecessor do próprio FH, o JK, de tantas obras modernizantes necessárias ao país, recebeu em seu gabinete a dupla Alvarenga e Ranchinho, sucesso na época com músicas em tom de sátira com crítica política.

A empatia entre eles foi tamanha, que a dupla pouparia de suas músicas debochadas, o Presidente ao longo da carreira.

Mas antes mesmo de JK, outra personalidade "moderna" aderia ao caipira: Mário de Andrade.

Um dos papas do Modernismo Brasileiro, da 1ª Geração do movimento, que tanto atacou a "arte culta", era um profundo apreciador da cultura caipira, sendo inclusive autor de letras de músicas do gênero. Estudioso do folclore brasileiro, era quase inevitável que Mário derivasse para o gênero caipira.

Contemporâneo de Mário de Andrade, Villa Lobos, nosso maior compositor clássico, relembraria seus tempos de infância no interior do Estado de SP, compondo "Trenzinho Caipira", uma de suas peças mais conhecidas no mundo todo. Nascia aí um flerte maravilhoso entre o erudito e o caipira, que décadas mais tarde inspiraria o surgimento de "Orquestras de Viola Caipira" em várias cidades do país.

Na MPB, não foram raros os "poetas" que sucumbiram á força da música caipira.
Dentre os mais famosos - e talvez melhores -, Chico Buarque (sempre ele) e Mílton Nascimento (caipira de MG), uniram-se para compor "Cio da Terra", canção que mais tarde seria imortalizada no universo caipira pelas vozes terçadas de Pena Branca e Xavantinho.

Além, é claro de "Rancho Fundo", música sertaneja, composta por Ary Barroso e Lamartine Babo; dois dos mais legítimos representantes da MPB.

Mais recentemente, atendendo a um pedido de sua mãe, Dona Canô (a quem ninguém recusa um pedido), os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia regravaram "Tristeza do Jeca", clássico da música caipira e uma verdadeira elegia ao homem sertanejo.

Ainda não se acha caipira suficiente?

Então vejamos...

Nos últimos 10 anos, a Rede Globo de televisão produziu em torno de 13 programas (novelas, minisséries, ...) com temática rural ou com núcleos de personagens do campo. Entre elas, a regravação da novela "Paraíso", sucesso no começo dos anos 80, que veio neste ano para alavancar a audiência da emissora no horário das 18:00.

O poder de persuasão da cultura caipira é tanta, que simplesmente todos, repito, TODOS, os artistas do pop sertanejo, estes que surgem a todo ano erroneamente denominados "Sertanejo Universitário", regravaram músicas caipira, ainda que com nova roupagem.

Regravaram de tudo: Tião Carreiro e Pardinho, Trio Parada Dura, Chitãozinho e Xororó (na sua fase caipira), corroborando que a música caipira tem, ainda hoje em tempos de internet e Ipod, o mesmo poder de penetração na mídia e no gosto popular que nos anos de seu surgimento.

Só no Rock que ainda não consegui encontrar a influência da música caipira, a não ser num exemplo bem caseiro, porém não menos digno de nota por parte deste blogueiro estudioso da música sertaneja, que foi a nova roupagem que a banda ipuanense Tiu Peccus deu na música "Galopeira", quando da montagem da banda, há um ano e meio atrás.

Uma experiência interessante que, quem sabe, será seguida por outras bandas num futuro próximo, que a julgar pelo o que se vê, será bem próximo.


Próximo Domingo: Surge o "médio sertanejo" (?)

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Há 20 anos. [Há 10 anos].

Há 30 anos atrás, morria Raul Seixas.

Há 10, eu comentava o 20º ano de sua morte.

Toca Raul!!!!!!!!!!!!!!


Há 20 anos.


Há 20 anos, o país perdia seu último profeta: Raul Seixas.

O baiano que fundiu Rock ao Baião passou dessa pra outra, deixando uma discografia fantástica.

Poucos cantores no país conseguiram uma legião de fãs, fiéis mesmo após sua morte.
Este blog, relembra Raulzito por meio de um trecho da música dele que o blogueiro mais gosta: "Ouro de Tolo".

