quarta-feira, 29 de maio de 2019

Atendendo a pedidos. [Há 10 anos].

Um colega corintiano, Luís Gaspar, já falecido, me solicitou à época que eu publicasse o texto abaixo.

O texto havia sido postado a 1ª vez quando eu tinha um site (não o Blog), no começo dos anos 2000, que eu usava para divulgar minha atuação legislativa, dar notícias, e, eventualmente, postar crônicas.

O Luís havia participado da viagem que deu origem à crônica e imprimiu o texto à época do site para mostrar a amigos e conhecidos. Entretanto ele perdera o papel e pediu que eu publicasse novamente pois naquela época eu já havia feito o Blog, e então ele poderia novamente imprimir para guardar e mostrar.

E assim eu fiz.

OBS1: Este texto seria publicado novamente, já no novo domínio do Blog, em razão do falecimento do Luiz Gaspar.

OBS2: Outro título nada a ver com o texto.

OBS3: Nunca cumprimos a promessa final. Nem vamos...
 

Atendendo a pedidos.


Vocês podem não saber, mas eu já tive site.

O endereço era www.orandesrocha.com; um site que além de dados biográficos, notícias diversas e minha atuação como Vereador, tinha uma sessão chamada "Diário de Bordo", onde eu narrava histórias de viagens que fiz.

Uma destas histórias, foi a viagem que fizemos em 5 amigos para Vianópolis-GO no ano de 2002.

E bastou reunir 3 destes 5 malucos, no último sábado, para relembrarmos da viagem e do texto e é claro, decidir que deveríamos republicá-lo.

Portanto, aqui vai (mais para deleite do blogueiro que de vocês) a publicação original que saiu no site há quase 7 anos.


VIANÓPOLIS - GO, NOVEMBRO DE 2002.
"Raio X de uma viagem".

Data da saída: 14 de novembro de 2002.

Retorno: 17 de novembro de 2002.

Integrantes: Jean, Reginaldo, André, Orandes e Luís (os nomes foram trocados para preservar a identidade dos envolvidos e protegê-los de eventuais transtornos decorrentes dos fatos narrados).

Horário de saída: 16:00hs (por culpa do Reginaldo que não podia sair do banco antes deste horário).

Coincidência: 5 Corinthianos.

Fora: "Tô esquecendo alguma coisa" (André).

Distância: 530 Km e uma caixa de cerveja.

Músicas: Todos os tipos; sertanejo, rock, mpb. 

CD’s: “Sertanejo e cerveja”, “MPB e cerveja”, “Som do Churrasco”, “Som do Boteco”,...

Melhor piada: “Então é fera comendo fera, tchê!!!”

“Quanto falta para chegar?”: “Depois da balsa, mais uns 256 km.”, “Catalão é a metade do caminho”.

Posto JK: Parada obrigatória, na ida e na volta.

Melhor tirada: - “Até aqui eu conheço”
- “Uai, não quis chegar até Pires do Rio? Chegou até aqui e voltou?”

Pires do Rio: 1º pouso da viagem, com direito à janta caprichada na fazenda de uma pessoa X. 3 colchões, um sofá e um saco de dormir. 1ª visita a um bar na viagem, para um brinde (foi o 1º de uma série de 32 bares mapeados pelo Luís e cadastrados pelo André, que pretendem fazer um guia chamado: “Goiás em 100 bares” e será lançado pela editora Rocha Press).

Sorte grande: O carro quebrar em frente ao Faria (outro nome fictício).

Explicação para tudo: “Fatalidade”!

Criancisse: Vídeo Game do Luquinha (Reginaldo é um viciado naquilo, mas ganhei pelo menos uma dele).

Visitas: aos raros ipuanenses que moram em Vianópolis.

Bar nota 10: O bar “Aki Ki nóis lancha”, da Dona Maria (embora o Luís tenha “passado a perna nela”).

Churrasco: Na casa do Renato.

Quem dirigia o carro?: Revezávamos durante o dia e o Jean dirigia sozinho à noite. Por que será?

Sábado: Almoço no Chicão.

O melhor bar da cidade: Pizzaria Escalibur: 18 chopp + 3 pizzas + 3refrigerantes pet = R$ 32,00.

Frase mais repetida: “Uma cerveja e 4 copos”.

Frase mais repetida: “No Brasil não é assim”.

Objetivo da viagem: Maranhão.

