Começaram os ensaios para mais uma encenação
da Paixão de Cristo em nossa cidade.
Vários amigos meus participam da montagem da
peça, seja atuando, seja na operação técnica, etc...
Recordo que em uma das primeiras
apresentações fui convidado pelos organizadores a participar da encenação.
Não me recordo o motivo que dei para não
participar. Nem o motivo oficial (falta de tempo para dedicar em virtude do
mestrado na época) nem o oficioso (timidez).
Mas a verdade é que fora alguns pitacos que
dou quando corto cabelo no Joacir (Jesus na peça), nada mais contribuí para o
espetáculo.
E foi entre uma tesourada e outra que
comentei com ele sobre o fato de como uma história cujo enredo todos nós
conhecemos consegue encantar expectadores todos os anos que, em suma, assistem
à mesma história desde sempre. Seja no cinema, na TV ou, na história recente
desta cidade, ao vivo.
Comentei esta constatação com alguns amigos
uma vez em meio a uma ou outra cerveja e nos permitimos rir, sem nenhuma
maldade que nos leve a ser chamados de hereges, da seguinte situação hipotética:
Imaginamos uma encenação onde o papel de
Pilatos ficasse a cargo de algum ator amador que, para disfarçar a timidez, bebesse
umas e outras antes de entrar em cena. E então, na hora de condenar Jesus e
soltar Barrabás, diria já embriagado:
- Pensando bem, este homem [Jesus] é
inocente. Prendam Barrabás e soltem este homem. Vá em paz filho, seguir teu
caminho...
Um ator embriagado mudaria o rumo da
história. E encerraria a peça.
Comentei tal devaneio com o próprio Joacir
certa vez, ele riu e sempre que corto o cabelo, ele brinca comigo dizendo que
neste ano vai mesmo acontecer e a história vai tomar outro rumo.
Claro que não vai acontecer, mas que sempre
alguma boa novidade pode surgir para ajudar a contar essa história tão contada
e recontada e ainda tão assistida.
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