quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Semana Vinicianiana - Como cheguei até Vinícius.

Descobri Vinícius de Moraes redescobrindo Toquinho.

Toquinho sempre foi pra mim o cantor da "Aquarela", uma música que embalou muitas infâncias mais pela beleza de sua harmonia e pelo sucesso da música (das paradas de sucesso à propaganda da Faber Castell) que pelo seu real significado letrístico. Afinal, trata-se de uma música cuja letra enorme não apresenta refrão e uma temática fatalista, que conduz seu desfecho para o derradeiro final de todos nós.

Redescobrindo Toquinho, a ponto de tê-lo hoje como meu artista musical favorito (quem mandou você sumir Belchior?!), mergulhei em sua obra de corpo (assistindo a todos os shows dele quando se apresentou em Ribeirão Preto de 2004 pra cá) e alma (comprando CDs, DVDs, livros, pesquisando em sites e assistindo a entrevistas).

E descobri sua grande parceria com Vinícius de Moraes, em letras memoráveis.

E foi assim que cheguei ao Vininha, quando me dei conta de que ele não era apenas o autor de "Soneto da Fidelidade", poema que sei declamar de cor desde os tempos de colegial (ainda que naquela época não tivesse o ritmo e a cadência poética que hoje tenho ao declamá-lo).

Vinícius era também um dos grandes letristas da MPB.

Comecei uma nova pesquisa e um mundo novo se abriu para mim, apaixonado que sou pela MPB. Ele esteve presente no nascimento da Bossa Nova, que ao lado da Jovem Guarda, Tropicália e Clube da Esquina, forma o supra sumo dos grandes movimentos musicais brasileiro.

Cheguei a baixar adquirir "Chega de Saudade" em várias versões, cantada por vários artistas e ouvir sem parar enquanto saboreava um scotch. Confesso que meu gosto pela bebida inglesa aumentou muito após a minha fase viniciniana, mas isso não vem ao caso.

E após esgotar, ou pelo menos quase esgotar, suas canções, inevitavelmente veredei pelo caminho da poesia, afinal sou professor de Literatura.

Novo universo aberto diante meus olhos. Muito mais que "Soneto da Fidelidade", bebi da fonte de Vinícius à exaustão. O amor sem medida apresentado em seus versos, sua poesia social, sua fase clássica e a fase popular,... Me senti como um ET que recém chegado à Terra, pediria ao 1º terráqueo que encontrasse: Mostre-me suas melhores poesias de amor.

Felizmente o terráqueo em questão seria algum amante de boa música e poesia e não um amante de funk, o que teria mudado tudo para o ET.

Hoje, dentre todas as poesias que me encanta, destaque para "Soneto do Amor total", que reproduzo abaixo:


É o poema que, se um dia minha máquina do tempo funcionar, voltarei no tempo antes dele ser escrito, para "escrevê-lo" como meu.

Hoje me dou conta do quanto sua vida e obra me influenciou.

Verdade é que Vinícius de Moraes deixou em mim muito mais que o paladar etílico por whisky, deixou em mim uma nova visão do amor que eu jurava que havia se perdido em algum canto escondido da memória afetiva deste misantropo, estoico e pessimista, uma espécie de dândi caipira, blasé e esquerdista.

Uma mudança causada pelo impacto como um meteoro de versos como:

"Todo grande amor só é bem grande se for triste".
"Mas deixe a lâmpada acesa / Se algum dia a tristeza quiser entrar / E uma bebida por perto / Porque você pode estar certo que vai chorar".
"Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão".
"Pelo amor de uma mulher / Eu viro a cara pro perigo /  E seja lá o que Deus quiser".

E tantos outros que não caberiam neste post. 

Decididamente, não fui o mesmo depois que Vinícius entrou em minha vida.

Abaixo, uma das muitas histórias do maior parceiro do Poetinha.




 

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