Onde fica o Maranhão: - “Maranhão é Piauí né?”.
- “Não meu! Maranhão é Maranhão! É estado”.

Sorte pequena: Bolão da supersena (a cartela que acertamos mais, acertamos 2 números).

Milionários por algumas horas: Por alguns instantes, acreditamos realmente que havíamos ganho o prêmio, então, planejamos uma viagem de 1 ano entre nós 5 ao redor do mundo. No bar da Dona Maria eu disse:
- “Dona Maria, traga mais uma; que é a última cerveja que eu bebo como pobre”.

Silvânia: Boate tocada com som de automóveis, desorganização na entrada, deserção de alguns companheiros.(Não enxerguei o rosto de ninguém naquela boate, de tão ruim que era a iluminação, ou não!).

Regresso: Domingo de manhã.

Almoço: Frango xavecado no Bar do Joel (“Conhecido” do Luís).

Ninguém acredita: “O Reginaldo estava atrapalhando a minha visão, tampando o pilar do Posto na hora que eu bati o carro”.

Motivo de alegria comum: Ouvir o jogo do Palmeiras (aquele em que ele foi rebaixado para a segundona) pelo rádio e assistir ao finalzinho pela TV (ah ah ah ah ah.)

A promessa: Outra viagem desta, com os mesmos companheiros e outros mais para algum outro lugar, talvez uma praia.

sábado, 25 de maio de 2019

Estatuto do Espectador: por que não? [Há 10 anos].

Se algum Vereador, Secretário ou mesmo o Prefeito tiver interesse, pode adotar a ideia que tive há 10 anos atrás e que, se um dia tiver oportunidade, espero eu mesmo sugerí-la.

O Estatuto do Espectador, garantindo o direito à dignidade ao público ipuanense.

OBS: No texto original  "Espectador" saiu com "x", "Expectador". Não só no título mas em todas as vezes que foi citado no texto.

Que é uma palavra que até existe, significa "aquele que está na expectativa".

Ou ninguém percebeu minha jumentice há 10 anos, ou acharam que eu me referia à pessoas na ansiosas por assistir a eventos na cidade.

Achei melhor não arriscar agora e corrigir.


Estatuto do Espectador: por que não?

O incidente lamentável ocorrido no Rodeio de Jaguariúna me fez refletir sobre nossa própria casa. Assim como aquela tragédia ocorrida num rodeio em Mato Grosso, no ano de 2005, quando parte da arquibancada desabou, vitimando dezenas de pessoas.

A imagem chocante naquela época, associada a proximidade da Expuã, me fez pensar: E se fosse aqui?

E é justamente este pensamento que motiva organizadores de eventos a se cercar de precauções e assim impedir, ou ao menos diminuir as chances de catástrofes similares.

Lógico que incidentes acontecem, mas ao cercar-se de cuidados, o evento fica sujeito apenas à fatalidade, e não fazê-los, sabendo de riscos similares e mesmo assim “arriscando”, tais incidentes deixam de ser imprevistos e se transformam em negligência.

A organização do Rodeio de Jaguariúna certamente não esperava tamanho tumulto, pois sendo uma das mais importantes festas do gênero do país, com toda certeza teriam tomado as devidas medidas previamente. Ao que me parece, foi mesmo uma lamentável fatalidade.

Mas tudo isso foi pra dizer que seja em casos graves como os citados, ou outros incidentes que possam estragar o evento, fazendo do dia do espectador, previsto para ser de agradável lazer, transformar-se em um dia a ser esquecido.

O artista que “deu os canos”, o organizador que vendeu mais ingressos que a capacidade do recinto, mudanças de assentos ou mesas sem a prévia comunicação e concordância do espectador, enfim, problemas que sempre aparecem e que podem estragar a sua noite. O que fazer nestes casos? A quem socorrer?

Quando há fatalidade pode-se acionar o Ministério Público em ação criminal e em outros casos, procurar o mesmo órgão para ações cíveis? (Me ajude, advogados que visitam este blog).

Por isso acho que o que deveria ser feito, é um estatuto nos moldes do Estatuto do Torcedor, alguma lei que garanta aos espectadores dos mais diversos gêneros (de teatro a rodeios, passando por bailes, cinema, etc...), o mínimo de direitos.

E já que em esfera nacional seria uma discussão distante para nós, por que não fazer um Estatuto Municipal do Espectador?

Um documento elaborado em parceria com os organizadores de eventos, as 3 esferas de poder (Prefeitura, Câmara e MP) e as Polícias Civil e Militar, além da sociedade em geral, que é na verdade quem prestigia tais eventos.