É profética e expressionista, vale a pena relembrar:

"Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador..."

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Ipuã em situação de risco.

Pelo menos é o que aponta o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) em análise feita em 644 municípios paulista, onde 86% destes, "559 administrações - se encontram em situação de comprometimento das gestões fiscal e orçamentária".

O TCESP analisa as contas de Prefeituras e Câmaras e, encontrando alguma irregularidade, envia alertas apontando o que está errado, devendo ser providenciado sua correção.

A plataforma usada para que a população acompanhe os alertas de seus municípios chama-se VISOR: Visão Social de Relatórios de Alerta. Uma plataforma gráfica que tem o objetivo de facilitar o entendimento desses alertas emitidos pelo TCESP e classificar as prefeituras de acordo com a quantidade e a diversidade de alertas recebidos.

Caso queira saber como está a situação de Ipuã em relação aos alertas da Tribunal de Contas, basta clicar aqui e pesquisar a cidade e o ano.

O Tribunal de Contas classifica as cidades pelas cores Verde - Amarelo - Laranja - Vermelho, sendo verde a classificação usada pelos municípios em melhor situação e vermelho, os em pior situação.

Desde 2008, quando essa classificação começou a ser usada, Ipuã esteve

Verde em 3 ocasiões: 2009, 2014, 2015.

Laranja em 4: 2008, 2012, 2013, 2018

Amarelo em 1: 2016.

E no vermelho em 4: 2010, 2011, 2017, 2019 (nos primeiro semestre).

Passados 8 meses de 2019, a situação de Ipuã está no "vermelho".

Curioso é que não sabemos de medidas feitas para melhorar a situação do município.

Aliás, com a Administração Municipal aumentando despesas com funcionários do ano passado pra cá, penso que não devem estar se importando muito.

Restam ainda mais de 4 meses para a Prefeitura tentar equacionar essa situação.

Torço para que consiga.


Atualizado às 17:30h.

Mais curioso ainda é que a plataforma Visor dá o número de alertas que foram feitos às Administrações ano a ano, e Ipuã desde 2008 ficou assim:

2008: 17 alertas (de 5 tipos diferentes).
2009: 7 alertas (de 3 tipos diferentes).
2010: 14 alertas (de 4 tipos diferentes).
2011: 12 alertas (de 5 tipos diferentes).
2012: 22 alertas (de 7 tipos diferentes).
2013: 11 alertas (de 4 tipos diferentes).
2014: 8 alertas (de 2 tipos diferentes).
2015: 8 alertas (de 2 tipos diferentes).
2016: 24 alertas (de 5 tipos diferentes).
2017: 19 alertas (de 3 tipos diferentes).
2018: 9 alertas (de 3 tipos diferentes).
2019: 8 alertas (de 3 tipos diferentes).

Fim da novela. [Há 10 anos].

Criticar o PT hoje é fácil, com o partido em popularidade baixa.

Eu já o fazia há 10 anos, quando o fisiologismo tomava conta do partido que um dia simpatizei e, à época, já estava às voltas em apoiar Sarney no bom e velho toma lá dá cá.

E em 2009 eu já elogiava Maria Silva, em quem votaria nas 3 eleições presidenciais seguintes. Apresentava Ciro Gomes como uma opção e criticava a polarização PTxPSDB e o piano Dilma, que seria eleita no ano seguinte.

Coerência é tudo!


Fim da novela.

Finalmente acabou a novela Sarney.

Com apoio da Bancada do PT no Senado, na Comissão de Ética (a mando do Presidente Lula), arquivaram-se todas as representações e denúncias feitas contra o Presidente do Senado José Sarney.

Nada justifica a iniciativa de políticos como Mercadante e Lula, pessoas que um dia voltei e hoje me arrependo profundamente, aliás, se soubesse que tais cidadãos um dia se uniriam a pessoas como Renan Calheiros, Collor, Sarney e família, e outros da mesma matilha, NUNCA teria depositado neles meu valioso voto.

