sábado, 15 de junho de 2013

Com o lápis na mão.

Quando eu era criança pequena lá na Escola Vereador Alberto Conrado, no mês de junho quando havia a festa junina e a gente dançava quadrilha, estas eram bem diferentes das atuais.

Não me refiro às quadrilhas modernas, que são diferentes de qualquer coisa que qualquer um de nós já tenha dançado em festa junina em nossas vidas.

Mesmo quando comparo a quadrilha verdadeira de hoje com a do meu tempo de criança, não sei se é a memória que já não é mais a mesma e tende a entrar no nevoeiro do esquecimento com a proximidade dos 40, ou de fato não tinha alguns dos eventos de hoje.

Eu explico.

Salvo a música que continua rigorosamente a mesma (clique aqui), quando eu dançava quadrilha na escola, o narrador falava apenas:

Caminho da roça: Um na frente do outro, em fila indiana, meio sem saber o que fazer e andando em círculos.

Caracol: Um na frente do outro, em fila indiana, meio sem saber o que fazer e andando em espiral.

Olha a chuva: O homem "protegia" a mulher da chuva com as mãos sobre sua cabeça. Nunca soube bem ao certo mas, deve ser da época que ainda chovia em junho.

Olha a cobra: Um na frente do outro, em fila indiana, andando em círculo e gritava "huuuuuu" e começava a andar na direção contrária. Para depois do "é mentira", outro grito de "huuuuuu" e voltar a caminhar, em círculo, na direção correta.

Como as quadrilhas surgiram na roça, penso eu que cobras eram o grande temor de quem ia de um arraial a outro, por isso.

A ponte quebrou: Ou seria a ponte caiu? Enfim... fazia-se a mesma coisa, inclusive o grito, do "Olha a cobra".

Também herança dos tempos de Brasil rural, quando atravessava-se pontes para ir às fazendas vizinhas para dançar quadrilha.

A grande roda: Um círculo com todos os participantes de mãos dadas rodando em sentido horário. Mas sempre tinha uma meia dúzia que não sabia o que era sentido horário e bagunçava tudo. Para desespero das professoras que ensaiaram a dança.

Damas no centro: formava-se 2 círculos concêntricos separados por gêneros. Meninas no círculo interior, meninos no exterior e cada um rodava em um sentido.

Dava a mesma confusão que a grande roda, com o agravante que havia o caso das rodas entrelaçarem-se, de uma maneira que, juro que tentei, mas não consigo explicar com palavras.

Trocar de par: A gente dançava com a menina de trás e o da frente dançava com a nossa parceira. Ia fazendo assim até chegar no seu par novamente.

Era a chance que tínhamos de dançar com aquela garota do colégio que, em situações normais, jamais dançaria com a gente.

Geralmente ela era loira, toda patty, usava vestidinho curto na cor rosa e se chamava Fernandinha.

Túnel: Fazia-se um túnel com as mãos e a gente passava dentro infinitas vezes.

Nem preciso dizer que era o momento ideal para colocar o pé para amigos tropeçarem, dar tapas nos chapéus de outro e, é claro, "conferir" a Fernandinha.

E tinha uma parada que não lembro o nome onde os meninos ficavam ajoelhados, com um dos braços estendido (tipo estátua da Liberdade) e a menina com a mão, segurando a gente pelo dedo, ficava rodando em volta.

Hoje em dia tem um tal de formigueiro, caminho da igrejinha e outras coisas que não recordo que tinha antigamente.

Talvez seja eu, ou talvez seja este mundo maluco onde os valores mudaram.

Onde está a alegria da quadrilha? O entusiasmo? A ansiedade estudantil pela expectativa da festa junina na escola?

E principalmente: Onde está a Fernandinha???

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