Neste documento, prever a obrigatoriedade de normas de segurança (extintores em dia, saídas de emergência, venda de ingressos de acordo com a capacidade do recinto, etc...), garantir a presença de especialista em primeiros socorros no local, e outras coisas do gênero. Ideias a serem discutidas entre todos e analisado a viabilidade, torná-las obrigatórias.

Não só no caso de incidentes com vítimas, mas também garantir direitos “menores” como a não mudança de sua mesa num baile, o reembolso em caso de não apresentação do artista, enfim, dar ao cidadão uma maior certeza de que sua noite (ou dia), previsto pra ser de alegria, não acabe se transformando em dor de cabeça.

Em suma, está aí uma ideia que gostaria de um dia ver discutida e realizada.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Sobre a Santa Casa de Ipuã.

Confesso não conhecer os meandros que levaram a Santa Casa de Misericórdia de Ipuã a chegar ao ponto de problemas financeiros que a aflige atualmente.

Porém, pelo meu conhecimento dos meandros da política Ipuanense, esse sim um pouco mais aprofundado, posso apontar uma causa para a crise que a entidade atravessa: a relação promíscua com a Administração Municipal.

O que presencio na Santa Casa de Ipuã é a sua utilização como terceirização de serviços da Prefeitura municipal.

Eu explico.

Pela legislação brasileira, uma Administração Municipal não pode gastar mais que 54% do seu orçamento, e também garante que concurso público seja a forma de ingresso no serviço público.

Ao contratar os profissionais que a Administração Municipal necessita, e também aqueles que ela deseja que sejam contratados, a Santa Casa resolve dois problemas da Administração: evita gastos com folha de pagamento e permite que sejam contratados, sem a necessidade de concurso, pessoas que lhe interessam trabalhar na saúde, seja lá escolhidas por quem e porque.

E a troco de que?

A troco de repasse da Prefeitura à entidade. E que fique bem claro, uma entidade beneficente da cidade que presta importante serviço na área da saúde há décadas.

A questão que discuto é: o valor repassado é maior, igual ou menor que o valor gasto pela Santa Casa para bancar o papel de terceirizadora e contratar quem a Administração Municipal lhe manda contratar?

Se for maior, bem faz a Santa casa ao obter com isso um lucro.

Se for igual, tá bancando o papel de boba na história.

Se for menor, tem de tirar dos próprios cofres para bancar essa relação, repito, promíscua, e não pode reclamar de estar no vermelho.

É ilegal? de forma alguma.

É imoral? Podemos discutir.

Porém entendo que a Santa Casa deveria ser independente se quisesse contar com o respeito dos seus usuários, que aliás têm reclamado que não veem vantagem em pagar o convênio, pois o tratamento é o mesmo que o do SUS, inclusive com o mesmo médico atendendo aos dois.

Lembrando que Santa Casa é uma entidade de direito privado, que para ter status de filantrópica, deve ter 60% de atendimento gratuito (SUS) e para isso, firma com a Prefeitura Municipal Ipuanense uma parceria há décadas, que na maioria das vezes foi benéfica para ambos e assim deveria continuar sendo.

Essa relação com o poder municipal sempre aconteceu, porém enquanto a entidade era bem administrada e com as contas em dia, ninguém questionava.

Agora começam a aparece casos de atrasos aqui e ali, inclusive salariais. Começam a aparecer casos de falta de médicos e foi alvo de matéria jornalística regional em situação que ainda carece de explicações.

Se ainda assim, a Diretoria da entidade se mantiver sem tomar atitude e permitir o esfacelamento de um patrimônio construído também com a ajuda do povo ipuanense, então que se troque Provedor e os Diretores (chamados de Irmandade, parece coisa de novela das 9).

Mas que se troque por pessoas que promovam uma Santa Casa que continue parceira da Prefeitura, porém que seja INDEPENDENTE.

Porque enquanto a Santa Casa de Ipuã se prestar ao papel de ser um "puxadinho" da Administração Municipal, para que esta escape dos rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal, não vai conseguir o respeito do povo ipuanense e em especial daqueles que necessitam de seus serviços, nem progredir enquanto entidade filantrópica em nosso município.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Expuã 2009 (III). [Há 10 anos].

