Joaquim Barbosa anuncia aposentadoria.

Joaquim Barbosa, Ministro do STF, anunciou ontem na Câmara Federal em Brasília que irá se aposentar ainda neste mês de junho.

Por lei, Ministro do STF aposenta-se obrigatoriamente aos 70 anos, o que no caso de Barbosa será em 2024.

O ministro optou por aposentar a toga antes do previsto, alegando (desde sua posse) que também o Judiciário precisa renovar-se, que é fundamental para a democracia que novos nomes ocupem cargos importantes.

Defende ainda um mandato de 12 anos para Ministro do STF, e que como ele ficara 11, seu discurso se consolida na prática.

Nos bastidores do poder, comenta-se uma certa desilusão de Barbosa, potencializada com a eleição do futuro Presidente da mais alta corte do país, Min Ricardo Lewandowski, com que as rusgas foram públicas e notórias ao longo do exercício de suas funções, sobretudo no mensalão, quando Lewandowski foi levando (desculpe o trocadilho) a ação em banho maria sabendo que nova composição na corte interferiria (como interferiu) na ação penal do mensalão.

Em suma: Joaquim Barbosa parece ter farejado desde as últimas 3 indicações que também o STF poderá ser aparelhado por partido político como nunca antes fora.

As escolhas antes exclusivamente técnicas, tornaram-se um misto (em partes iguais) de técnica e política e tendem, num futuro próximo, ser cada vez mais política que técnica.

E seria sofrido demais para alguém com seu caráter, ética e moral conviver em um ambiente que, ainda que por ventura seja realmente independente, sempre ficará uma suspeita ou outra.

Assim como não basta ser honesto, tem de parecer ser honesto; não basta ser independente, tem de parecer sê-lo, ou alguém em sã consciência não desconfia que um voto que beneficiou Zé Dirceu, dado por um Ministro do Supremo que outrora fora seu advogado não traga consigo um sem número de desconfianças?

Entre viver um teatro de horrores ou deixar o palco sob aplausos da maioria dos brasileiros, Barbosa optou por assistir à Copa em Brasília e depois pensar o que vai fazer da vida.

Quanto a nós que ao conhecê-lo só fizemos admirar seu exemplo, no resta agradecer e nos apegar na esperança de que ainda existe pessoa honrada neste país. 

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