domingo, 11 de novembro de 2012

Nos palanques da vida

Quando assumi o Departamento de Educação, este era também responsável pela Cultura e Esporte. Apenas em 2007 o Esporte fora separado, quando foi criado seu próprio Departamento.
Não que eu não gostasse de esportes, mas como 95% dos recursos financeiros do Departamento eram destinados à Educação, 95% do meu tempo, esforço e preocupação, também era.
Mesmo assim várias ações foram feitas para fomentar o esporte, além é claro dos famosos torneios de futebol com boleiros de fim de semana.
Trata-se daqueles eventos onde cada grupo de amigos, ou algum representante do comércio local reúne jogadores para formar um time e disputar o torneio.
Lazer para os participantes, guerra para os donos dos times, dor de cabeça para o Diretor do Departamento.
Um destes torneios de futsal apresentava 4 grupos com 3 times cada grupo. Classificaria os 2 melhores de cada grupo para a disputa das quartas de final, conforme estipulado no regulamento previamente discutido e aprovado entre as equipes.
Terminada a fase de grupos, chegou em minha sala o seguinte problema: Duas equipes haviam empatado no n° de pontos e ambas estavam em 2º lugar no grupo, qual se classificaria?
Como conhecia o regulamento de cor, se bem que isso é quase que uma regra nesses torneios, respondi: Saldo de gols.
As equipes também haviam empatado neste quesito.
Gols a favor: Outro empate.
Gols contra: outra igualdade.
E no confronto direto, o jogo entre as duas equipes havia ficado 2 x 2.
E o regulamento não previa mais nada.
Reuni os representantes de cada equipe e tentei achar uma saída. Inútil! Uma equipe, a mais forte, queria um 2° jogo, algo como um tira teima entre as equipes, pois como sabiam que eram mais fortes, haviam poupado jogadores na fase de grupos, para usar o que tinham de melhor nos mata matas.
Mas por ironia destas coisas do futebol, o plano não dera certo e eles estavam empatados com uma equipe considerada por todos a mais fraca do certame, montada às pressas apenas para divulgar o nome de uma empresa.
Cartões amarelos e vermelhos nenhum dos dois representantes aceitou alegando que não constava no regulamento. Um jogo de desempate também não, argumentei com eles como forma de eliminar esta possibilidade e assim ter de gastar algum dinheiro extra com arbitragem.
Vendo que não haveria solução e com a mesa cheia de problemas maiores para resolver, decidi Ricardoteixeristicamente fazer um sorteio.
Nenhum dos representantes reclamou, mas eu sabia que o silêncio deles duraria até ser excluído pelo sorteio.
Fiz o sorteio e novamente o destino caprichoso excluiu a tal equipe forte, seguindo na competição o time a que todos se referiam como azarão. Aliás, este azarão passaria nas fases de mata mata e chegaria à final, ficando com a vice colocação que, para eles, certamente teve sabor da maior das vitórias.
O preterido pela sorte esbravejou que não era justo, que procuraria seus direitos na justiça, que processaria o Departamento, que o torneio seria cancelado,...
Vendo que eu não dava muita bola às suas ameaças, me questionou onde ele deveria ir para acionar seus direitos. Respondi que ele deveria procurar o STJD, no que ele me surpreende, pegando caneta e papel na minha mesa e dizendo:
- Repete o nome pra mim.
Ele não havia entendido que era ironia minha, que sugeri o STJD (órgão máximo da justiça desportiva brasileira) com sarcasmo.
Percebendo isso, continuei com o sarcasmo sem que fosse percebido: repeti-lhe a sigla, disse que deveria procurar telefone e endereço na internet, pois em outros casos, o STJD já havia inclusive vindo em Ipuã para resolver problemas parecidos.
Não sei se ele chegou mesmo a procurar, penso que deve ter comentado com algum amigo que lhe explicara que era o STJD, avisando que certamente havia caído em uma brincadeira minha.

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