No último episódio da divagação sobre a política pública de festas em Ipuã, eu apresentava uma saída (meio arriscada é verdade) para a crise que eu anunciava que a Expuã/Feira da Bondade/Rodeio vivia há 10 anos.

A Administração da época não me ouviu minha sugestão. A atual muito menos. Quem sabe a próxima ouça.

Ou quem sabe terá de ser eu a, um dia, adotar as sugestões que abaixo seguem.


Expuã 2009 (III).

Desde que percebi a contradição entre a Expuã e a Feira da Bondade, nos tempos de vereador e mais clarividente na única vez em que quis colaborar com a sua organização, em 2005, comecei a considerar a hipótese de que um dia, o problema viria a tona, e obviamente, mais que ficar divagando sobre causas e efeitos, eu deveria pensar também numa possível alternativa.

Criticar é fácil, propor alguma coisa requer um pouco mais de coragem.

Sempre falei sobre o assunto reservadamente, até porque quando fazia parte da Administração Municipal, eu evitava, pois existia o risco de que minhas teorias e ideias fossem tomadas não como opiniões próprias, mas como indícios de que o Governo Municipal sinalizaria no mesmo sentido.

O que não seria verdade, estas são ideias muito particulares acerca de uma questão polêmica, mas em política tudo pode virar fato e prejudicar a sequência de um trabalho, e eu não queria isso.

Minha alternativa para a questão é uma só: Separar as festas.

Teríamos então não uma, mas duas datas festivas em nossa cidade.

Uma, seria a Feira da Bondade, com a Prefeitura organizando como sempre fez, montando as barraquinhas e cedendo-as gratuitamente às entidades do Município para que estas pudessem arrecadar fundos complementares; atrações modestas misturadas a artistas locais e abrindo a possibilidade para fazer um evento mais cultural (tipo estas semanas culturais que muitas cidades fazem), com gincanas escolares (provas esportivas, culturais e de arrecadação de alimentos, produtos de limpeza e agasalhos), exposições artísticas, atrações teatrais, etc... e não apenas eventos noturnos, mas ao longo do dia e para todas as “tribos”.

Talvez em Julho, no período de férias escolares.

Outra, seria a Expuã, na data atual, uma festa com a finalidade de ser o mais auto-sustentável possível (ou com o menor prejuízo que pudesse), que sem a preocupação beneficente, poderia alugar barracas e mais stands no seu interior; contaria com  artistas do primeiro escalão da música brasileira e, consequentemente, ingressos um pouco mais caros, enfim, uma festa comercial. Encampando também o Rodeio, evidentemente.

Na minha opinião, é impossível coexistir dentro de uma mesma festa: assistencialismo + shows grandiosos + ingressos acessíveis + Prefeitura sem prejuízo financeiro na sua realização.

Essa matemática é impossível de ser equacionada num mesmo evento.

Não se trata de ser a solução do problema, nem tenho tal pretensão, apenas quis refletir sobre o assunto, coisa que nunca fora feita antes em público, ao menos não tenho notícia de que algum outro veículo de mídia tenha feito; reflexão que em momentos de indefinição sempre vêm a tona, pois em tempos de fartura nunca se pensa a longo prazo.

E esta é uma ferida que ninguém nunca teve coragem de cutucar, até agora.
Mas, é claro que tudo isso pode ser apenas divagações deste blogueiro.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Expuã 2009 (II). [Há 10 anos].

10 anos atrás eu continuava discorrendo sobre a política pública Ipuanense para festas e eventos.

Nesse 2º capítulo, o grande divisor de águas da festa que a partir de 2002 entrava em uma nova fase.

Pena que o modelo adotado e seguido desde então contribuiu, no meu entendimento, para o agravamento da autossuficiência da festa, a ponto de praticamente anunciar sua morte.

O que parece que a atual Administração confirmou minha teoria.


Expuã 2009 (II).

O ano foi 2002.

Para mim, o ano que sentenciaram de morte a Feira da Bondade.

Explico:

Uma coisa é a Feira da Bondade, festa realizada com objetivo de ajudar às entidades assistenciais do Município, que nos dias de festa montam suas barraquinhas e vendem produtos diversos para complementar suas rendas anuais.

Outra coisa é a Expuã, que com seus shows magníficos de artistas de renome nacional, atrai público de cidades vizinhas, o que é bom pois divulga o nome da cidade, porém às custas de ingressos mais caros, o que é ruim para as entidades pois diminui o poder de compra do público.

O tempo trataria de mostrar que tais festas são incompatíveis.

