domingo, 27 de maio de 2012

Nos palanques da vida.

Eu era Diretor do Depto de Educação e Cultura de Ipuã, o ano devia ser 2006 ou 2007 não recordo bem, quando chegou em minha mesa um pedido de uma escola.
Tratava-se de um pedido para que fossem xerocadas centenas de autorizações, que os alunos deveriam entregar aos pais, para estes assinarem permitindo que os filhos assistissem a uma palestra sobre educação sexual na referida escola.
Malas diretas são comuns nas escolas, geralmente para os pais autorizarem viagens, convites para reuniões, entrega de boletins etc...
Mas para permitir que os filhos participem de palestras, confesso nunca ter visto até então.
Chamei a diretora na minha sala, expliquei-lhe que achava desnecessário, pois a referida palestra aconteceria na própria escola e mais, não era assunto estranho ao currículo escolar, uma vez que educação sexual estava entre os conteúdos da disciplina da grade.
Não era pelo valor, pois seria irrisório, mas não achava necessário.
A diretora argumentou que ela preferia dessa maneira, para evitar que os filhos chegassem em casa falando que ouvira falar sobre sexo nas escolas e os pais serem pegos de surpresa. Além do mais, pode ser que algum pai não aceitasse que seu filho ouvisse esse assunto na escola.
Mesmo discordando da diretora, acabei autorizando seu pedido e foram xerocadas umas 500 autorizações.
Qual não foi a minha surpresa quando, no dia da palestra, a diretora me informa que 3 alunos tiveram sua autorização negada pelos pais.
Uma mãe fez questão de ir à escola e dizer que acha correto a escola abordar o tema, porém ela preferia ela mesma, ao lado do marido, falar com a filha sobre o assunto.
Os demais não justificaram.
A escola liberou os 3 alunos no horário da palestra para irem mais cedo para a casa e eu aprendi uma importante lição naquele dia.

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