sábado, 5 de maio de 2012

Com o lápis na mão.

Não foi uma tarefa fácil.
Um curso de mestrado por si só já é uma tarefa complicada: dedicação, comprometimento, paciência, tempo,... O problema era o tempo.
Durante dois semestres inteiros, viajei a São Paulo duas vezes por semana.
Eram horas intermináveis dentro de ônibus. Aliás, não apenas ônibus mas carro, metrô, circular e algumas vezes, táxi.
Só não usei avião.
Dois anos complicados pra mim, onde cada coisa na minha vida teve de dividir espaço com a preocupação do mestrado. A convergência dos meus esforços e pensamento era para o Mestrado.
Mas pra que serve um mestrado?
Das milhares de respostas possíveis, escolho uma que apenas a pouco tempo consegui formular: Serviu para me fazer melhor.
Não melhor que os outros, pois o título por si só não tem esse poder, mas o mestrado me ajudou a ser melhor que a mim mesmo, a conhecer minhas possibilidades, minhas habilidades e é claro, meus limites.
Graças a esses 2 anos de trabalho árduo, me tornei uma pessoa melhor, um professor melhor, um aluno melhor. Não apenas pelas aulas, mas por tudo que o curso envolveu.
Nunca me imaginei conhecendo São Paulo. Ao menos em parte. Ao longo desses anos, comecei a saber de cor itinerários de ônibus, ruas, locais,...cheguei até a ensinar moradores "perdidos".
Não achava que numa cidade tão fria e impessoal, pudesse estabelecer relações de amizade que depois dos 30 não se espera que possa construir.
Não imaginava o quanto poderia aprender sobre educação em apenas 2 anos.
Não achava que um caipira, saído de uma cidadezinha no interior do Estado, pudesse se tornar um caipira pesquisador em educação.
Foram 2 anos que, no início, pareciam 2 séculos, e agora, ao chegar ao fim, olho pra trás e não são mais que duas semanas.
Ontem, ao deixar o prédio da PUC/SP, após cumpridos os últimos trâmites burocráticos, fui descendo as rampas e lembrando os locais onde percorri, as pessoas com as quais convivi, fatos banais ocorridos, fatos relevantes, memórias...
Saí de lá com uma estranha certeza, a de que essa história não terminou ontem e que muito mais ainda está por vir.
Afinal, mestre Fernando Pessoa já dizia:

"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre a começar,
a certeza de que é preciso continuar,
a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar…
Portanto, devemos: fazer da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro…"

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