Não dá pra ser beneficente trazendo prejuízo aos cofres municipais.

Enquanto rodeios em cidades vizinhas já deram mais de R$ 100.000,00 de lucro aos organizadores, a Expuã traz ao erário municipal um prejuízo de mais de R$ 300.000,00. Prejuízo financeiro, fique bem claro, pois há as benesses: renda para as entidades, lazer para a população etc...

E por que deste prejuízo?

Porque nas cidades vizinhas nem sempre é a Prefeitura quem organiza, e quando é, ela usa a mais importante fonte de arrecadação de um evento anual: o aluguel de barraquinhas dentro do recinto. O que é proibido aqui, por ser monopólio das entidades.

Que fique bem claro que sou contra tal monopólio, só acho que ele não convive com o padrão de festa impresso desde 2002 e que desde então, ou se mantém o mesmo "glamour", ou corre-se o risco de ser ridicularizado pela população.

E é claro, devido aos grandes patrocínios, de grandes empresas que algumas cidades contam com a felicidade de tê-las em seu território.

A Expuã vive hoje uma crise de identidade sem precedentes, ela quer continuar beneficente, pois o trabalho das entidades da cidade é sofrido e necessita desta importante arrecadação para poder continuar desenvolvendo-o com a competência habitual, porém na outra ponta, existe um público exigente que anseia por grandes artistas e uma Festa em padrões que a economia da cidade e o poder de compra do Ipuanense, nem sempre suportam.

E no meio disso tudo, uma Prefeitura sem dinheiro, que vê na cobrança de ingressos a principal fonte de arrecadação para minorar o rombo que uma festa desta promove nos cofres públicos; mas não pode cobrar muito caro pois há a questão social de promover lazer à população; a questão assistencial, de dar mais acesso aos cidadãos para consumir dentro da festa; e a questão política, evidentemente.

A Prefeitura não conta com patrocínios grandiosos devido a ausência de grandes empresas na cidade, apega-se então aos pequenos e médios patrocínios do comércio local, que embora seja de grande ajuda, nem de longe pagam as despesas dos shows grandiosos a que assistimos.

A crise econômica mundial, principal responsável na queda de arrecadação e na consequente possível não realização da Expuã (segundo seus organizadores), não é, para mim, a causa principal; ela é na verdade um indício de que estamos há anos insistindo num modelo falido de promover eventos no Município, indício de que ou se preocupa com a auto-sustentabilidade da Expuã, por meio de ações eficazes e não apenas paliativos, ou ficaremos sempre a mercê do “humor da fazenda municipal” a cada edição do evento.

Trata-se de um modelo errôneo de gestão de eventos, iniciado exatamente quando optou-se por fazer da Expuã/Feira da Bondade, um evento grandioso, cheio de pompa, coexistindo com a ação beneficente que tradicionalmente e originalmente, marca a festa. Um modelo, repito, falido, criado com o claro intuito eleitoreiro e que agora, por razões igualmente políticas, não se consegue mudar.

Uma possível alternativa para a esquizofrenia a que a Expuã-Feira da Bondade, a meu ver existe apenas uma. E vou falar sobre ela na 3ª, e última, parte destas minhas considerações acerca da principal festa Ipuanense.

domingo, 19 de maio de 2019

Expuã 2009 (I). [Há 10 anos].

Há 10 anos eu começava uma série de artigos (3 ao todo) teorizando sobre a Feira da Bondade/Expuã/Rodeio. Um resgate da história da política pública de festas e eventos em nossa cidade.

Falava-se à época sobre a possibilidade da não realização das Festas naquele ano. O que, ao contrário de agora, não aconteceu.

Eu discorria sobre o histórico da gestão da Festa, desde seu surgimento em 1990 até 2001.

OBS: O título não teve nada a ver com os textos.



Expuã 2009 (I).

Fazer ou não fazer, eis a questão.

Fontes dão como certa que a discussão sobre uma possível não realização da festa, tem sido grande dentro da Prefeitura.

Uma possível saída, seria a realização de uma festa bem modesta para que a data não passasse em branco, tese que ganha cada vez mais força à medida que aumenta o medo de não haver Expuã devido à queda de arrecadação nos cofres públicos.

Diante da indefinição sobre a realização (ou não) da Expuã 2009, aproveitemos o momento para refletir mais amplamente sobre esta festa.

