sábado, 17 de agosto de 2013

Com o giz na mão.

Meu gosto pela Literatura Brasileira vem de longa data.

Apresentada com competência apenas no cursinho, em meados dos anos 90, a paixão aumentou a cada leitura que fiz desde então.

E li, senão todos, os principais clássicos da nossa literatura antes mesmo de concluir a graduação.

Na graduação, sempre que possível, eu convergia estudos de modo a pesquisar a literatura nacional sob o olhar histórico.

E não coincidentemente, me tornei professor de Literatura no cursinho da Unesp já no último ano de faculdade.

Quis o destino que anos mais tarde eu voltasse a lecionar Literatura, onde estou até hoje, embora dividindo espaço com outras disciplinas.

Mas a Literatura está na minha raiz.

Tanto que ao me oferecer aula de Programa de Leitura em uma escola, não pensei duas vezes.

E foi aí que a autocrítica apareceu, razão deste texto.

Descobri que não li um livro sequer de Jorge Amado.

E como consta no programa da disciplina a leitura de um de seus clássicos, o estou fazendo agora, após 12 anos de ofício.

A razão de nunca ter lido é uma só: picuinha política.

Apesar de reconhecer o escritor baiano como um dos melhores do país, sua relação com Antônio Carlos Magalhães parecia-me, e ainda parece, uma traição ao seu passado comunista, passado este que resultou no livro "Luis Carlos Prestes, o cavaleiro da esperança".

Não me parecia coerente que a mesma pessoa que enalteceu o maior líder comunista da história deste país, vivesse de braços dados com ACM no presente.

A 2ª geração da prosa modernista foi para mim desde então, a leitura completa da obra de Graciliano Ramos, boa parte da obra de Erico Veríssimo e a leitura de resenhas da obra prima de Raquel de Queirós.

Nada mais que isso.

Jorge Amado, para mim, limitava-se às novelas e especiais da Rede Globo que o ajudaram a tornar-se o escritor mais popular do Brasil, um dos escritores brasileiros mais lidos e traduzidos no mundo, superado apenas pela aparição do Mago Paulo Coelho como fenômeno editorial.

E agora, compelido a ler Jorge Amado vejo o quanto eu perdi.

Perdi não, na verdade ocupei-me de outros clássicos igualmente importantes dentro da nossa literatura.

A picuinha política tem sido deixada de lado a cada folha que leio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário