Defendo, embora sem muita base científica
para isso, a equiparação do folclore brasileiro à mitologia grega.
Deveríamos tratar com igual reverência que
temos pelo panteão da cultura helênica, as lendas e tradições do nosso rico
folclore.
Se na tradição grega havia a Esfinge, que
guardava a cidade de Tebas, devorando aqueles que não solucionassem seu
mistério (cá pra nós, uma charada bem fraquinha); no Brasil temos a Mula Sem
Cabeça, que a mim mostra-se muito mais interessante.
O problema é que nossas lendas não têm
unidade, não há, por exemplo, um elo entre elas, como ocorre na mitologia
grega.
Eles não se reúnem, não se conhecem, não
brigam ou namoram entre si. Salvo raras exceções.
É cada um por si.
Custava o Curupira unir-se ao Boi Tatá para
juntos defender nossas florestas? Mas não, cada um o faz isolado na sua região.
Mula Sem Cabeça e Lobisomem formariam uma
dupla infernal (desculpem o trocadilho). Muito embora Lobisomem seja uma lenda
mundial.
Unidos, pela defesa de nossas águas: Boto
Cor de Rosa, Iara e Vitória Régia.
O Negrinho do Pastoreio e o Saci Pererê, até
por afinidades étnicas, também se dariam bem trabalhando em conjunto.
Aliás, a história do Negrinho do Pastoreio
foi talvez a que mais me surpreendeu na infância escolar, quando a professora
não apenas contou, como enfatizou com ares de tragédia, esta triste história.
Gosto das lendas regionais, aquelas que só
região bem específica conhece. Cabeça de Cuia no Piauí, o Chibamba em
Minas Gerais e Cobra Norato no Amazonas.
Claro que nosso folclore não se limita
apenas aos seres sobrenaturais, mas a um conjunto de lendas, canções,
simpatias, ritos, enfim, um complexo cultural que, reafirmo, me apresenta com
muito mais interesse que a mitologia greco-latina.
Talvez este seja o nosso próximo
"complexo de vira lata" que devemos superar.
Ensinando nas escolas de maneira muito mais
incisiva a cultura popular.
E que não apenas na semana de 22 de agosto,
mas em várias épocas do ano.
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