quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Deus nas notas do Real.

E não é que o politicamente correto chegou nas notas da moeda nacional?
Caso nunca tenha reparado, as notas de Real têm a expressão "Deus seja louvado", a polêmica atual veio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) que solicitou que as notas a serem impressas já estejam sem a expressão.
São dois os argumentos:
1. Vivemos em um Estado Laico.
2. Fere o princípio da pluralidade e liberdade religiosa.
Realmente o Brasil é um Estado Laico, muito embora religião sempre esteja na pauta de eleições e mesmo de congressistas que balizam seus votos em plenário de acordo com suas orientações religiosas. E não entendo como a presença de uma expressão louvando o criador possa conferir ao país um status, ou mesmo uma simples sinalização, de que somos um Estado Teocrático de Direito.
Certamente nem é essa a intenção da Presidenta (agnóstica histórica), que perpetua algo já consolidado pelo uso após décadas de emissão de notas contendo a famigerada expressão.
Como também não entendo que fazer alusão a Deus esteja ferindo pluralidade ou liberdades religiosas.
Como seria o politicamente correto? Referir-se também a Deus e Deuses de outras religiões?
Afinal se para as religiões Cristãs Ocidentais, a denominação para o Criador atende por "Deus", o mesmo não se pode dizer para religiões, cada vez mais presentes e atuantes em nosso país, que designam suas divindades de maneira diferente.
Muçulmanos, Hindus, Budistas, Judeus e se buscarmos raízes históricas, até os índios no Brasil, todos denominam suas divindades distintamente da usada na tradição Cristã Ocidental.
E ainda tem a questão dos ateus e agnósticos que alegam que a expressão impressa na nota não respeita o direito deles de negar (no caso dos primeiros) ou questionar (no caso dos segundos) a existência de Deus.
Então para não incluir um roll de Deuses (e Deusas, já que no Hinduísmo elas não apenas existem como são de enorme importância dentro da religião), a opção mais correta seria, para o PRDC, a supressão do louvor a Deus.
Penso que o melhor a fazer é deixar as notas como elas estão, acredito que a palavra "Deus" presente na nota seja a forma encontrada, de acordo com nossas tradições histórico religiosas, para referir-se ao criador do Céu e da Terra independentemente da crença ou denominação que cada um venha a lhe dar.
Num país onde felizmente existe a pluralidade religiosa (embora exista a intolerância, ela não é algo sistêmico em nossa sociedade) não acredito que alguma religião se sinta ofendida.
Quanto aos ateus e agnósticos, não devem também sentir-se preteridos em suas crenças (ou falta delas), levem em consideração toda uma tradição com raízes históricas profundas que remontam à nossa colonização para entender que a crença do Estado na existência de uma divindade superior.
E encerro com a opinião do Ex Presidente do Brasil e atual Presidente do Senado, José Sarney, sobre o assunto.
Instado a comentar a polêmica ele disse que era "falta do que fazer" e que ele tinha "pena de quem não acreditava em Deus".
Concordo com o primeiro comentário dele e discordo do segundo, na verdade quem é digno de pena, são as pessoas que votam nele.

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