Por puro lapso do Blogueiro, relaxo talvez,
a data de ontem passou batido.
O texto que foi ao ar já estava programado
para ser publicado antes que eu me tocasse que 13 de maio comemora-se a
abolição da escravidão no Brasil.
Uma data a ser lembrada como um marco na
história do país é verdade, mas longe de ser a redenção da opressão dos negros
escravos no Brasil.
Quando a abolição ocorreu, algo em torno de
apenas 5% dos trabalhadores do país eram escravos, a maioria dos trabalhadores
era assalariada. Inclusive negros, favorecidos pelas Leis paliativas para
postergar a abolição como a do Ventre Livre e do Sexagenário (que pouca coisa
contribuíram para a situação do trabalho escravo, servindo como cortina de
fumaça à pressão inglesa pela abolição).
E negros libertos, que trabalhavam como assalariados
em empregos de menor importância.
A abolição veio tardiamente, um dos últimos
países da América a promovê-la.
E quando veio, foi assinada pela Princesa
Regente, Isabel, que na ausência do pai e antevendo a ruína do Império no país,
deu seu canto de cisne.
Que nem tão belo foi, uma vez que a abolição
apenas "soltou" os negros à própria sorte, não sendo acompanhada de
legislação complementar regulamentando a situação dos recém libertos.
Dois artigos apenas:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a
data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em
contrário.
E nada mais.
Muitos destes novos livres optaram por ficar
nas próprias fazendas em que trabalhavam, desta vez na condição de
assalariados, outros migraram para a cidade, em busca de trabalhos indesejados
pelos brancos e vivendo em condições precárias de moradia.
Situação que perduraria por muito tempo,
refletindo na condição social do negro nos tempos atuais, afinal como querer
que em pouco mais de 120 anos toda uma nação (milhões de descendentes) ascenda socialmente neste país marcado por injustiças e pelo racismo
velado que insistem em dizer que não existe?
Razão pela qual nos dias atuais, apesar da
conquista gradual do negro na sociedade, infelizmente ainda seja o negro,
maioria entre as camadas menos favorecidas no nosso país.
E é justamente por esta dívida histórica que
temos com os afrodescendentes, que foram trazidos para nosso país contra a sua
vontade, escravizado e tratado como animais por mais de 3 séculos, que sou a favor
da política de ação afirmativa de cotas para negros não apenas em faculdades,
mas em outros setores da sociedade.
Tal política é o mínimo que podemos fazer
para saldar uma dívida que só fez acumular ao longo do século que se seguiu à
abolição.
Se não mais como escravos, mas como
marginalizados sociais pela nossa sociedade e pela política deste país.
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