Corria o ano de 1990 quando a Prefeitura Municipal decidiu realizar um evento anual que pudesse dar diversão aos cidadãos, e ainda, arrecadar fundos para as entidades beneficentes. Nascia assim a Feira da Bondade, que durante muitos anos foi realizada na praça da Rodoviária, com shows modestos e gratuita.

Em 1995, com a construção de um recinto de festas para abrigar a Feira da Bondade e outros eventos, e assim, tirá-la da praça, apertada para o público e sem infraestrutura (sanitários, etc...), onde invariavelmente era depredada nos dias de festa; o evento não só foi transferido para o recém construído recinto, como ganhou uma nova festa, a Expuã, mantendo o caráter beneficente porém conferindo ares de festa de exposição agropecuária.

Além de encampar o Rodeio de Touros, tradicional festa da cidade que era realizado em agosto, e que desde então passou a fazer parte do conglomerado: Expuã/Feira da Bondade/Rodeio.

Com a criação do recinto, veio com ele a cobrança de ingressos na entrada, de taxas simbólicas na época, é verdade, porém o evento deixava de ser gratuito. Voltaria a ser gratuito em 3 edições, devido a promessa eleitoral, mas não vem ao caso.
No ano de 2001, ainda foi permitido preços mais acessíveis, porém com shows de médio porte, o que não agradava aos realizadores, que queria a megalomania das festas similares realizadas na região, na nossa Ipuã.

Surgia o seguinte impasse: shows medianos e ingressos baratos X shows de 1° escalão com ingressos mais caros.

Tal discussão mudaria para sempre o modo de se fazer a festa em nossa cidade, mais que isso, criaria uma crise de identidade no evento.

Mas sobre isso, falarei um pouco mais ainda esta semana.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Educação Ipuanense tem nova Secretária.

E depois de mais de 1 mês vago, a Secretaria de Educação do município de Ipuã finalmente foi preenchida.

Após muitas especulações, muitos pedidos negados e alguns convites frustrados, foi nomeada ao cargo a Supervisora de Ensino, Patrícia Moraes.

Segui-se na Educação, a mesma lógica usada na Secretaria de Infraestrutura, chamar a 2ª da hierarquia para preencher o cargo vago.

Uma lógica com forte viés econômico, pois a nova ocupante receberá a diferença entre o salário dela e o da Secretária.

O que nos leva a pergunta: Se agora precisa economizar fazendo esses arranjos, foi erro aumentar os salários dos Secretários em mais de 90% no ano passado?

Mas voltando à Educação...

A nova Secretária terá a missão de trazer paz ao conturbado ambiente educacional ipuanense.

Com o agravante de que dificilmente conseguirá imprimir sua marca na nova gestão educacional, pois faltando apenas 1 ano e 7 meses para acabar a Administração Municipal, e considerando que o ano que vem, ano eleitoral, todos os esforços serão feitos para tentar "fechar as contas", o contingenciamento de verbas (pode de corte) vai ser ainda maior.

Na prática, a nova Secretária terá a missão de tocar a Educação Ipuanense até o final da Administração Municipal. 

E se a nova Secretária entender que um conselho inicial de alguém que se coloca sempre à disposição para colaborar, se entender que seja conveniente, vou sugerir a mesma cantilena que venho entoando há algum tempo: substitua as apostilas pelos livros didáticos do PNLD.

Certamente ela é conhecedora desse assunto então procure o Prefeito ou quem quer que seja que resolva isso, explique o que é o PNLD e os benefícios, financeiros e pedagógicos, que representará para nossa cidade.

Procure saber se ainda dá tempo (ou se já foi feito) de inscrever Ipuã no Programa e assim receber ano que vem, gratuitamente, livros didáticos para as edições futuras do PNLD.

O Blog deseja toda sorte do mundo à nova Secretária, fazendo votos de que ela possa desempenhar um excelente trabalho junto à Educação Ipuanense.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Ainda existe honestidade no mundo.

À pedido de minha mãe, sou eu quem acompanho as contas dela pela internet.

Saldos, extratos, pagamentos e, cartões de crédito.

E foi olhando a fatura que percebi um valor estanho: R$840,00 em um posto de combustível.

Tratava-se de uma única abastecida, na data de 1º de abril (até pensei que fosse mentira, mas não era) no valor citado.

Fosse um caminhão tudo bem, mas um veículo de passeio não caberia esse valor no tanque, ainda que o preço esteja sempre subindo.

