terça-feira, 14 de maio de 2013

13 de maio foi ontem, eu sei, mas...

Por puro lapso do Blogueiro, relaxo talvez, a data de ontem passou batido.

O texto que foi ao ar já estava programado para ser publicado antes que eu me tocasse que 13 de maio comemora-se a abolição da escravidão no Brasil.

Uma data a ser lembrada como um marco na história do país é verdade, mas longe de ser a redenção da opressão dos negros escravos no Brasil.

Quando a abolição ocorreu, algo em torno de apenas 5% dos trabalhadores do país eram escravos, a maioria dos trabalhadores era assalariada. Inclusive negros, favorecidos pelas Leis paliativas para postergar a abolição como a do Ventre Livre e do Sexagenário (que pouca coisa contribuíram para a situação do trabalho escravo, servindo como cortina de fumaça à pressão inglesa pela abolição).

E negros libertos, que trabalhavam como assalariados em empregos de menor importância.

A abolição veio tardiamente, um dos últimos países da América a promovê-la.

E quando veio, foi assinada pela Princesa Regente, Isabel, que na ausência do pai e antevendo a ruína do Império no país, deu seu canto de cisne.

Que nem tão belo foi, uma vez que a abolição apenas "soltou" os negros à própria sorte, não sendo acompanhada de legislação complementar regulamentando a situação dos recém libertos.

Dois artigos apenas: 

Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. 
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.

E nada mais.

Muitos destes novos livres optaram por ficar nas próprias fazendas em que trabalhavam, desta vez na condição de assalariados, outros migraram para a cidade, em busca de trabalhos indesejados pelos brancos e vivendo em condições precárias de moradia.

Situação que perduraria por muito tempo, refletindo na condição social do negro nos tempos atuais, afinal como querer que em pouco mais de 120 anos toda uma nação (milhões de descendentes) ascenda socialmente neste país marcado por injustiças e pelo racismo velado que insistem em dizer que não existe?

Razão pela qual nos dias atuais, apesar da conquista gradual do negro na sociedade, infelizmente ainda seja o negro, maioria entre as camadas menos favorecidas no nosso país.

E é justamente por esta dívida histórica que temos com os afrodescendentes, que foram trazidos para nosso país contra a sua vontade, escravizado e tratado como animais por mais de 3 séculos, que sou a favor da política de ação afirmativa de cotas para negros não apenas em faculdades, mas em outros setores da sociedade.

Tal política é o mínimo que podemos fazer para saldar uma dívida que só fez acumular ao longo do século que se seguiu à abolição.

Se não mais como escravos, mas como marginalizados sociais pela nossa sociedade e pela política deste país.

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