Há exato 1 ano atrás o Blogueiro defendia,
com sucesso, sua Dissertação na PUC/SP.
Foi num 4 de maio que encerrei um dos
capítulos mais felizes da minha trajetória em sala de aula.
Aproveitando a data, e o fato de que eu não
poderia deixar de falar, numa série deste Blog dedicada a rememorar os
professores e professoras que tive ao longo dos quase 20 anos em que tive um
lápis na mão, da professora que me guiou pelos caminhos da pesquisa em Educação
e Avaliação: Isabel Franchi Cappelletti.
Confesso que nosso primeiro encontro já foi
atípico.
Na entrevista para ingressar no Mestrado em
Educação: Currículo na PUC/SP, após as devidas apresentações, ela de posse do
meu ante projeto na mão foi logo dizendo:
- Seu trabalho não está grande coisa.
Confesso que minha vontade era de levantar
da cadeira e sair correndo dali, mas logo em seguida ela concluiu:
- Também se estivesse, você não precisaria
fazer mestrado, não é mesmo?
Conversamos mais um pouco, ela explicou-me o
que queria e se eu estaria disposto a mudar algumas coisas (na verdade, muitas)
do meu projeto de pesquisa.
Concordei e fui encaminhado para a prova
escrita.
Fui um dos 4 selecionados para ser seu
orientando no mestrado.
Nosso próximo encontro seria também
traumático.
Demorei, por inexperiência, para procurá-la
e assim começar a pesquisa. E quando o fiz, levei uma chamada de atenção, ou "fumada" como a gente dizia na PUC.
"Você está fazendo a dissertação
sozinho?" me perguntou.
Minha cara ficou vermelha. Marquei com ela uma primeira orientação.
Nesta primeira orientação com ela, passou-me
o que eu deveria fazer e me pus a escrever o que seria a introdução da minha
dissertação.
Entreguei meus rascunhos e no encontro
seguinte, quando ela devolvia com anotações, recomendações,
correções, etc... passando os próximos passos do trabalho, ouvi:
"Confesso que estou preocupada,
decepcionada e angustiada. Não é nada disso, pode escrever de novo".
Alterei muita coisa daquela 1ª versão,
incluí outras,... Para, no encontro seguinte:
"Acho que você não está entendendo o espírito da coisa".
E me passou 6 leituras (entre livros e
teses) para ajudar a elaborar o que ela gostaria de ver em uma introdução.
Recomendou que eu voltasse com algo escrito em 1 mês pois eu
tinha muita coisa para ler.
Eu pensava: Ela me odeia.
Demorei a entender que não era isso, que o
trabalho realmente não estava bom, que eu ainda precisava correr atrás do
prejuízo, amadurecer como pesquisador.
Tive então a ideia era surpreendê-la.
Eu precisava
fazer algo para conseguir seu respeito. Eu necessitava mostra a ela que eu era
capaz.
Ali, naquele momento decidi que seria um
novo começo, ou o final da minha aventura na capital.
Dei um stand by em tudo na minha vida que
não fosse a introdução da dissertação, deixei em segundo plano as duas escolas
em que lecionava, as 3 disciplinas que cursava no mestrado e o curso de inglês para o exame de proficiência.
Li as 6 obras recomendadas e escrevi a
introdução toda em menos de 10 dias.
Terminada essa missão dolorosa, fui todo triunfante
entregar-lhe em sua sala e, para sua surpresa, em prazo bem menor que o
recomendado.
Ela própria assustou-se com a rapidez, sem
saber o quanto havia sido doloroso.
"Nossa, já?!".
No encontro seguinte:
"Ficou excelente. Claro, objetivo e
muito bem escrito".
E passou o que ela gostaria para o 1°
capítulo.
Daí por diante a coisa fluiu.
Não raramente era elogiado, em particular e
em público (na sala de aula), fiz tudo como ela orientava, procurando sempre lhe
apresentar meu melhor, fruto da minha dedicação quase exclusiva a esta
pesquisa.
A cada orientação eu crescia mais como
pesquisador.
Até o dia de nossa última orientação, em seu
apartamento, quando após um longo bate papo sobre a pesquisa e me entregando as
últimas folhas com alterações a serem feitas no trabalho, lhe
perguntei quando deveria lhe entregar corrigido para que ela conferisse se as
alterações estavam a contento.
"Eu não preciso mais ler suas correções, já sei que fica bom".
Entre o "preocupada, decepcionada e
angustiada" para o "não preciso ler, já sei que fica bom", uma
história de dedicação, empenho e superação.
Nosso próximo encontro seria na defesa, há
exato 1 ano atrás.
Um final mais que feliz para um capítulo da
minha história que levarei para sempre na memória.
Assim como a amizade entre nós.
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