domingo, 2 de junho de 2013

A questão salarial docente em Ipuã.

Dentre as questões inerentes à política pública de educação para o país, estado ou cidade, a questão salarial é uma das mais delicadas - e necessárias - a ser estudada e revista.

Não tenho a pretensão de falar da política pública estadual ou nacional para a valorização docente, me falta conhecimento técnico para tal.

Mas da minha “cozinha” posso perfeitamente fazê-lo, seja pelos 4 anos de vereador, seja pelos 3 anos e 3 meses de Diretor do Depto. de Educação, seja pelo interesse no assunto e consequente estudo a respeito do tema.

Em primeiro lugar não acho que professor ganha mal, mas acho que deveria ganhar melhor, bem melhor.

Como também acho que a melhora no vencimento deveria estar associado a alguma melhoria na formação.

Razão pela qual alteramos o Plano de Carreira durante a minha passagem pelo Departamento de Educação, flexibilizando a obtenção de vantagens financeiras para professores e professoras que apresentassem cursos de formação ou pós graduação.

Nossa revolução só não foi maior porque o aumento acaba sendo pequeno quando comparado ao gasto que o docente tem para obter aquela formação.

Penso então que a saída seja oferecer cursos de formação continuada aos docentes ao longo do ano e, aos que participarem, promover um reajuste salarial a título de compensação pela boa formação.

Não como política de prêmios, mas como valorização pelo empenho demonstrado em capacitar-se em serviço.

Se tal ideia não chegou a ser posta em prática, restou-me a satisfação de ver que a gestão do ex Prefeito Itamar Romualdo não apenas cumpriu com a obrigação (há muito abandonada) de reajustar os salários dos docentes de acordo com a inflação, como ainda promoveu um aumento salarial, pois o reajuste concedido entre os anos de 2005 e 2012 foi superior à inflação acumulada do mesmo período (aqui).

Além disso, restituiu aos docentes dos 2% de aumento anual, benefício que havia sido tirados pela gestão anterior¹.

No final das contas, elevou em quase 100% o valor da hora/aula nos 8 anos de sua Administração.

Faltou - e ainda falta – como eu disse, uma valorização não apenas por tempo de serviço, mas pela formação do docente.

Escrevo este texto antes da votação da lei que será enviada à Câmara concedendo um abono (ainda sem valor definido, ou conhecido pelo Blogueiro) aos servidores municipais.

Não sei, por exemplo, se o referido abono será estendido também aos docentes, mas antes mesmo de conhecer o conteúdo da lei atrevo a mostrar-me preocupado que a política de abono seja mantida pela atual administração em detrimento de uma política de reajuste salarial.

Tenho pelo abono a mesma opinião que o bônus, comumente usado por políticos para justificar (ou pelo menos tentar) o bom salário docente.

Tanto um como o outro não são objetos de reajuste salarial, são apenas paliativos que somados após várias administrações promovendo a mesma política, chegam ao cúmulo de ser maior que o próprio salário base.

Apenas mascaram o salário e prejudicam as aposentadorias uma vez que não são incorporados ao salário.

Salário se faz com dinheiro, não existe outra fórmula.

E é justamente a questão salarial que tem contribuído para o abandono da carreira docente por parte dos universitários.

Cada vez menos, jovens fazem faculdades de licenciatura pelo desejo de ser professor. Infelizmente muitos o fazem muitas vezes pela falta de opção e não propriamente atraídos por uma carreira que lhe proporcione sucesso e boa remuneração.

O salário do professor tem de ser um ótimo salário, seja pelo importante papel que desempenha dentro da nossa sociedade, seja para voltar a ser valorizado.


¹Na ocasião, retirou dos professores o aumento de duas referências anuais a que todos os servidores municipais de Ipuã têm direito. Uma progressão na carreira por tempo de serviço.
Na época, apenas os docentes da Educação Infantil pertenciam ao quadro de servidores, os demais foram incluídos com o advento da municipalização e, portanto, nunca receberam tal benefício.

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