quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Incidente em Antares.


A história eu já conhecia.

Das aulas do cursinho, do especial da Rede Globo (foto abaixo), de resenhas que li para poder ensinar literatura.

Mas a obra em si, ainda não havia lido.

E ao fazê-lo, fechei o arquivo PDF (ainda não encontrei pra comprar) e tive a certeza: acabara de ler uma das melhores obras da literatura brasileira.

Dividido em duas partes, a primeira faz um passeio pela história do Brasil, do Império ao Governo de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.

O relato histórico é narrado pela rivalidade de duas famílias: Campolargo e Vacariano, na fictícia Antares/RS (tema que Erico Veríssimo já abordara em "O Tempo e o Vento", com a rivalidade entre os Terra Cambará e os Amaral).

Duas famílias rivais em tudo, unidas por obra e graça de Getúlio Vargas, que queria o Rio Grande unido para por em prática seu projeto nacional.

Mais que isso não posso contar.

E uma segunda parte (justamente a que o especial da Globo, no vídeo abaixo, retratou), onde uma greve na cidade (fruto da conjuntura do país no ano que se desenrola esta 2ª parte) afeta também os coveiros, justo no dia em que 7 pessoas falecem.

Impedidos de serem sepultados, os 7 cadáveres erguem-se de seus caixões e voltam, à cidade para, valendo-se de seu estado de ausência de qualquer contrato social ou mesmo etiqueta e diplomacia, "por fim ao baile de máscaras" (metáfora de falsidade) que aquela sociedade vivia.

E no coreto da praça, com quase toda a cidade assistindo, os 7 mortos desvelaram nuances sabidas (outras não) principalmente da elite antarense, mas também de alguns menos favorecidos e igualmente hipócritas cidadãos da comunidade.

O mau cheiro (como se a verdade fosse algo tão repugnante como o mau odor dos mortos) infesta a cidade e todos ouvem os 7 mortos revelar o que sabiam sobre muitos próceres da cidade.

Uma lavação de roupa suja em praça pública.

Mais que isso eu não posso falar.

Uma obra típica do gênero "Realismo Fantástico", ou "Realismo Mágico", uma fonte que todos escritores que souberam beber dela produziram obras primas.

Como esta.


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