E assim continuará o Senado: nas mãos de políticos desonestos que valem-se da apatia do eleitorado e da impunidade para perpetuar no poder.

Que nos sirva de lição, nas próximas eleições, quando Exmo Sr Presidente nos empurrará um piano chamado Dilma achando que vamos cair nessa conversa mais uma vez.

Boas surpresas tem aparecido no cenário político, Marina Silva será uma delas, para aqueles que queiram sair da mesmice PT x PSDB, pode valer a pena arriscar (?).

E sempre tem o Ciro Gomes, para a esquerda mais pragmática.

Verdade é que depois de roubar patrimônio público para montar sua Fundação, depois de privatizar o senado em benefício próprio e de ganhar apartamento de empreiteira, José Sarney continua mandar no país.

Para saber mais sobre a crise do Senado e a vergonha a que o PT está passando em seus eleitores, entre no site da rádio CBN, procure o link da jornalista da Lúcia Hippolito. Vale a pena ouvir seus comentários.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Música Caipira - Patriarcas*. [Há 10 anos].

O 3º capítulo da saga sobre música sertaneja ia ao ar há 10 anos atrás.

Curiosidade: Inezita Barroso não foi vizinha de Mário de Andrade, mas uma tia dela, que ela visitava e sempre se encontrava com o escritor Modernista.


Música Caipira - Patriarcas*.


Você certamente não conhecerá a marioria das pessoas citadas.

Porém do que você vai ler hoje, uma única coisa deve ficar: A Música Sertaneja só existe, graças a estes artistas e tantos outros como eles.

João Pacífico: Neto de escravos, filho de escrava alforriada, chegou a São Paulo no exato dia que explodia a Revolução de 24. Nem tiros esmoreceu a vontade deste jovem mulato de Cordeirópolis vencer na cidade grande.

Criador da chamada "Toada-Histórica", aquelas músicas que começam com alguns versos declamados, antecedendo a canção e a história a ser contada. Por exemplo, que não conhece os versos que abrem "Cabocla Tereza" ("Lá, no arto da montanha numa casa bem estranha toda feita de sapê...")? pois é, essa música é de sua autoria, em parceria com Raul Torres, com que ainda comporia "Chico Mulato".

Não cantava, apenas compunha, e a isso se credita o fato de não ter tido uma melhor estabilidade financeira. Seus intérpretes mais corriqueiros foram Raul Torres e Florêncio.

Raul Torres: Figura destoante do típico caipira, Raul era o típico "caipira chique": terno branco, chapéu panamá, lenço de seda no pescoço, anel de diamante... De infância pobre em Botucatu, muda-se para São Paulo onde foi carroceiro e mais tarde trabalha na Ferrovia Sorocabana até se aposentar (o que lhe garantiu uma boa estabilidade e patrimônio).

Cantou em circos e cabarés até chegar nas rádios da Capital (foi dos pioneiros na Rádio Record), e foi no rádio que ele divulgou com maestria a música caipira.

Fez dupla com Florêncio (violeiro que deixou de herança para Tião Carreiro, a Lendária Viola Vermelha).

Já conhecido no meio, cantava em Cassinos Cariocas, para o reconhecimento e admiração de artistas como Noel Rosa, Lamartine Babo, Francisco Alves e Sílvio Caldas (os patriarcas da MPB).

Autor de "Cabocla Tereza", "Colcha de retalhos", "Boiada Cuiabana", entre outras.

Cornélio Pires: Autor e produtor do 1° disco sertanejo raiz, pago do próprio bolso pois as gravadoras não viam como negócio lucrativo. Após o sucesso de sua primeira leva de discos, as gravadoras abrem espaço para a música caipira.

É portanto o desbravador da música sertaneja raiz. Embora tenha sido cantor e poeta (letrista), foi como produtor e "agitador" cultural que ele se destacou na música.

Tonico e Tinoco: "A Dupla Coração do Brasil" não ganhou esse epíteto à toa.

Trata-se do primeiro grande fenômeno musical sertanejo de massa do país. Esta dupla formada por 2 irmãos de origem pobre da região de São Miguel, foi pioneira em tudo: primeira dupla sertaneja a se apresentar na TV, primeira a gravar LP, a se apresentar no teatro Municipal de São Paulo e no Maracanazinho.

