Quando criança, nunca gostei de ler.
Exceção feita aos gibis.
Não todos, apenas os gibis do Maurício de
Souza, não gostava, por exemplo, dos gibis das personagens de Walt Disney.
Abre parênteses:
Não consigo falar ou escrever Walt Disney
sem recordar de um aluno que tive.
No primeiro dia de aula, perguntei seu nome
e ele respondeu: Valdisnei.
Questionado sobre a origem de nome tão
incomum, ele respondeu:
- Meu
pai gostava de assistir uns desenhos na televisão e sempre que passava,
aparecia o nome Valdisnei.
Fecha parênteses.
Curioso como que na época a leitura destes
gibis não era vista como um ato de aprendizagem, mas uma leitura supérflua, sem
reflexos na educação.
Hoje percebo o quanto foi bom para mim
aquele hábito da infância.
Aqueles gibis não são escritos ao acaso,
evidentemente que passam por uma eficiente correção ortográfica, o que por si
só bastaria para ser incentivada sua leitura, pois por ela pode-se aprender,
por exemplo, que determinada palavra se escreve com "s" e não com "ç".
Além de muitas informações contidas nas
histórias que nos ajuda em disciplinas como história, geografia e até química.
Recordo que foi em um destes gibis que aprendi que a água é composta por duas
moléculas de Hidrogênio e uma de Oxigênio e que seu símbolo é H2O.
Fora o quanto estas leituras me ajudaram na
hora de elaborar redações, servindo como fonte de inspiração e, confesso, em
algum caso, até mesmo recorrendo ao expediente de reproduzir a história
completa que havia lido várias vezes, portanto decorado na memória, como se
fosse minha.
O nome disso? Plágio, eu sei, mas vai
explicar isso para um garoto de 10 anos precisando de nota.
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