sábado, 26 de maio de 2012

Com o lápis na mão.

No meu tempo de estudante (para não usar a frase "na minha época"), os professores não falavam sobre sexo nas aulas.
Pelo menos ao longo do meu ensino fundamental, onde pra não dizer que nunca, apenas em duas ocasiões houve alguma abordagem em sala de aula sobre educação sexual.
Numa dessas, uma professora de uma disciplina de humanas, sabe-se lá porque ela foi a escolhida, passou duas aulas conversando com a gente, aliás, apenas ela falava, sobre detalhes da vida sexual. Lembro que ao chegar em casa e comentar com meu pai o teor da conversa e o que fora dito, ele apenas comentou que deveriam escolher melhor os professores para tocar no assunto.
Acredito que meu pai gostaria que alguém com mais conhecimento teórico sobre o assunto fosse designado para tão importante tarefa.
E outra vez, um professor, esse sim da área das ciências biológicas, pediu que os garotos se retirassem da sala pois o papo seria apenas com as meninas.
Ficamos lá fora especulando qual seria o tema tão importante a ponto de pedir que nos retirássemos. Muitos teriam apostado o dinheiro do lanche na hipótese de que havia alguma aluna grávida na escola, o que fizera com que a direção tivesse um papo sério com todas as garotas do colégio.
Fui o único a tomar coragem e, no recreio, perguntar ao professor qual era o assunto. Ele me respondeu de maneira didática e bem educada:
- Não é da sua conta. O assunto não era só com as meninas da sala???
Fiquei sabendo mais tarde, por meio das colegas de classe, que o assunto tão secreto e recatado, que somente as meninas podiam ouvir era sobre... menstruação.
Menstruação, é mole?!?!
Nós, garotos não poderíamos ouvir falar sobre isso.
Ora bolas, eu cresci numa casa com 4 mulheres, certamente conhecia mais de menstruação do que o professor.
Mas algumas perguntas não me saem da cabeça:
* Por que os garotos não puderam ouvir?
* Foi decisão do professor ou da direção a "palestra" apenas para as garotas ou do professor?
Enfim...
No ensino médio a coisa melhorou, seja porque ficamos mais velhos e os papos sobre sexo ficaram mais abertos, seja pelo fato de que houve uma abertura na mentalidade dos educadores para começar a falar sobre educação sexual.
Recordo de uma excelente palestra sobre AIDS, quando estudava em São Joaquim da Barra e uma palestra dada pela Dra Solange (lembra dela?), aqui em Ipuã. Onde ela falou sobre AIDS e demais DSTs, prevenção, camisinha, distribuiu folhetos explicativos etc...
Uma palestra onde a gente teve a oportunidade de participar, aliás, como deveriam ser todas as palestras.
Sei que hoje praticamente todas as escolas abordam essa questão, pena que muitas vezes só acontece com alunos mais velhos. Penso que deveríamos encontrar maneiras de falar sobre o assunto com os mais jovens e em cada faixa etária, abordar o assunto de uma maneira diferente.

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