Suas mais de 1500 gravações, divididas em mais de 300 álbuns (78 rpm, LP, CD,...) contam a trajetória dos seus 50 anos de carreira.

Carreira que só seria desfeita pela morte em 1994 de Tonico, deixando Tinoco, ainda em atividade.

Entre tantas canções: "Chico Mineiro", "Moreninha Linda", "Pé de Ipê", "Minas Gerais",...

Inezita Barroso: Da classe média paulistana, na infância, foi vizinha de Mário de Andrade (de quem se tonaria amiga mais tarde), formada em Biblioteconomia na USP, representa a principal mulher no meio tão machista como a música sertaneja.

Apresentadora de programas na TV Cultura, ela assim como Rolando Boldrin, preserva o que a música caipira tem de melhor, travando um embate ideológico contra a mercantilização e os rumos musicias pelos quais caminham a moderna música sertaneja.

Muita gente boa ficou de fora, estes são apenas alguns dos principais nomes que construíram as bases da nossa música caipira. Numa próxima oportunidade, espero falar de gente como: Mário Zan (autor de Chalana), Cascatinha e Inhana (a delicada música sertaneja deste casal), Jararaca e Ratinho (Jararaca foi do bando de Lampião), Sulino e Marruero, Caçula e Mariano (Tio e Pai do Caçulinha, do Domingão do Faustão), entre tantos...

*Fonte: "Música Caipira" de José Hamilton Ribeiro e "Música Caipira - Da Roça ao Rodeio" de Rosa Nepomuceno.


Próximo Domingo: Somos mais caipiras que pensamos.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Sugestão cultural da semana. [Há 10 anos].

Há 10 anos o contraparente do Blogueiro expunha suas obras nas estações do metrô em São Paulo.

Segue o texto:

Sugestão cultural da semana.


Indo à Pauliceia desvairada, em meio à tanto corre-corre, sobretudo nas estações de metrô, onde as pessoas vão e vem num ritmo frenético; vale a pena dar uma paradinha para apreciar a boa arte.

Por enquanto na Estação Vila Madalena, e em breve em outras estações, encontra-se em exposição, algumas obras do artista plástico e publicitário Rodrigo Lima, intitulado Pop Art.
Vários sites divulgaram a exposição em seus cadernos de cultura. O abaixo publicado, foi tirado do Portal Terra, espero que não se importem.

Caso queiram conhecer melhor as obras de Rodrigo, digite "Rodrigo Lima Pop Art" no Google e busque bons sites e portais, seu trabalho está nos melhores sites do gênero.

Segue abaixo a reportagem publicada dia 31 último no caderno "Arteum" do portal Terra.

PS: É com grande satisfação que o blogueiro, pela primeira vez neste blog, anuncia como sugestão de arte, o trabalho de um membro da família.


terça-feira, 13 de agosto de 2019

Agora é oficial: Saiu meu 1º livro!

Quem diria que o Blogueiro um dia seria chamado de "autor".

A Editora Appris resolveu arriscar e publicar minha Dissertação de Mestrado.

Meu trabalho foi revisar e atualizar a pesquisa, de 2012, transformando-a em livro, publicado esse ano e sem data e local de lançamento.

O livro, porém, já se encontra a venda nas melhores livrarias do país.

Público alvo dessa obra são os colegas Professores, estudantes de Pedagogia e demais Licenciaturas, estudantes de Pós Graduação na área de Educação, além de interessados em Política Pública de Educação.

O tema principal, a Avaliação Educacional no Estado de São Paulo e a prática do Bônus, que há 10 anos é adotada em nosso Glorioso Estado.

As informações obtidas na pesquisa, bem como seus resultados você descobrirá lendo.

Que seja o 1º de muitos.

Segue abaixo a capa e contra capa. 



Lula S2 Sarney S2 Collor S2 Sarney. [Há 10 anos].

