Instantes antes das cortinas do
Teatro Municipal de São Paulo se abrir, um filme deve ter passado na cabeça da
dupla Tonico e Tinoco.
De origem pobre, filhos de lavradores
rurais que peregrinavam nas fazendas do centro oeste paulista, passaram por
muitas dificuldades até alcançar o rádio e o estrelato.
Cantando em Circos, festas
populares e na tulha de café improvisada como palco, nem nos seus maiores
sonhos podiam imaginar que um dia, o Teatro Municipal de São Paulo, palco de
atrações eruditas e plateia formada pela fina flor da elite paulistana, se renderia ao talento dos dois.
Não conseguiram o epíteto de
"Dupla Coração do Brasil" em vão.
Tonico e Tinoco são a
representação da essência da música sertaneja raiz.
Inspiração de 10 entre 10
artistas que se seguiram aos anos em que estouraram nas paradas de sucesso,
são, até hoje, reserva moral e de talento para novos artistas (ao menos,
àqueles que desejam entrar no mundo sertanejo pela porta da frente).
Quem nunca dançou ao som de
"Moreninha Linda" ou "Adeus Mariana” que atire a primeira pedra.
Quem nunca, ao começar aprender
violão, arranhou "Chico Mineiro"? Aliás, 1ª música que este
blogueiro, de fato, aprendeu empunhando o violão que, insistentemente me
acompanha, passados 19 anos.
"Cabelo Loiro",
"Canta Moçada" "A Caneta e a Enxada", enfim... a lista é
longa.
Uma carreira que sobreviveu a
tudo o que possa imaginar, inclusive a abrupta separação, com a morte de Tonico
em 1994. Deixando Tinoco na luta ainda nos dia atuais (NB: faleceu em 2012).
Com o mesmo vigor e determinação
de sempre, no alto dos seus 80 anos, figura ainda como um farol a iluminar o
mar aos navegantes perdidos.
Pena que cada vez mais, tão
poucos artistas bebam dessa fonte.
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