sábado, 31 de agosto de 2013

Com o lápis na mão.

Que eu me lembre, em duas ocasiões eu estudei com estrangeiros.

A primeira foi na graduação em História, na Unesp de Franca com um Caboverdiano chamado José Luís. Ele não estava na minha turma, apenas cursava uma disciplina, que não recordo qual, com a gente.

Ao ver seu sotaque português de Portugal arrastado, perguntei-lhe a origem e ele respondeu com o sotaque mais carregado ainda:

- Cabo Verde.

E concluiu:

- Cabo Verde na África, não em Minas Gerais.

Eu sequer sabia que o arquipélago africano, antiga colônia portuguesa tinha como homônima, uma cidade no interior das Minas Gerais.

A outra oportunidade foi no Mestrado na PUC/SP, quando estudei com um Moçambicano chamado Remane, com quem pude ter uma boa amizade e aprender muito sobre seu país.

História, política, curiosidades, cultura, tudo era motivo para eu aprender sobre essa ex colônia portuguesa na África Oriental que adora o Brasil e tem vínculo muito forte com a PUC/SP.

Infelizmente não pude estar presente na ocasião em que um amigo de sala em comum o levou para assistir a um jogo do Timão e batizar-se Corinthiano.

Dentre as boas histórias que me contava, uma delas tinha status de folclore, sem comprovação testemunhal, porém contada por todos moçambicanos que estudam na PUC/SP.

Dizia que a primeira leva de estudantes de Moçambique a cursar mestrado na PUC/SP, procuraram certa vez o departamento financeiro para saber como proceder para pagar a mensalidade.

Acontece que "mensalidade" no português moçambicano é "propina", e mal sabia os estudantes africanos que no Brasil, "propina" é "Quantia em dinheiro que se oferece a alguém em troca de favor ou benefício quase sempre ilícito". Algo ilegal, passível de punições como processo e prisão.

Ocorre que a moça da tesouraria não sabia que "propina" era "mensalidade" para eles e ao ser questionada como eles deveriam pagar a propina, respondeu que na PUC não tinha de pagar propina.

Felizes pela informação da jovem, os estudantes dedicaram-se exclusivamente aos estudos.

Alguns meses depois são chamados na tesouraria para um assunto "delicado": falou um chefe da repartição sobre a ausência do pagamento das mensalidades.

Quiseram saber o que era mensalidade e entenderam que era o mesmo que propina:

- Mas a moça disse que não tinha que pagar propina!

E então o mal entendido foi esclarecido.

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