10 anos atrás, 1 dia depois de postar a coletânea de "gentilezas" trocadas entre Lulla, Sarney e Collor, eu postava uma coletânea de afagos entre eles, para mostrar que, no fundo, deveriam ser idênticos.


Lula S2 Sarney S2 Collor S2 Sarney.

“Eu não disse apenas a biografia. Eu disse que o Ministério Público, como uma instituição poderosa que é, tem que tomar cuidado de cumprir a lei ao pé da letra, porque, se ele ceder à pressão do Executivo, à pressão da imprensa e à pressão do Legislativo, muitas vezes as pessoas são condenadas antes de provar que não cometeram um crime”. (Lula, defendendo Sarney e sua permanência na Presidência do Senado).

"Presidente Lula da Silva apoia Collor de Mello para governo de Alagoas" (Manchete do Jornal 'Tribuna de Alagoas').

"Quero fazer Justiça ao senador Collor e ao senador Renan, que têm dado sustentação ao governo em seu trabalho no Senado" (Lula, sobre Collor e Renan, antigos desafetos, hoje membros da companherada).

"A Crise do Senado não é dele, mas do próprio Senado" (Lula, eximindo Sarney dos diversos crimes cometidos contra o erário do Senado).

“Eu não aceito, com a responsabilidade de ex-presidente da República, que se trate dessa forma um homem que governou o Brasil, que cumpriu a transição democrática com grandeza e com maestria e que hoje está sendo vitimado por acusações de toda natureza. Sei o que é isso porque eu por isso passei em muito maior escala, e sei como essas coisas funcionam. Sei como tudo isso é feito, como tudo isso é forjado” (Collor, defendendo Sarney).

“Estou do lado dele e do presidente José Sarney. Essa casa não deverá de se agachar àquilo que certa parte da mídia deseja. Ela não conseguira retirar o presidente Sarney dessa cadeira.” (Collor, agora na tropa de choque do homem a quem um dia chamou de ladrão).

“Sempre exaltei o projeto, e ele precisa continuar avançando. Desde Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek não tivemos um governo que assumisse uma postura de indutor do desenvolvimento.” (Collor, sobre Lula. Isso mesmo, Lula, aquele a quem um dia o ex Presidente acusou de tanta coisa).

"Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum." (Lula, 2009, no Cazaquistão, defendendo Sarney, que aos olhos do Presidente, em 20 anos mudou de "ladrão" à dono de uma biografia que não permite ser tratado como "pessoa comum").

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Lula x Sarney x Collor x Lula. [Há 10 anos].

Há 10 anos eu postava uma coletânea de gentilezas trocadas entre Lulla, Sarney e Collor.

Confira o que um já falou do outro no passado.


Lula x Sarney x Collor x Lula.

"Espero que ele vote corretamente, depois de tantos males que já fez pelo nosso Brasil" (Lula, 1989, respondendo a Collor sobre como se sentia, tendo o então Presidente Sarney como seu eleitor).

"Isso pra mim tem um nome, cambalacho. E quem faz cambalacho é cambalacheiro. Eu não entendo essas questões das alianças, não entendo esse apoios (...) não tem competência, não tem experiência para Governar, e isso é verdade nunca foi Prefeito nunca foi Governador, não sabe a diferença entre uma fatura e uma duplicata" (Collor, 1989, sobre Lula e o fato dele não renegar publicamente, apoios como os de Sarney).

"O que ele não diz é quem é que tá financiando os 12 jatinhos que trouxe ele pra São Paulo hoje (...) O famoso Caçador de Marajás, não passa de um caçador de Maracujá" (Lula sobre Collor).

"Este homem engravidou uma namorada e lhe deu dinheiro para que fizesse o aborto" (Collor no último debate eleitoral em 89, depois de dizer que o aparelho de som do Lula era melhor que o seu, encerrou o "debate" com essa acusação).

"Gostaria de tratar o Sr José Sarney com elegância e respeito, mas não posso, porque estou falando com um irresponsável, um omisso, um desastrado, um fraco (...) O Sr sempre foi um político de segunda classe, nunca teve uma atitude de coragem" (Collor, 1989, falando sobre o Presidente Sarney).

