Meu gosto pela
Literatura Brasileira vem de longa data.
Apresentada com
competência apenas no cursinho, em meados dos anos 90, a paixão aumentou a cada
leitura que fiz desde então.
E li, senão
todos, os principais clássicos da nossa literatura antes mesmo de concluir a
graduação.
Na graduação,
sempre que possível, eu convergia estudos de modo a pesquisar a literatura
nacional sob o olhar histórico.
E não
coincidentemente, me tornei professor de Literatura no cursinho da Unesp já no
último ano de faculdade.
Quis o destino
que anos mais tarde eu voltasse a lecionar Literatura, onde estou até hoje,
embora dividindo espaço com outras disciplinas.
Mas a Literatura
está na minha raiz.
Tanto que ao me
oferecer aula de Programa de Leitura em uma escola, não pensei duas vezes.
E foi aí que a
autocrítica apareceu, razão deste texto.
Descobri que não
li um livro sequer de Jorge Amado.
E como consta no
programa da disciplina a leitura de um de seus clássicos, o estou fazendo
agora, após 12 anos de ofício.
A razão de nunca
ter lido é uma só: picuinha política.
Apesar de
reconhecer o escritor baiano como um dos melhores do país, sua relação com
Antônio Carlos Magalhães parecia-me, e ainda parece, uma traição ao seu passado
comunista, passado este que resultou no livro "Luis Carlos Prestes, o
cavaleiro da esperança".
Não me parecia
coerente que a mesma pessoa que enalteceu o maior líder comunista da história
deste país, vivesse de braços dados com ACM no presente.
A 2ª geração da
prosa modernista foi para mim desde então, a leitura completa da obra de
Graciliano Ramos, boa parte da obra de Erico Veríssimo e a leitura de resenhas
da obra prima de Raquel de Queirós.
Nada mais que
isso.
Jorge Amado,
para mim, limitava-se às novelas e especiais da Rede Globo que o ajudaram a
tornar-se o escritor mais popular do Brasil, um dos escritores brasileiros mais
lidos e traduzidos no mundo, superado apenas pela aparição do Mago Paulo Coelho
como fenômeno editorial.
E agora,
compelido a ler Jorge Amado vejo o quanto eu perdi.
Perdi não, na
verdade ocupei-me de outros clássicos igualmente importantes dentro da nossa
literatura.
A picuinha
política tem sido deixada de lado a cada folha que leio.
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