sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Semana Viniciniana - Histórias.

Desde que descobri Vinícius,  muitas (e boas) histórias sobre o Poetinha me foram sendo apresentadas em entrevistas, documentários ou relatos do próprio, registrados em áudio e vídeo.

Abaixo, seguem algumas:

1. Uma letra roubada.

Vinícius escreveu a letra de "Tarde em Itapoã" com o intuito de dá-la a Dorival Caymmi para que musicasse seus versos.

Porém ao ler a letra, seu parceiro Toquinho resolveu roubá-la para compor a melodia e apresentar ao poeta.

Assim o fez, e ao entregar a gravação final, após o poetinha ter xingado muito pelo fato de ter pensado que perdera o manuscrito (havia dado por perdido) e ouvido exaustivamente, optou por deixar como estava.

2. Whisky, o melhor amigo.

Vinícius dizia: "O whisky é o melhor amigo do homem. O whisky é o cachorro engarrafado".

3. Fama de mulherengo.

Vinícius casou-se 9 vezes.

Um destes amores nasceu assim: Maria Bethânia estava morando no Rio de Janeiro onde realizava shows. Uma amiga da Bahia veio visitá-la e numa noite, resolveram andar juntas pela praia.

Ao avistar Vinícius de Moraes (de quem já era amiga), Bethânia logo quis apresentá-lo para a amiga baiana. Vinícius estava triste, sozinho na praia (recém saído de um relacionamento) e segundo Bethânia, seu rosto transformou ao ver a amiga.

A tal amiga quando retornou a Bahia, já era esposa do poetinha.

4. Diplomata rebelde.

A profissão de poeta e mais tarde músico não agradava aos burocratas conservadores que não via com bons olhos um Diplomata como Vinícius de Moraes exercendo estas atividades.

Soma-se ao fato de Vinícius ser crítico do regime militar, estas foram as razões para que em 1969 ele fosse demitido dos quadros do Itamaraty.

Um memorando destinado ao Chanceler Magalhães Pinto, assinado pelo próprio Presidente Costa e Silva com os seguintes dizeres: "Demita-se este vagabundo".

Vinícius foi demitido, o apelido pegou (virou até música: "Poeta poetinha vagabundo...") e Vinícius virou músico e poeta em tempo integral.

Tempos depois, ainda sob a ditadura, um oficial do Itamaraty levou-lhe um ofício readmitindo-o ao emprego de Diplomata. Por discordar do regime, Vinícius gentilmente pediu que o oficial enfiasse a correspondência.

Em 2006, o Presidente Lula não apenas o readmitiu aos quadros do Itamaraty, como em 2010 promoveu-o a Primeira Classe da carreira de Diplomata, corrigindo assim, post mortem, uma injustiça de 40 anos.

5. De novo a censura.

Em um show, o poetinha lamentando a morte de 3 Pablos naquele mesmo ano de 1973 (Neruda, Casals e Picasso), disse em alto e bom som:

"Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
Oh ano triste e sem sorte.
Vai pra puta que pariu".

Foi o bastante para ser censurado e impedido de participar do show durante 1 mês.

Neste período, os demais artistas que faziam o show com ele se apresentaram normalmente, deixando no palco a mesinha com whisky e cigarro, onde ele se sentava, denunciando a falta compulsória do poeta.

6. Desejo do poeta.

Sentados numa roda de amigos boêmios, Vinícius curtia a noite carioca quando um destes "sortistas" de rua chegou até eles falando coisas sobre o futuro, querendo ler a sorte e dizendo que poderia contar o que cada um fora em outras vidas.

O tema "outras vidas" veio à tona com cada um dizendo como gostariam de vir se houvesse de fato a oportunidade de voltarmos após esta vida.

Vinícius então manifestou seu desejo: "Eu quero vir do jeitinho que eu sou mesmo, gostaria apenas de voltar com o pinto um pouquinho maior".


Em tempo: As histórias de nº 4 e 5 estão no livro “Histórias de Canções - Toquinho”, de João Carlos Pecci e Wagner Homem.


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