"O Brasil é testemunha da brutalidade, da violência, do desatino, com que fui agredido por um candidato profundamente transtornado"  (Sarney, 1989, rebatendo as críticas de Collor).

"Sou vítima da violência, do vandalismo verbal, do terrorismo verbal. O que não faria no poder quem não respeita como simples candidato à Presidência" (Sarney, 1989, respondendo ataques de Collor, questionando sua capacidade de ser Presidente e antevendo o futuro).

"Nós sabemos que antigamente se dizia que o Ademar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem: Ademar e Maluf poderiam ser ladrões, mas eles são trombadinhas perto do perto do grande ladrão que é o governante da Nova República" (Lula, 1987, chamando Sarney de ladrão).

domingo, 11 de agosto de 2019

O que herdei de meu pai.

À exemplo do que o Blogueiro fez no Dia das Mães (aqui), segue algumas considerações sobre o que eu herdei de meu pai, nos poucos mais de 12 anos de convivência.

Herdei (ou pelo menos penso que) de meu Pai:

* O nome, acrescido de Jr.

* A paixão pelo Corinthians.

* A racionalidade de pensamento.

* O gosto pela leitura.

* O gosto pela política.

* A sinceridade.

* O bom humor.

* O respeito às religiões em harmonia às dúvidas pessoais.

* A "esperar a tarde para dizer se o dia é belo".

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Erramos.

Saiu publicado dia 7 desse mês um artigo escrito em 2016 e não postado.

Por algum erro ainda não detectado acabou sendo publicado.

Ainda que corrobore com a opinião do Blogueiro, não faz sentido um texto de 2016 ser publicado agora, quando o contexto é outro.

Por esse motivo, após identificado o equívoco, o texto foi apagado.

O Blog pede desculpas pelo inconveniente.

Música Sertaneja - Definindo. [Há 10 anos].

Há 10 anos, postava o 2º Capítulo dos meus estudos sobre a música sertaneja.

Em Tempo: Não citei o Estado de Tocantins porque à época ainda não havia estourado duplas como Maiara e Maraísa e Henrique e Juliano, egressos daquele estado.


Música Sertaneja - Definindo


Afinal o que é Música Sertaneja?

Responderia de bate e pronto: Toda e qualquer música feita por um sertanejo.

E o que é sertanejo?

R: Aquele que mora no sertão.

Onde fica o sertão?
R: ...

Esta dialética, digna do Filósofo Sócrates, serve para ilustrar o quanto uma denominação pode ser equivocada.

Houve um tempo em que o país se dividia em litoral e sertão.

Nas áreas banhadas pelo mar, e proximidades (algo em torno de 100 Km interior adentro) era tudo chamado de litoral.

Aos demais territórios, aqueles que adentravam neste, nesta época, inexplorado país, chamavam sertão.

Assim sento, 90% do país era sertão.

E este sertão foi desbravado após os séculos que se seguiam, e a denominação sertão, ficando cada vez mais "empurrada" às áreas do Nordeste, sobretudo àquelas distantes dos grandes centros urbanos (e litorâneos) e castigadas pela seca.

Sertões paulistas (regiões de Sorocaba, Bauru, Araçatuba, Ribeirão Preto,...), mineiro (o sul de minas, não o norte, ainda hoje chamado de sertão, sobretudo graças à Guimarães Rosa), o sertão de Goiás (Chico Mineiro, lembram? "Foi lá no sertão de Goiás"), enfim, todos estes "sertões", embora não sendo assim chamados há muito tempo, foram os responsáveis pela denominação da música feita por homens do campo, com temática específica e uso da viola como instrumento, de Música Sertaneja.

Assim sendo, música sertaneja é antes de tudo geográfica: Estados de SP, MG, GO, e MS. Além de interior do RJ (o Rio de Janeiro rural, hoje praticamente sem expressão no cenário musical sertanejo) e Norte do Paraná.

Apenas em tais regiões um artista pode se dizer sertanejo. Ou você imagina uma dupla sertaneja vinda do Acre? Assim como ficaria estranho um cearense virar cantor de funk.