Deduzi o óbvio: erraram na hora de digitar o valor verdadeiro, R$ 84,00 incluindo um 0 a mais e virando R$840,00.


E em seguida pensei pessimista: jamais devolveriam a diferença, mesmo que eu procurasse e explicasse a situação.

Pois bem...

Não é que uma irmã, sensata, resolveu procurar a funcionária do posto, com quem ela tem amizade e a funcionária pediu que ela levasse a fatura do cartão comprovando o erro.

Surpresa: o dinheiro estava lá, separado e preso a um clipe com um papel escrito o valor do "troco" desde o dia que o pessoal do estabelecimento percebeu o erro.

Ficaram esperando o dono aparecer (não sabiam quem) para que a diferença fosse devolvida.

Em meio à tantas notícias de corrupção no Brasil afora, pequenos gestos como este nos faz acreditar que ainda existe honestidade no mundo. Ela só não é divulgada.

E quando é, nunca tem o mesmo destaque que a desonestidade.

O que espero estar fazendo justamente o contrário agora.

terça-feira, 14 de maio de 2019

30 anos esta manhã.

Há exatos 30 anos, um garoto de 12 anos vivia o pior pesadelo para uma criança na sua idade: a perda do pai.

E então 3 décadas se passaram com a privação forçada de sua presença.

Às vezes me pego conjecturando sobre como estaria agora.

Não na aparência física, a poucos meses de completar 80 anos, certamente velhinho de cabelos brancos e ralos; mas como estaria se adaptando a esse mundo maluco.

Continuaria na política? Com as mesmas convicções? Discutiria comigo ou me daria razão por estar talvez mais à esquerda do que ele gostaria?

Estaria usando whatsapp? Teria perfil no feicebuqui? Pelo menos teria um celular um pouco mais moderninho?

Corintiano que era, já teria ido à Arena comigo para ver um jogo do Timão? Como teríamos comemorados às muitas glórias recentes?

Festeiro como ele só, ainda beberia sua cervejinha? Gostaria do sertanejo atual? Dançaria com minha mãe quando chegava do sítio?

Como se relacionaria com os netos? E comigo????

Enfim... conjecturas feitas a partir da saudade que bate nessa data maldita.

Verdade é que naquele fatídico Dia das Mães de 1989 minha vida mudou.

Se pra melhor ou pra pior, nunca saberemos.

Eu me tornei o que sou hoje, de bom e de ruim, muito em função desse trágico acontecimento que já me conformei, mas que nunca aceitei.

Nessas horas que chego a sentir falta do pensamento religioso - que há muito tempo não existe mais em mim - de que tudo é parte de um plano maior e que quem sabe das coisas é Ele e não nós. Gostaria mesmo de acreditar que ele está em lugar melhor que o nosso, que de fato existe um deus e que ele escreve certo por linhas tortas e que tudo na vida tem sua hora e seu porquê.

O pensamento religioso tem um poder infinitamente maior de nos confortar que o pensamento científico, de que a vida é uma sucessão de atos aleatórios, que tragédias acontecerão com uns e não com outros e a que aconteceu comigo foi fruto do acaso.

Um acaso que nessa manhã completa 30 anos.

E ainda dói.

Orandes pai e Orandes Jr na travessia de balsa entre São Sebastião e Ilha Bela, no verão de 1984.

domingo, 12 de maio de 2019

O que herdei de minha mãe.

É inegável que, se a vida e a história de cada um o transforma no que ele é, e essa transformação só acaba no ato final da peça de nossa vida, também é inegável que herdamos de nossos pais, muitas das características que temos, e outras que teremos ao longo da nossa vida.

Claro que sempre a madura idade pode mudar algo aqui, ali e, por vezes, até ser bem diferente do que nos foi transmitido pelos pais.

Assim sendo, nesse Dias das Mães, e com mais de 40 já vividos, posso ver claramente:

O que eu herdei de minha mãe.

* O respeito aos outros.

* Ver humildade como uma virtude e um objetivo.

* E também nunca se dizer ou se achar humilde, pois isso é arrogância.

* Cumprir com a palavra dada.

* Sempre chorar por ter feito e não por não ter feito. 

* Que a gente nunca perde por ser honesto

* A força para levantar cada vez que a vida te derruba

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Minha 2ª cidade me enche de orgulho.

O Projeto "Trabalho Cidadão" é daquelas iniciativas a serem copiadas.

Atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade social, o projeto une  limpeza e inclusão social.

