Das muitas expressões típicas de Ipuã (se
não exclusivas, mas muito usuais na linguagem de nossa cidade) as duas que eu
mais gosto são: "Da moda do otro" e "que eles fala".
Assim mesmo, com erro de concordância e tudo
mais, afinal utilizá-las dentro das normas da língua culta não teria graça.
Vai me dizer que ouvir "da maneira do
outro" ou "que eles falam" não te soaria estranho?
A primeira expressão é usada como uma maneira
do interlocutor mostrar distanciamento do objeto, do fato ou da citação. Algo
como: isso não é comigo, uma outra pessoa quem disse.
Em suma, a expressão "da moda do
otro" atua como um i.i.s. (índice de indeterminação do sujeito), da mesma
maneira que usar o "-se".
Já a segunda expressão, utilizada para conferir à
informação transmitida, ares de senso comum.
Curioso como esta expressão geralmente é
antecedida por "é o tal do".
Um conhecido, certa vez, relatando que
sentia muito sono em determinada hora do dia, me disse: "É o tal do sono
da morte que eles fala".
Como que dizendo que a teoria do "sono
da morte" não era coisa dele, mas algo presente no inconsciente coletivo,
ou na tradição popular.
Confesso que quando estava em São Paulo
semanalmente, eu ficava com vontade de usar tais expressões só para ver a reação
das pessoas e te a chance de lhes apresentar curiosidades do falar da nossa região. Mas o
medo de ser tratado como chacota e não como um curioso das vicissitudes
linguísticas regionais, sempre me impediu de fazê-lo.
Pensei também em traduzi-las para o inglês e
assim usá-las em Nova York; mas na falta de uma tradução melhor, acreditei que
o literal, "The way the other" e "They speak", ficaria muito estranho aos ouvidos dos
gringos.
Aceito
sugestões para viagens futuras!
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