Mas não seria sertaneja a música produzida no Nordeste do país ou no extremo sul, no interior gaúcho?

R: Em tese sim.

Por isso prefiro chamar a música sertaneja de música caipira, pois caipira é um termo exclusivo daqueles Estados e Regiões a que me referi anteriormente. Ou alguém arriscaria chamar um Catarinense de caipira?

Mas e a cidade de São Paulo, a mais cosmopolita do país?

Exatamente por receber gente de todo o país, foi lá onde o sertanejo se consolidou como gênero musical.

Os migrantes de todas as regiões acima descritas, viviam em São Paulo com saudade de suas origens, e portanto, ouviam as músicas produzidas por seus "conterrâneos".

São Paulo, sede das primeiras gravadoras de disco do país e das primeiras rádios, vai produzir os primeiros artistas sertanejos e consumir sua produção.

Só depois este gênero vai chegar, aos poucos, no interior do país.


Próximo domingo:
Os patriarcas da música caipira.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Conforme prometido: [Há 10 anos].

O Blogueiro já foi jogador de Futebol.

Era um misto de Rivelino com Zidane.

Mas há quem não acredita.

10 anos atrás eu provava, com foto e tudo, depois de enrolar uma semana os leitores que já não aguentavam mais.


Conforme prometido:

Vasculhando os "baús" do HD, topei com um antigo projeto parado: O livro sobre meu olhar sobre os anos 80 em Ipuã.

Coincidentemente, mas mesma semana que recebo um presente: Uma foto do time do Esperança FC, comigo na escalação, antes de um jogo amistoso contra o time de Nuporanga.

Não tenho nenhuma outra foto daquela época em que eu apareço como jogador, daí se concluí o porque, linhas atrás, tratei a foto como um "presente".

Numa memória já não tão rápida como a de anos atrás, recebi a foto e automaticamente recordei daquele dia, cada instante começou a passar pela minha cabeça como um filme:
A compra de um Ki-chute especialmente para este jogo, a ida à Nuporanga (como na época não tinha a praticidade que hoje tem, de ser transportado pelos confortáveis ônibus da Prefeitura, íamos em carros dos pais de jogadores que se dispunham a fazer o favor de transportar o time, geralmente apertados devido à oferta de veículos serem insuficientes para demanda de craques).

Recordo da chegada a Nuporanga, do jogo em si (entrei como titular, dei passe pra gol e joguei 1 tempo e meio), dos jogos das outras categorias (meu primo Marcel perdendo um pênalti), etc... confesso que só não me recordava muito bem da escalação, não lembrava que muitos daqueles tinha jogado comigo. Mas é para isso que servem as fotos.

E para àqueles que não acreditam que fui jogador (era ponta direita, na época que ainda existiam pontas no futebol), segue em anexo a foto.


sábado, 3 de agosto de 2019

Uma medida interessante. [Há 10 anos].

10 anos atrás, o Bloogueiro comentava um Projeto no âmbito da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que ele achou interessante.

À época, eu concordava com testes usados com intuito de promover aumentos salariais, prática que 1 ano mais tarde, já no Mestrado em Educação: Currículo, estudando Avaliação de Políticas Públicas, pude entender o quão absurda é essa ideia.

Da opinião de 10 anos atrás, mantenho firme apenas a medida contra o absenteísmo, mas avaliar eficiência por meio de prova, já deixei de defender há muito tempo.

Posto esse texto para mostrar como opiniões mudam em razão de uma boa bagagem teórica. E porque não tenho vergonha do que já escrevi e hoje penso diferente, afinal como dizia uma colega diretora: "Só não muda de opinião quem não a tem".

E como bem me ensinava Cortella, "ser flexível é diferente de ser volúvel".


Uma medida interessante.


Você imagina um professor da rede pública do Estado de SP recebendo algo em torno de R$ 7.000,00 mensais?

Pois é exatamente isso que propõe um Projeto de Lei enviado à Assembleia Legislativa pelo Secretário Paulo Renato.

Mas esse "aumento" não é automático.

