Sem tirar férias há 2 anos, estressado com
os afazeres do Depto de Educação e principalmente, sem visitar praia há 2 anos,
resolvi, no ano de 2006, viajar para Porto de Galinhas/PE.
Comprei o pacote pós carnaval, muito mais
barato que o pacote carnaval.
Aliás, o carnaval acabou na terça e eu
viajei na sexta.
Só não sabia que o carnaval havia acabado
para nós, pobres mortais do sudeste do país, no Nordeste Brasileiro tava
rolando solto.
E assim pude, pela primeira e única vez na
vida, experimentar algo parecido com o Carnaval que a gente assiste na TV.
Parecido porque informaram que, apesar da
multidão que ainda curtia o restinho de festa, o número de foliões da semana
anterior era 4 vezes maior.
Conheci o "marco zero" do carnaval de Recife que tanto falam nas transmissões da TV, andei pelas ruelas estreitas por onde a multidão passa, bati na porta da casa de Alceu Valença em Olinda, ponto de parada obrigatória dos blocos que desfilam pela cidade.
Não cheguei a pegar o famoso "Bacalhau
do Batata", mas curti outros blocos igualmente tradicionais. Estes Blocos
dão o tom pós festa, algo como uma tentativa vã de prolongar o carnaval,
contrariando as palavras do centenário poetinha que sacramentou que tudo acaba
na quarta feira.
"Camburão", "Por que parou?",
"Parou por que?",... cada dia pós festa, um bloco estica o carnaval
mais um pouquinho. Naquele ano, a festa pagã terminou no começo de março e eles
esticaram até o aniversário de Recife e Olinda.
Tive o prazer de curtir apenas o Camburão,
que ocorre no domingo seguinte à quarta de cinzas. Naquele ano, 250 mil foliões
mandaram às favas o calendário oficial que encerrava os festejos dias antes,
com o início da quaresma.
Confesso que fui temeroso sob 2 aspectos: 1
- O risco de beber todas e cair no chão e ser pisoteado pelos foliões. 2 - O risco de me perder ao
longo do caminho, pois não conhecia o trajeto que o Bloco percorria.
Descobri na prática que tais problemas não
existem:
1 - Não tem como cair é tanta gente
espremida nas vielas do centro histórico de Recife que você invariavelmente
fica em pé, ainda quer não queira ou não possa.
2 - Não é você quem vai no bloco, é o Bloco
que vai com você. Não tem como tomar outra direção diferente da multidão,
porque a multidão é uma só e não se consegue sair dela antes que se disperse.
Curioso é que quando a festa acaba, vem a
sensação estranha de que carnaval é efêmero, que toda a magia que a gente vive
naqueles dias, todas as alegrias intensas, o carpe diem materializado não
passou de uma efêmera ilusão, e que é hora de voltar à realidade.
Ao voltar ao hotel, tive a sensação de que
em algum lugar (talvez dentro de mim mesmo) estava tocando aquele velho axé dos
anos 90:
“Eu queria que essa fantasia fosse eterna...”
Boas lembranças...
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