sábado, 4 de maio de 2013

Com o lápis na mão.

Há exato 1 ano atrás o Blogueiro defendia, com sucesso, sua Dissertação na PUC/SP.

Foi num 4 de maio que encerrei um dos capítulos mais felizes da minha trajetória em sala de aula.

Aproveitando a data, e o fato de que eu não poderia deixar de falar, numa série deste Blog dedicada a rememorar os professores e professoras que tive ao longo dos quase 20 anos em que tive um lápis na mão, da professora que me guiou pelos caminhos da pesquisa em Educação e Avaliação: Isabel Franchi Cappelletti.

Confesso que nosso primeiro encontro já foi atípico.

Na entrevista para ingressar no Mestrado em Educação: Currículo na PUC/SP, após as devidas apresentações, ela de posse do meu ante projeto na mão foi logo dizendo:

- Seu trabalho não está grande coisa.

Confesso que minha vontade era de levantar da cadeira e sair correndo dali, mas logo em seguida ela concluiu:

- Também se estivesse, você não precisaria fazer mestrado, não é mesmo?

Conversamos mais um pouco, ela explicou-me o que queria e se eu estaria disposto a mudar algumas coisas (na verdade, muitas) do meu projeto de pesquisa.

Concordei e fui encaminhado para a prova escrita.

Fui um dos 4 selecionados para ser seu orientando no mestrado.

Nosso próximo encontro seria também traumático.

Demorei, por inexperiência, para procurá-la e assim começar a pesquisa. E quando o fiz, levei uma chamada de atenção, ou "fumada" como a gente dizia na PUC.

"Você está fazendo a dissertação sozinho?" me perguntou.

Minha cara ficou vermelha. Marquei com ela uma primeira orientação.

Nesta primeira orientação com ela, passou-me o que eu deveria fazer e me pus a escrever o que seria a introdução da minha dissertação.

Entreguei meus rascunhos e no encontro seguinte, quando ela devolvia com anotações, recomendações, correções, etc... passando os próximos passos do trabalho, ouvi:

"Confesso que estou preocupada, decepcionada e angustiada. Não é nada disso, pode escrever de novo".

Alterei muita coisa daquela 1ª versão, incluí outras,... Para, no encontro seguinte:

"Acho que você não está entendendo o espírito da coisa".

E me passou 6 leituras (entre livros e teses) para ajudar a elaborar o que ela gostaria de ver em uma introdução. Recomendou que eu voltasse com algo escrito em 1 mês pois eu tinha muita coisa para ler.

Eu pensava: Ela me odeia.

Demorei a entender que não era isso, que o trabalho realmente não estava bom, que eu ainda precisava correr atrás do prejuízo, amadurecer como pesquisador.

Tive então a ideia era surpreendê-la.

Eu precisava fazer algo para conseguir seu respeito. Eu necessitava mostra a ela que eu era capaz.

Ali, naquele momento decidi que seria um novo começo, ou o final da minha aventura na capital.

Dei um stand by em tudo na minha vida que não fosse a introdução da dissertação, deixei em segundo plano as duas escolas em que lecionava, as 3 disciplinas que cursava no mestrado e o curso de inglês para o exame de proficiência.

Li as 6 obras recomendadas e escrevi a introdução toda em menos de 10 dias.

Terminada essa missão dolorosa, fui todo triunfante entregar-lhe em sua sala e, para sua surpresa, em prazo bem menor que o recomendado.

Ela própria assustou-se com a rapidez, sem saber o quanto havia sido doloroso.

"Nossa, já?!".

No encontro seguinte:

"Ficou excelente. Claro, objetivo e muito bem escrito".

E passou o que ela gostaria para o 1° capítulo.

Daí por diante a coisa fluiu.

Não raramente era elogiado, em particular e em público (na sala de aula), fiz tudo como ela orientava, procurando sempre lhe apresentar meu melhor, fruto da minha dedicação quase exclusiva a esta pesquisa.

A cada orientação eu crescia mais como pesquisador.

Até o dia de nossa última orientação, em seu apartamento, quando após um longo bate papo sobre a pesquisa e me entregando as últimas folhas com alterações a serem feitas no trabalho, lhe perguntei quando deveria lhe entregar corrigido para que ela conferisse se as alterações estavam a contento.

"Eu não preciso mais ler suas correções, já sei que fica bom".

Entre o "preocupada, decepcionada e angustiada" para o "não preciso ler, já sei que fica bom", uma história de dedicação, empenho e superação.

Nosso próximo encontro seria na defesa, há exato 1 ano atrás.

Um final mais que feliz para um capítulo da minha história que levarei para sempre na memória.

Assim como a amizade entre nós.

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