quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Mais essa agora: Querem "despatronar" Paulo Freire.

A notícia não é nova.

Fiquei sabendo pelas Redes Sociais da Dep Luiza Erundina (aliás, em quem votei nas últimas eleições) que existe um movimento para "despatronar" (com perdão do neologismo) o título dado ao Prof Paulo Freire de Patrono da Educação Brasileira.

Chama-se Stefanny Papaiano a "Jênia" da ideia. E não está sozinha, o Escola Sem Partido apoia essa ideia.

Motivo alegado: “Paulo Freire é considerado filósofo de esquerda e seu método de educação se baseia na luta de classes” (aqui).

Motivo real: O Escola sem Partido na sua cruzada contra aquilo que eles chamam de doutrinação, promovem a boa e velha iconoclastia já de olho nas eleições em 2018.

Menos mal que a "Jênia" não faz como muitos de seus pares do Escola Sem Partido e chama (propositadamente ou ignorantemente) Paulo Freire de Educador Marxista.

Costumo dizer em sala de aula que quem chama Paulo Freire de Marxista ou não conhece Paulo Freire, ou não conhece Marxismo.

Auto declarado "Esquerda Progressista", Paulo Freire obviamente bebeu de fontes de escritores epistemologicamente alinhados ao Marxismo e mesmo ao Neo Marxismo, e sua dialética "opressor x oprimidos" reproduz em certa maneira uma luta, não de classes, mas de condições sociopolíticas, cujo desfecho para o autor seria a adoção de uma "Educação Libertadora", onde o oprimido não busque o lugar do opressor (e assim usar do mesmo modus operandi), mas a sua própria Libertação.

A Sra Papaiano (que deveria ser Papagaio, por repetir sem refletir) talvez desconsidere que Paulo Freire seja o único escritor Brasileiro com livro na lista dos livros mais pedidos em Universidades de Língua Inglesa (aqui). E que seu acervo acaba de ser reconhecido como Patrimônio da Humanidade (aqui).

Ou que é um dos Brasileiros mais laureados com título de Doutor Honoris Causa em faculdades internacionais (29 no total).

Nada mais natural que uma pessoa idolatrada no mundo todo, ser reverenciada em seu próprio país; tão acusado de não tratar bem seus bons exemplos.

Certamente o "crime" que o Escola Sem Partido acusa Paulo Freire é o de se esquerda, ou ter contribuído para a Fundação do PT, ou ter sido Secretário de Educação da Administração de Luiza Erundina, ou ainda, o título de Patrono ter sido dado pela ex Presidenta Dilma Rousseff.

Muito mal comparando, seria o mesmo que eu começar um movimento para excluir de Pelé o título de Rei do Futebol em razão dele não ter jogado no Corinthians, desconsiderando sua importância para o futebol Brasileiro e Mundial.

Ter feito mais de 1000 gols, ter parado uma Guerra, ter sido considerado o atleta do século, ter ganho 3 Copas,... tudo isso deixado de lado em razão de não ser do time que eu torço?

Já pensou se a moda pega e um Presidente de Esquerda resolve retirar a homenagem feita do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais "Anísio Teixeira" (INEP) - uma das principais autarquias da Educação no Brasil - retirando o nome do Educador em razão de seu posicionamento Liberal, ou de "Direita" como alguns confundem?

Talvez melhor seria esse pessoal tratar essas questões em boas sessões de terapia e não com ideias estapafúrdias como esta.

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