Eu era um vereador em começo de mandato,
ainda aprendendo sobre política.
O ano era 2001. O mês, julho.
Num fim de tarde de muito frio, recebi um
telefonema do então vice Prefeito para uma conversa em sua casa.
Dada a grande proximidade que sempre tive
com ele, fui.
Chegando lá, encontrei-o chateado pôs-se a
reclamar comigo sobre coisas que para ele estavam erradas na administração de
nossa cidade.
Entre as lamúrias, muitas críticas ao
Prefeito. Críticas pesadas.
Disse que romperia, pois não fora para isso
que ele "deu a cara a tapa na campanha".
Perguntou-me qual era a minha posição dentro
da Câmara, no que lhe respondi que era a mesma do primeiro dia de mandato:
independente.
Da base aliada sim, mas com a minha
independência para votar como quisesse, sem orientação governista ou
fisiologismo.
Confesso que saí de lá preocupado, um racha
naquele limiar de governo seria catastrófico, mas algumas das pesadas críticas
faziam sentido.
Procurei um cacique governista, que entre
sorrisos me disse: "Não compre essa briga, você vai acabar com cara te
tacho".
Questionei seu vaticínio e ouvi: "O que
ele fala não se escreve, logo logo tá elogiando de novo".
Conselho ouvido, conselho seguido, fiquei na
minha esperando pra ver o que aconteceria.
Veio o mês de agosto e com ele um convite
para o vice prefeito ocupar a Presidência da Expuã daquele ano.
Nunca mais ouvi críticas dele sobre a
administração até porque estas nunca mais foram feitas.
Ou se foram feitas não tomei conhecimento,
pois nunca mais nos falamos depois disso.
Pelo menos não sobre política municipal.
Muito em razão da minha parte, que nunca
mais tive o menor interesse em fazê-lo.
Havia compreendido muita coisa da nossa política doméstica com o fato acontecido.
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