Quando Diretor do Departamento de Educação, era comum aparecer problemas pontuais no transporte universitário para que eu resolvesse.
Problemas que eu chamava de "específicos", ou seja, aqueles que atendiam à exceção e não à regra.
Hoje, os chamaria de vicissitudes.
Alguns eu me recordo e relato:
01. Ajustando horário.
Uma aluna me procurou com o seguinte problema: apenas ela estudava em determinada escola e seu horário de saída era às 22:50h enquanto os demais alunos das outras faculdades saíam 22:30h e não estavam satisfeitos em esperar este tempo.
Soma-se a isso, o motorista que também não mostrava boa vontade, por problemas pessoais com a aluna e sua família.
Por sua vez, a aluna mostrava-se irredutível, pois perder 20min de aula era inaceitável.
Saída: A aluna aceitou sair 10 min mais cedo e a turma esperara 10 min.
02. Esperando sozinha.
Já havia sido procurado pela mãe de uma aluna que dizia que a filha estudava sozinha em uma escola de bairro perigoso e para piorar, pela rota do motorista, esta escola era o último ponto, o que fazia com que ela esperasse sozinha em um ponto de ônibus às vezes deserto.
Saída: Estudei com o motorista uma mudança no itinerário para aquela escola não ser o último ponto dele. Dava certo, o problema é que a aluna teria de sair 15min mais cedo.
Ela topava, a escola não.
Tive que telefonar pessoalmente para a escola e explicar a situação, pedir à diretora um favor entre colegas de Educação pois ela estaria resolvendo um problema para mim.
A Diretora colaborou e deu certo.
03. Outra aluna sozinha.
Havia apenas uma aluna estudando em Guará.
Os demais do ônibus, coisa de 3 dezenas, estudavam em Ituverava.
O itinerário tinha de ser pela Anhanguera, mais longo e com pedágio (portanto mais dispendioso).
Para que o ônibus passasse pela estrada da Aparecida do Salto, chamei a aluna para ver a possibilidade dela se transferir para outra escola, pois infelizmente teria de negar-lhe o transporte para Guará.
Eis que descubro a razão dela estudar naquela escola: gratuidade.
Saída: Continuamos a fornecer o transporte normalmente até a aluna concluir seu curso. Apenas evitamos novas matrículas para poder cancelar a "linha" de Guará.
04. Duas alunas em Orlândia.
Eram apenas duas alunas estudando em Orlândia, inviável para abrir uma linha (geralmente necessitam de 7 ou 8 alunos para poder deslocar uma Kombi e criar uma linha).
Então aloquei-as na linha de São Joaquim da Barra que contava com 2 ônibus.
Um destes ônibus levava em apenas uma escola, portanto apenas 1 ponto, enquanto o outro passava em 2 ou 3 escolas.
O primeiro era, portanto, mais propício para a minha ideia.
Saída: As alunas viajavam no referido ônibus que, após deixar os alunos no seu único ponto, ia até Orlândia, onde esperava as alunas para o retorno.
O inconveniente era sair 20 min mais cedo e passar 20 min mais tarde no ponto no retorno.
Novamente a diplomacia foi usada: alunas entrando 10 min mais tarde, saindo 10 min mais cedo, estica daqui encolhe daqui e pronto, todo mundo aceitou e compreendeu.
Deu tão certo, que alunas da cidade de São Joaquim me procuraram pedindo para usar o veículo também, pois a cidade delas não oferecia o transporte para Orlândia e elas viram nosso ônibus vazio (apenas 2 alunas) fazendo o trajeto.
E assim, naquele ano, Ipuã fez forneceu transporte para 2 alunas de São Joaquim da Barra, desde que pagassem o mesmo valor que os demais (cobrando integralmente, como se estivessem viajando de Ipuã a Orlândia) e sob as mesmas regras.
5. Conclusão
Não é tarefa fácil apagar estes incêndios, mas se podemos ver algum elo em comum entre estas histórias e tantas outras que ficaram por contar, são 4 itens chave:
a) Empenho: do Depto. de Educação em solucionar problemas "menores".
b) Colaboração: do motorista, a melhor pessoa nesses casos a ajudar o Departamento de Educação.
c) Bom senso: dos alunos em entender a situação e fazer algum sacrifício para ajudar na resolução do problema.
d) Diálogo: Uma porta que jamais pode ser fechada.
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