sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Poetinha na avenida.

Quando criança adorava desfile das escolas de samba.

Nos dias em que não ia ao carnaval, ficava em casa assistindo a tudo. Nos dias em que ia, assistia ao compacto do dia seguinte.

Por influência paterna, era mangueirense.

São Paulo na época, o desfile era tão fraquinho que a Globo nem exibia.

Quando começou exibir, adotei a Vai Vai como minha escola preferida; substituída anos depois, por razões afetivas óbvias, pela Gaviões da Fiel.

Mas já nem era tão ligado assim no desfile das escolas.

Aí veio o choque da realidade: a origem do dinheiro que abastece tais escolas.

Não apenas o dinheiro dos patrocínios, inclusive público (aliás, quando ficamos sabendo que o Prefeito de Petrópolis cancelou o carnaval e batemos palma - embora quando aqui se fazia isso criticava-se - não informaram que ele cancelou a verba destinada ao desfile das escolas de samba locais, o carnaval popular não foi cancelado) que abastassem as escolas, também e principalmente o dinheiro sujo, proveniente do jogo do bicho, umbilicalmente ligado ao narcotráfico carioca.

Aí parei de torcer.

Principalmente depois que a bateria da Mangueira tocou numa festa em homenagem ao casamento de Fernandinho Beira Mar.

E os enredos depois disso só me atraíram na medida em que abriam brechas para usá-los em sala de aula, como o da União da Ilha deste ano, cujo tema foi São Vinícius de Moraes, que neste ano completa 100 anos de seu nascimento.

Aliás, foi a única escola a se lembrar da data.

Penso que todas as escolas deveriam ter homenageado-o, a exemplo dos 500 do Brasil no ano 2000.

Seria uma boa maneira de reviver uma ideia do poetinha:

Certa vez, seu parceiro Toquinho lhe fizera uma música para homenagear (só a harmonia) o poetinha. Vinícius gostou do tema e sugeriu que Toquinho enviasse a todos os grandes compositores do país para que cada um fizesse uma letra homenageando-o e ele, Vinícius, escolheria qual teria ficado melhor.

Toquinho não se atreveu a dar ouvido à megalomania do parceiro e enviou o tema para Chico Buarque, que prontamente providenciou a letra da canção "Samba para Vinícius".

O poetinha leu a letra, ouviu a canção e decidiu: "Acho que vou ficar com essa mesmo, não precisa enviar pra mais ninguém não".

Nem teria como não gostar de uma letra escrita por Chico Buarque.


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