sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Gritos, cantos e palavras de ordem.

Eis que fico sabendo que a família e ex gravadora do cantor Tim Maia está processando o Corinthians.

O motivo? O uso da música "Não quero dinheiro" para fins comerciais.

Trata-se de uma paródia feita em 2008, usada pela Fiel Torcida durante todo aquele ano (aqui).

Curioso como no meu tempo não tinha dessas coisas. Aliás, era comum em jogos escolares, o apoio da torcida com cantos que empurravam o time adiante.
"Não Quero Dinheiro, Eu Só Quero Amar" para fins comerciais.... - Veja mais em https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/11/06/familia-de-tim-maia-e-gravadora-processam-o-corinthians-por-uso-de-musica.htm?cmpid=copiaecola
"Não Quero Dinheiro, Eu Só Quero Amar" para fins comerciais.... - Veja mais em https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/11/06/familia-de-tim-maia-e-gravadora-processam-o-corinthians-por-uso-de-musica.htm?cmpid=copiaecola
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"Não Quero Dinheiro, Eu Só Quero Amar" para fins comerciais.... - Veja mais em https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/11/06/familia-de-tim-maia-e-gravadora-processam-o-corinthians-por-uso-de-musica.htm?cmpid=copiaecola

Tempo de ingenuidade, dirão os jovens do século XXI, mas acreditem, não troco a ingenuidade de outrora pela malícia dos dias atuais jamais.

Já escrevi aqui que um colega de faculdade em um encontro de turma assim me definiu: "Tu é um Romântico do car...".

Aliás esse amigo participará de um fato neste texto logo mais.

Voltando aos cantos da torcida...

Nos ingênuos anos 80, pelo menos na ingênua Ipuã, os jogos de guerra eram animados com gritos de guerra padrão das torcidas.

Recordo basicamente de 2:

"É canja, é canja, é canja de galinha. Arranja outro time pra jogar na nossa linha".
"A meia noite e meia passou um avião, e nele estava escrito nosso time é campeão".

Confesso que tais cantos não sobreviveriam a uma boa interpretação textual.

O que a canja de galinha tem a ver com o jogo? Por que se faria necessário outro time na nossa linha? Afinal, está pedindo para trocar o time? Então não é um canto de guerra para ajudar?

Onde a gente estava quando o voo noturno avisou que nosso time seria campeão? Ele puxava uma faixa ou estava escrito na fuselagem? Meia noite e meia era hora de criança estar na rua vendo aviões? Como conseguiu ler se era meia noite e meia?

Nunca mais entoei canto nenhum, salvo no estádio onde quando fui segui o coro dos cantos da torcida, ainda assim os tradicionais, nada dos modismos passageiros como a paródia da música do Tim Maia que deu essa polêmica toda.

Mas vamos à história do amigo acima citado. Já escrevi neste blog em outra ocasião mas é sempre bom relembrar.

Chama-se Odilon, já era dentista com a carreira consolidada quando resolveu, depois de criados os filhos, estudar História. Era o mais velho da turma, mas não o mais antigo. Espirituoso, dono de uma inteligência e sagacidade raras, além de um senso de humor peculiar.

Enfim, uma figuraça.

Fomos a uma manifestação da Unesp em São Paulo, para protestar contra alguma votação sobre verbas para Universidades. Eu, ele e outro colega, o Danilo; este de Uberaba também historiador, dono de uma memória privilegiada (consultor informal deste Blog) e muito espirituoso.

Nós 3 descíamos a Brigadeiro Luís Antônio acompanhando a manifestação (meio arrependidos daquela roubada) e durante o trajeto, palavras de ordem, semelhante aos gritos de torcida, eram cantadas pelos manifestantes:

"Você aí parado, também é explorado".
"Fernando 1. Fernando 2. Qual é a m... que vem depois".
"Sai FHC. Mais THC".

A 2ª frase, uma referência a dois Presidentes com nome de Fernando (Collor de Mello e Henrique Cardoso) alvo da oposição dos manifestantes ali presentes.

E a 3ª, um trocadilho entre a sigla que se referia ao então Presidente, com o um composto da família dos fenóis, principal componente de uma planta bastante apreciada por alguns dos manifestantes ali presentes (aqui).

Em meio àquela bagunça, Odilon se vira para mim e pro Danilo e diz:

- Estes gritos de ordem não estão com nada. Eles tinham que gritar aqueles refrões antigos do tipo: "A meia noite e meia passou um avião e nele estava escrito que o Colégio Nossa Senhora das Dores é Campeão".

Ao perceber que o verso não caberia na melodia, completou:

- Vixi! O verso ficou grande demais.

E eu retruquei: 

- Ficou um verso bárbaro. (verso com 13 ou mais sílabas poéticas).

Não satisfeito, Odilon sugeriu outro canto de sua época, uma pérola que ficou na nossa memória até hoje:

- "Joguei meu canivete no capim barba de bode. Faz tempo que nóis não m..., faz tempo que nóis não f...".

Daí pra frente nem preciso dizer que acabou a manifestação para nós.

A rima para canivete e bode foi censurada pelo Blogueiro, crianças podem estar lendo. Na dúvida, complete a letra com as respectivas rimas.

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