domingo, 26 de maio de 2013

Nos palanques da vida.

Era uma sessão solene. O que não lhe tirava o aspecto de sessão festiva.

Além de ser a entrega de um título de cidadão Ipuanense, a Câmara Municipal aproveitaria o fato do agraciado ser rotariano e realizaria uma sessão solene em homenagem ao centenário do Rotary Internacional (2004).

Estava presente, além da comunidade rotária municipal, vários companheiros de cidades vizinhas para tão especial cerimônia.

Foi nesse contexto que o fato se deu.

Na sessão anterior a esta, o clima tinha pesado; levado ao plenário por mim a denúncia de que o SERPASE (uma entidade particular sem fins lucrativos que prestava serviço na área de assistência social e educação à Prefeitura) havia destinado recursos municipais, a ela repassados pela Prefeitura, em gastos com maquiagem, aluguel de som e aluguel de boiada para a Expuã de 2003.

A irregularidade havia sido apontada pelo Tribunal de Contas e nós da oposição não perdoamos.

Naquela sessão argumentei como poderia uma entidade que recebe verba da Prefeitura para desempenhar função de promoção social, usar esta verba para maquiagem, boiada e som.

Era um claro exemplo de terceirização do serviço público, uma vez que a entidade PARTICULAR funcionava num prédio público, tinha servidores municipais prestando serviço a ela e sua diretoria era composta grande parte por pessoas com cargos de confiança na Administração Municipal.

Além da entidade não ter outra receita que não fosse a subvenção municipal.

Foi a deixa para vários outros vereadores desfilarem suas críticas à Administração Municipal e sobretudo ao SERPASE, que claramente deixava de cumprir sua função para atender outros interesses.

Houve risos quando eu disse que presumia que o gasto com maquiagem fosse para as Rainhas do Rodeio e um Vereador me pedindo um aparte, complementou que poderia ter sido para maquiar os bois que também haviam sido pagos com dinheiro do SERPASE.

Uma sessão onde a oposição simplesmente desfilou todo seu repertório de críticas e de ironias.

Acontece que a sessão seguinte foi a tal sessão solene, e um dos membros do Rotary de Ipuã era justamente o tal presidente do SERPASE a que tanto criticamos.

Eis que ao abrir a sessão, foi lida (como de praxe) a ata da sessão anterior, justamente a tal sessão acima descrita. Então foi lida a ata para o plenário lotado, com a presença da elite da comunidade rotária regional, o presidente do SERPASE foi exposto como nunca imaginou que seria, com seu nome citado inúmeras vezes na ata.

Todos os presentes ficaram sabendo não só do fato, mas de como nós, vereadores, abordamos a questão de maneira tão crítica e irônica.

Ao perceber a gafe, era tarde demais. A ata foi lida até o final.

Saia justa geral, exceto para mim, que desafeto declarado do tal Presidente, ouvi atentamente a leitura da ata com um “silêncio sorridente”, pena que minhas palavras não tenham sido transcritas na íntegra naquela ata.

Teriam escutado muito mais.

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