Ouvido pelo Blog, o Diretor de Assistência, Desenvolvimento e Inclusão Social, José Reinaldo dos Santos Junior, explicou que os atendidos pelo Projeto terão, durante 3 meses, um vínculo social com o município, recebendo R$550,00, com uniformes completos: duas camisetas, duas calças, boné e uma botina (que ainda não foi entregue por conta da licitação).

Informou ainda que o turno de trabalho é de meio período (07:00h - 11:00h), por conta do sol, pois a maioria das pessoas atendidas são mulheres

Vale a pena conhecer melhor esse projeto e outros desenvolvidos na cidade vizinha, que este mês completa 90 anos.

Clique aqui.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Um pouco atrasado mas... [Há 10 anos].

Imaginem um hipocondríaco escrevendo sobre Gripe Suína há 10 anos atrás.

Não foi fácil!
 

Um pouco atrasado mas...


Não me culpem, estava sem computador.

Não dá pra não falar da "Gripe Suína", que, agora, se sabe, de suína não tem nada. Aliás, como a famigerada "Gripe Espanhola", não teve sua origem na Espanha, como pode supor pelo nome. Enfim: casos sofismáticos a que são vítimas os menos informados.

Mas como já estávamos escaldados pela "Vaca Louca" e "Gripe Aviária", bastou a associação errada do nome da nova pandemia do momento para elegerem o porco como novo vilão do inverno.

Teve frigoríficos mundo afora sacrificando seus rebanhos por conta da confusão.

Verdade é que a humanidade sempre procura uma pandemia para destruir a raça, algo que nos leve a um futuro apocalíptico como aqueles desenhados em muitos de filmes ("Os 12 macacos", "Eu sou a lenda" etc...), onde alguma doença dizimará a raça humana e caberá aos poucos sobreviventes a missão de dar continuidade à espécie.

É quase que uma necessidade da humanidade, como se alguma doença de proporções catastróficas viesse para nos punir de algo.

Mais que biologicamente, tais fenômenos como a Ex-Gripe Suína, deveriam ser estudados à luz da Psicologia e da Sociologia.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

500 anos da morte de um gênio.

Ariano Suassuna dizia, com razão, que classificar alguém como "Gênio" não deveria ser coisa banal.

Caso a pessoa assim chamada for superada, como deveria ser chamada? O que vem depois de gênio?

Para mim, gênio é aquele que pode ser igualado, mas não superado.

Aquela pessoa que, quando surge outro igualmente genial, dizemos: "É tão bom quanto", mas nunca "É melhor que".

É o caso de Leonardo da Vinci, cuja morte completa hoje 500 anos.

E quanta diferença cultural entre nós e os europeus: Há 500 anos estávamos em estágio primitivo enquanto os Europeus já produziam talvez a maior expressão cultural da humanidade.


Quer conhecer um pouco sobre o Gênio? O link abaixo esclarece e te leva a outras informações.

https://www.dw.com/pt-br/quem-foi-leonardo-da-vinci/a-48547312?maca=bra-Red-WhatsApp

Paulo Freire em tempos de ódio.

Você não gostar ou não concordar com a obra e as ideias do Prof Paulo Freire é rigorosamente um direito seu.

Mas negar a sua importância para a Educação nacional e mundial, o peso de suas ideias no universo acadêmico do Brasil e do Mundo, ultrapassa os limites do ridículo.

É como não gostar de Mozart, Beethoven ou Bach e falar que sua obra não presta, ou que não tem importância nenhuma na história da música erudita mundial.

Pior quando em tempos de "pós verdade", qualquer um vira especialista em Educação e em especial, Paulo Freire.

Única motivação é o ódio, seja pelo grupo político que ele foi aliado (o que era um direito dele) ou pela imbecilidade de conferir a ele o rótulo de doutrinador e marxista, coisas que ele jamais foi.

Assim como ninguém ousa comparar Mozart, Beethoven ou Bach com compositores de hits que duram uma semana, não deveriam comprar Paulo Freire com outros "pensadores".

Agora querem tirar-lhe o título de "Patrono da Educação Brasileira" numa tentativa imbecil de reescrever a História.

Eu defendo que deva mesmo tirar-lhe este título, não por achar desmerecido, mas para dar férias à sua memória enquanto a Política Pública da Educação Brasileira se desmonta no atual (des)governo do MEC.

E nada que o próximo Presidente, em 2023 (se não for antes) não restitua em uma canetada a justa homenagem.