Ele seria dado gradativamente à medida que o Professor fosse avaliado em testes frequentes realizados pela Secretaria, e sendo aprovado, iria mudando de faixa salarial.

E não é só isso, para ter direito a tal vencimento, o Professor não poderia ficar menos que 3 anos numa mesma escola e tampouco ter faltas além de um número estipulado pela lei (que, acredito, será das 6 abonadas a que já têm direito).

Acho excelente ideia, remunerar bem os professores exigindo como contrapartida eficiência e assiduidade, pois como diversas vezes já defendi aqui neste espaço, o absenteísmo e a falta de avaliação de desempenho, é um dos fatores para os péssimos índices que a educação no nosso país obtém, quando avaliada por órgãos internacionais.

Evidentemente a Lei não obrigará todos os professores de participarem desta avaliação. Os que quiserem continuar à mercê dos reajustes legais (quinquênio, sexta parte e reajustes salariais por decreto do Governador), poderão ficar; só não poderão reclamar no futuro que ganham mal, pois abriram mão de ganhar melhor, certamente por não querer da duas "simples" contrapartidas: melhorar seus conhecimentos para ser bem avaliado e não faltar das aulas livremente.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Música Sertaneja - Origens. [Há 10 anos].

10 anos atrás eu começava uma mini série no Blog falando sobre Música Sertaneja.

Um tema que tenho grande interesse  e até tentei fazer mestrado em História para estudá-lo, mas a estrada da "Educação" se abriu para mim e resolvi percorrê-la e nela estou até hoje.

Quem sabe num futuro próximo não o faça por hobby?

Segue o 1º Capítulo:


Música Sertaneja - Origens.

Falar da origem da Música Sertaneja, é antes de tudo, confundir-se com as origens do povo brasileiro.

Somos fruto da miscigenação das raças branca (Europeia), indígena (Nativa) e Negra (Africana), e não coincidentemente, a música sertaneja tem elementos destas 3 culturas.
O Europeu que aqui aportou, trouxe consigo as músicas do seu continente.

Sobretudo o Português, que se pouco contribuiu com ritmos para o surgimento do sertanejo, contribuiria com a temática: Saudade. A saudade de sua terra natal e o sentimentalismo, além da exaltação das coisas da terra (ufanismo) - características tão próprias do povo português - marcaria de sobremaneira a nascente música sertaneja.

Além disso, a tradição europeia de usar a música como fonte histórica, a chamada oralidade que desde os tempos trovadorescos, auxilia na perpetuação da memória histórica nas sociedades menos letradas (como a europeia do séc XIV e a brasileira até meados do século XX).

Do indígena, herdamos as danças de roda e danças onde batidas de palmas e de pés faziam parte da coreografia . Da fusão do vira português, com o bater de pés e palmas dos índios, nasceria mais tarde o catira, e todas as suas variáveis: recortado paulista, rasqueado, pagode...

E finalmente, o negro africano, que além de também contribuir com a temática da saudade (o "banzo" do sertanejo que abandona a terra em direção à cidade grande), contribuiu também com o nosso folclore: congadas e outras manifestações religiosas criadas em função do sincretismo religioso promovido pelo afluxo de escravos no país, serão um dos principais berçários da música sertaneja.

E o que folclore tem a ver com música sertaneja?

Na verdade, folclore está no DNA da música sertaneja; é através dele que este estilo nasce, cresce e se propaga pelo país.

Catira, Lundu, Cateretê, Congada, Corta Jeca, Arrasta Pé, ... e tantos outros ritmos que, unidos, compuseram a nossa música sertanea são, antes de tudo, manifestações da cultura popular. Muitos deles criados aqui, outros desenvolvidos a partir de matrizes já citadas (europeia, africana e indígena).

Assim surgiu um embrião chamado música sertaneja, que nos anos seguintes cresceria e se transformaria completamente.

Mas isso é assunto para outra ocasião.

No próximo domingo:
- A Geografia da Música Sertaneja (Sertanejo x Caipira).
- Consolidação do gênero musical.
- São Paulo: Produz e consome.