Eleições municipais de 1996.
A cidade vinha de duas administrações do
PMDB. A 1ª (1989 - 1992), uma boa administração do Nenê, e a 2ª (1993 - 1996),
uma excelente administração do Itamar Romualdo; e aquela eleição portanto era
barbada, ainda mais que o adversário era o ilustre desconhecido Juscelino
Maruno.
Desde o primeiro dia de campanha, militantes
do PMDB já faziam contagem regressiva para o dia da vitória.
Os mais pessimistas falavam que seria 2 x 1
a contagem dos votos. Eleição garantida!
Recordo de estar num carrinho de lanche
quando um conhecido empresário da cidade esbravejou que a diferença seria de
1.500 votos.
Um homem que estava comendo um lanche
próximo a ele discordou, disse que seria uma eleição apertada. Pois o empresário
o desafiou para uma aposta, lhe daria 1.500 votos de "lambuja". Ao
propor os termos da aposta ouviu do homem, um forte agricultor local:
- Só aposto se for R$10.000,00 pra cima.
Imaginem o quando não valia R$ 10.000,00
naquela época, há 16 anos atrás?
O empresário saiu para buscar o talão de
cheques e até hoje não voltou.
Eu deveria ter percebido que este era a 1º
aviso de que aquela eleição não estava como os líderes do partido garantiam.
Na véspera da eleição, um jornalzinho de uma
cidade vizinha soltou uma pesquisa. Dava 65 x 35 para a vitória do PMDB.
Uma diferença de 20% jamais seria tirada de
uma noite pra outra, eram os tais 1.500 votos a mais que o empresário gabava-se
de que venceríamos esta eleição.
No dia da eleição, um candidato a vereador
me disse a seguinte pérola:
- Conheço esse pessoal da oposição, quando
der 16:30h, eles vão embora da porta da escola que você não vê mais nenhum
deles.
Fiquei confiante mais ainda.
Chegou 16:30h e o pessoal continuava na
porta. 16:45h, 16:50, 17:00h portões fechados e todos os militantes da oposição
continuavam na porta da escola.
Foi o 2° aviso que eu deveria ter visto.
As urnas saíram das escolas debaixo de
aplausos (o voto não era eletrônico e a contagem de votos era manual feita em
S. Joaquim da Barra).
Fui acompanhar a votação na vizinha cidade
já era noite. No rádio, ouvíamos que PMDB vencia por uma apertada diferença.
Quando iriam chegar os tais 20% de diferença
que o jornalzinho havia falado? Nos questionávamos na estrada. Anos mais tarde,
descobriria que nunca houve os tais 20% de diferença, era pesquisa fajuta.
Ao chegar no local, a diferença continuava
apertada.
Eis que na última urna, a da Capelinha,
momentos de apreensão.
Virada do PSDB que na última urna reverteu a
apertada diferença, conquistando uma das mais inesperadas vitória que eu já vi.
Graças ao trabalho deles que foi muito, mais
muito melhor que o nosso, graças a rejeição gigantesca que nosso candidato
tinha, e graças também à pesquisa fajuta, que nos iludiu com a promessa de
vitória certa.
Intão só que a pesquisa dessa vez era real, mas a pesquisa errou um pouquinho né, ela apontava com 50,3 e o resultado nas urnas foi 59,20 para o candidato Nenê Barriga, coisa feia o que a oposição em Ipuã tentou fazer desmerecer os resultados do jornal. Fica a prova de que nem sempre a pesquisa é fajuta em alguns casos ela é verdadeira e o fato de estar atrás nao da o direito de insinuar que a pesquisa é falsa.
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