sábado, 23 de junho de 2012

Com o lápis na mão.

Aos pouco vou criando coragem de, quem sabe um dia, tornar público o que ainda é apenas particular.
Não sei se será aqui nesse blog, se irei fazer em pdf e distribuir ou quem sabe, não custa sonhar, gaste um dinheiro e publique.
Gostaria muito de publicar, não pra ganhar dinheiro, mas porque só me faltaria então ter um filho, uma vez que árvore já plantei, várias inclusive.
Seja como for, segue abaixo o começo dessa empreitada, curiosamente 90% escrita e ainda sem nome.
Como também, ainda está sem revisão.
Espero que compreendam e perdoem os, por enquanto, muitos erros gramaticais.


- “Vou pedir a todos para retirarem-se por alguns minutos, para que a Banca delibere sobre a nota da Dissertação do mestrando Orandes Carlos da Rocha Jr e tão logo terminemos, todos serão chamados novamente para a leitura da ata e atribuição da nota”.
Essas palavras foram uma espécie de penúltimo capítulo na minha história como aluno do Mestrado em Educação: Currículo da PUC/SP.
Dentro de alguns minutos eu seria chamado novamente à sala onde apresentei minha Dissertação para ouvir o resultado da banca examinadora.
O curioso é que ao me retirar da sala, com a cabeça a mil e ansioso em saber o resultado, toda a minha vida dentro de uma sala de aula começou a passar na cabeça como um filme. Algumas cenas em branco e preto é verdade, outras coloridas, mas tudo me veio à mente em flash back...

Como quase todo mundo, eu comecei meus estudos pelo “Pré Escola”, termo que hoje é para mim, bastante pejorativo, pois trata-se de uma fase muito importante na vida de um estudante para ser considerada como “pré”.
Essa denominação indica, erroneamente, tratar-se de uma fase anterior à escola, portanto algo que não pertence ainda ao mundo escolar. Melhor então  usar a denominação oficial e mais correta: Educação Infantil.
Pois bem, comecei na Educação Infantil aqui na minha cidade, Ipuã/SP, no prédio hoje denominado de CEPEM 1. Corria o ano 1981, tinha eu 5 anos e fui levado à escola pela minha mãe.
Recordo que, como a maioria das mães cujas crianças choravam por ficarem sozinhas, a minha mãe teve que se sentar no lado de fora da sala de aula, no pátio da escola como forma de ajudar na minha adaptação.
Ela havia levado um bordado ou algo parecido para passar o tempo, afinal seriam 4 horas sem fazer nada. Entretanto bastou uma leve distração minha para que ela fosse embora. Não apenas ela, mas penso que todas as mães na mesma situação. E além do mais, minha mãe tinha uma casa pra cuidar e não podia ficar à disposição de manha de filho.
O chororô inicial pela ausência da minha mãe, logo foi substituído pelas atividades da escola. Lembro do parquinho e das brincadeiras com massinha e lápis de cor, aliás essa é uma memória que tenho viva como se fosse ontem:
Eu estava triste, choramingando pelo fato de ter ficado sozinho. Eu estava sentado junto a outros alunos na sala de aula quando comecei a desenhar alguma coisa. Como sentávamos vários alunos numa mesma mesa (quem não se lembra disso?), os materiais se misturavam de modo que eu não sabia mais o que era meu e o que era dos outros.
Peguei um lápis de cor, cuja parte de baixo estava raspada e com um nome escrito (quem também não se lembra?). Como ainda era iletrado, perguntei a coleguinha ao lado:
- Que nome está escrito aqui?
Ela respondeu:
- Orandes.
- E nesse aqui? Insisti com outro lápis.
E ela acenando com a cabeça e sorrindo me respondeu:
- Orandes!
Hoje eu fico admirado com o fato de que a garotinha, com a mesma idade que, já sabia ler; enquanto eu, mal conseguia ficar na escola com saudade da mãe.
Lamentavelmente não lembro seu rosto, sequer sei seu nome, mas adoraria poder encontrá-la hoje e dizer o quanto ela foi gentil comigo naquele dia, e que não fosse seu gesto, talvez eu tivesse chorado aquela tarde toda.
PS: Se você tem entre 35 e 36 anos e leu o nome num lápis para um garotinho choroso quando fez pré escola, favor entrar em contato.

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