terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

De outros carnavais - parte 5 (season finale).

Sem tirar férias há 2 anos, estressado com os afazeres do Depto de Educação e principalmente, sem visitar praia há 2 anos, resolvi, no ano de 2006, viajar para Porto de Galinhas/PE.

Comprei o pacote pós carnaval, muito mais barato que o pacote carnaval.

Aliás, o carnaval acabou na terça e eu viajei na sexta.

Só não sabia que o carnaval havia acabado para nós, pobres mortais do sudeste do país, no Nordeste Brasileiro tava rolando solto.

E assim pude, pela primeira e única vez na vida, experimentar algo parecido com o Carnaval que a gente assiste na TV.

Parecido porque informaram que, apesar da multidão que ainda curtia o restinho de festa, o número de foliões da semana anterior era 4 vezes maior.

Conheci o "marco zero" do carnaval de Recife que tanto falam nas transmissões da TV, andei pelas ruelas estreitas por onde a multidão passa, bati na porta da casa de Alceu Valença em Olinda, ponto de parada obrigatória dos blocos que desfilam pela cidade.

Não cheguei a pegar o famoso "Bacalhau do Batata", mas curti outros blocos igualmente tradicionais. Estes Blocos dão o tom pós festa, algo como uma tentativa vã de prolongar o carnaval, contrariando as palavras do centenário poetinha que sacramentou que tudo acaba na quarta feira.

"Camburão", "Por que parou?", "Parou por que?",... cada dia pós festa, um bloco estica o carnaval mais um pouquinho. Naquele ano, a festa pagã terminou no começo de março e eles esticaram até o aniversário de Recife e Olinda.

Tive o prazer de curtir apenas o Camburão, que ocorre no domingo seguinte à quarta de cinzas. Naquele ano, 250 mil foliões mandaram às favas o calendário oficial que encerrava os festejos dias antes, com o início da quaresma.

Confesso que fui temeroso sob 2 aspectos: 1 -  O risco de beber todas e cair no chão e ser pisoteado pelos foliões. 2 - O risco de me perder ao longo do caminho, pois não conhecia o trajeto que o Bloco percorria.

Descobri na prática que tais problemas não existem:

1 - Não tem como cair é tanta gente espremida nas vielas do centro histórico de Recife que você invariavelmente fica em pé, ainda quer não queira ou não possa.

2 - Não é você quem vai no bloco, é o Bloco que vai com você. Não tem como tomar outra direção diferente da multidão, porque a multidão é uma só e não se consegue sair dela antes que se disperse.

Curioso é que quando a festa acaba, vem a sensação estranha de que carnaval é efêmero, que toda a magia que a gente vive naqueles dias, todas as alegrias intensas, o carpe diem materializado não passou de uma efêmera ilusão, e que é hora de voltar à realidade.

Ao voltar ao hotel, tive a sensação de que em algum lugar (talvez dentro de mim mesmo) estava tocando aquele velho axé dos anos 90:

Eu queria que essa fantasia fosse eterna...

Boas lembranças...

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