sábado, 11 de maio de 2013

Com o giz na mão.

Era uma sala de cursinho, com 85 alunos.

A maioria querendo aprender, afinal haviam ralado para estar ali.

Tratava-se do Cursinho Gratuito da Unesp, onde comecei a dar aula no ano 2000.

Por ser um cursinho gratuito, com muito mais procura que vagas, havia uma seleção entre os interessados. A seleção constava de prova escrita, entrevista e análise socioeconômica.

Portanto entrar ali já era sinal de que o aluno estava interessado em estudar.

Mas como toda seleção é passível de falhas, havia aqueles que, seja por relaxo, seja por desmotivação, chegavam à certa altura do jogo entrando em campo apenas para cumprir tabela.

E numa aula, no auge da explicação sobre Fernando Pessoa, que conversas paralelas insistiam em me atrapalhar.

Após pedir encarecidamente por duas ou 3 vezes que parassem, interrompi a aula para o famoso sermão, mais ou menos assim:

"Vocês estão atrapalhando os demais alunos pessoal, se não querem estudar, vá lá pra fora. Para vocês lá fora deve ter coisa mais interessante. Lá fora tem bar, bebida, tem puta..." (já estressado com a situação).

Ao referir-me, de maneira sarcástica e apelativa, sobre a existência de putas fora da sala de aula como atrativo para os alunos, um aluno, valendo-se do anonimato gritou:

- Aqui dentro também!!!

Não dava pra identificar o autor da frase em meio a 85 alunos.

Assim como não deu pra segurar a fúria das garotas de recato da sala que, aos berros, diziam que, em sendo verdade a existência de meretrizes na sala, a genitora do interlocutor anônimo deveria fazer-se presente naquele instante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário