sábado, 18 de novembro de 2017

SÓ UM APERITIVO [Há 10 anos].

10 anos atrás minhas reminiscências sobre minha infância em Ipuã nos anos 80 povoam minhas ideias na forma de um livro (ainda inacabado).

À medida que escrevia, sentia a necessidade de ir postando doses homeopáticas pra ver se o pessoal gostava.

Resultado até que foi satisfatório.

Mas o livro empacou desde então.

Faz 10 anos que postei uma pequena dessas doses para meus leitores.

Curiosidade 1: O livro tinha um capítulo sobre os bares famosos da cidade.

Curiosidade 2: O trecho abaixo é uma versão revista e editada da versão original de 10 anos atrás.

Segue o texto.


SÓ UM APERITIVO


De nada adianta escrever sem divulgar.

Então, aqui vai uma palinha do que ando escrevendo, lembrando que ainda não foi revisado nem corrigido, será publicado aqui tal como acabei de escrever.

"E não poderia encerrar um tópico que fala de bares sem citar aquele que foi, sem dúvida nenhuma, um dos mais tradicionais bares da cidade: o Bar do Dito.
O Bar do Dito, ao contrário dos outros estabelecimentos do gênero citados nesta obra não era um ambiente notívago, mas um bar para se tomar uma cervejinha ao final de um dia estafante ou então para se fazer uma refeição rápida no meio da tarde, onde podia-se provar a melhor coxinha da sua vida. O sabor das coxinhas certamente estão na memória de muitos ipuanenses, principalmente nos dias atuais, quando o estabelecimento não mais é tocado pelo Dito, que após anos de serviços, resolveu pendurar o avental.
Mas se a qualidade do bar era inegável, o atendimento por vezes deixava a desejar, afinal, quem nunca teve uma encrenca com o Dito? E de tantas encrencas e a fama (justa por sinal) de mau humorado, o Bar do Dito acabou ficando folclórico também por brigas propositais de fregueses que iam para saborear salgados e cerveja gelada, mas também praticar o que virou um hobby para muitos: infernizar o Dito.
Das coisas que mais o irritava, estavam: reclamar que o salgado estava gelado e a cerveja quente, mesmo que o salgado tivesse saído da frigideira e a cerveja branca de gelo, ou então fazer conjecturas sobre o faturamento diário do seu bar e sobre a possível fortuna acumulada pelo Dito após anos de ofício, outros pagavam por um único salgado com uma nota grande, o que gerava reclamações do Dito enquanto recolhia e contava o troco, e ao entregá-lo, percebia que o freguês tinha várias notas pequenas na carteira, e que fizera apenas para trocar a nota graúda, e pior, deixava claro que tinha feito de sacanagem.
Mas a verdade é que o próprio Dito havia feito disso seu marketing pessoal, ele sabia que que os fregueses gostavam de vê-lo irritado, então ele se irritava para deleite dos fregueses, que voltavam em outras oportunidades para provocá-lo e é claro, gastar mais um pouco. E nesse comensalismo comercial, o Dito se beneficiava de uma clientela sempre cativa que nada recebia em troca a não ser boas risadas e histórias em rodas de bar".

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