domingo, 14 de outubro de 2012

Nos palanques da vida.

Das história de campanha, esta é a que eu mais gosto de contar.
Já foi publicada no blog antigo, há coisa de 2 anos e meio atrás. Segue abaixo uma republicação, sem alterações.
Caso não se recorde ou não a conheça, vale a pena ler. Caso já conheça e está achando este blog repetitivo, procure um blog melhor.


Dos fatos curiosos ocorridos comigo em campanhas eleitorais, acredito ser este, que agora relato, o mais curioso deles.
Corria a campanha eleitoral do ano 2000 e eu estava, sozinho, pedindo voto no Bairro Santa Cruz, de casa em casa. Quando sou interpelado por uma garotinha.
- Moço, minha tia quer falar com o senhor!
Em campanha, quando isso acontece, a gente logo imagina que o eleitor vai te pedir alguma coisa, te questionar sobre algum fato, pedir explicações, xingar, reclamar, dizer que te apoia, etc...
Tudo menos o que a tia da menina pediu.
Ela me pediu para levar a vizinha dela, grávida, até o hospital, pois a bolsa havia estourado e não havia ambulância disponível naquele momento.
Levei a moça grávida, bem como a acompanhante dela (não sei se era parente) e ao deixá-la na Santa Casa pediu que eu retornasse a sua residência com a acompanhante para pegar algumas coisas que esquecera e, se possível, esperar pelo marido, que já avisado do parto iminente, deixara seu serviço para se dirigir à sua casa sem saber que a esposa encontrava já na Santa Casa.
Assim o fiz...
Chegando na casa encontrei o marido afobado, e disse que o levaria à Santa Casa.
No caminho ele me disse:
- Me passa alguns santinhos seus.
Respondi que em outro momento eu deixaria o meu pedido de voto para ele e a família, mas que no momento a única preocupação era o bem estar do filho(a) e da esposa.
Deixei-o na Santa Casa e fui seguir com minha campanha.
Acredito que este pai, tão acostumado com políticos fazendo favores e cobrando-os depois, imaginou que eu não perderia a chance de fazê-lo naquele momento.
Talvez eu até deveria ter feito aquilo mesmo, aproveitado do momento de desamparo de uma pessoa para fazer o simples favor, ficar maior do que ele realmente era, ao ponto dessas pessoas se sentirem na obrigação de votar em mim.
Mas não o fiz...
Aliás, passei na casa destas pessoas dias depois, como passei na casa de muitas pessoas; sequer mencionei o favor.
Por essas e outras alguns colegas me criticam, por não saber ou não querer aproveitar as oportunidades.
Claro que já cobrei alguns favores que fiz, claro que em eleição isso é natural, um acordo tácito entre eleitor e candidato, mas confesso que certas coisas me incomodam, não sei tirar proveito de situação em que a pessoa encontra-se fragilizada.
Uns chamam de ética, outros de burrice.
Já chamei de bom senso.
Hoje, não tenho a menor intenção de achar uma denominação para isso.
Em tempo: Fui avisado pela vizinha dias depois, que nasceu uma criança linda e saudável. Não me recordo o sexo do bebê, lembro de no caminho ter perguntado à futura mamãe o sexo e o nome, mas infelizmente minha memória apronta dessas coisas comigo.

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