domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nos palanques da vida.

Ocorreu que um aluno, em meio à algazarra, que utilizava o transporte coletivo urbano que o levava de seu bairro à escola estadual onde cursava o 1° ano do ensino médio, estragou um banco do ônibus.

Deu-se que ele, utilizando um canivete, fez um rasgo em um dos assentos.

Era ônibus tipo circular, semi novo e em ótimo estado de conservação. Adquirido naquele ano justamente para realizar o transporte de alunos do Bairro à única escola estadual da cidade.

Identificado o aluno, veio a punição: pagar pelo estrago.

Providenciamos o reparo e a conta seria entregue aos pais do aluno.

Enquanto esperava pelo reparo e o consequente pagamento, a mãe do referido aluno me procurou em minha sala levando-o consigo.

Ela chorou bastante, disse que o filho não era dado a estas coisas, que o canivete nem era dele, que se fosse dele "ela o matava", e que estava muito envergonhada pelo ocorrido.

Suas palavras pareceram sinceras, e que de fato o garoto não era mesmo do tipo que depreda as coisas, e que certamente fora levado pela situação promovida pelos "amigos" que na 1ª semana de aula em outra escola abusam da falsa sensação de liberdade e querem chamar a atenção.

A mãe, muito humilde, reclamou ainda que o pagamento, algo em torno de R$ 60,00, pesaria no orçamento doméstico.

Confesso que sensibilizei com a narrativa daquela mãe.

Mas meu cargo incluía tomada de decisões a todo instante e naquele momento não havia outra coisa a se fazer.

Argumentei que o sofrimento dela serviria de lição para ele, que vendo-a sofrer física e financeiramente não faria nunca mais outro ato semelhante de depredação de patrimônio público.

E o dinheiro gasto no reparo do que ele estragou, que repusesse negando algo que o garoto quisesse, explicando-lhe que não daria em razão de ter usado dinheiro para consertar o erro dele.

A mãe entendeu meus argumentos, disse que faria dessa maneira e que o filho tinha aprendido uma lição.

Naquele ônibus nunca mais ouvi notícias de depredação.

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