domingo, 10 de novembro de 2013

Nos palanques da vida.

Quando Diretor do Departamento de Educação, era comum aparecer problemas pontuais no transporte universitário para que eu resolvesse.

Problemas que eu chamava de "específicos", ou seja, aqueles que atendiam à exceção e não à regra.

Hoje, os chamaria de vicissitudes.

Alguns eu me recordo e relato:

01. Ajustando horário.

Uma aluna me procurou com o seguinte problema: apenas ela estudava em determinada escola e seu horário de saída era às 22:50h enquanto os demais alunos das outras faculdades saíam 22:30h e não estavam satisfeitos em esperar este tempo.

Soma-se a isso, o motorista que também não mostrava boa vontade, por problemas pessoais com a aluna e sua família.

Por sua vez, a aluna mostrava-se irredutível, pois perder 20min de aula era inaceitável.

Saída: A aluna aceitou sair 10 min mais cedo e a turma esperara 10 min.

02. Esperando sozinha.

Já havia sido procurado pela mãe de uma aluna que dizia que a filha estudava sozinha em uma escola de bairro perigoso e para piorar, pela rota do motorista, esta escola era o último ponto, o que fazia com que ela esperasse sozinha em um ponto de ônibus às vezes deserto.

Saída: Estudei com o motorista uma mudança no itinerário para aquela escola não ser o último ponto dele. Dava certo, o problema é que a aluna teria de sair 15min mais cedo.

Ela topava, a escola não.

Tive que telefonar pessoalmente para a escola e explicar a situação, pedir à diretora um favor entre colegas de Educação pois ela estaria resolvendo um problema para mim.

A Diretora colaborou e deu certo.

03. Outra aluna sozinha.

Havia apenas uma aluna estudando em Guará.

Os demais do ônibus, coisa de 3 dezenas, estudavam em Ituverava.

O itinerário tinha de ser pela Anhanguera, mais longo e com pedágio (portanto mais dispendioso).

Para que o ônibus passasse pela estrada da Aparecida do Salto, chamei a aluna para ver a possibilidade dela se transferir para outra escola, pois infelizmente teria de negar-lhe o transporte para Guará.

Eis que descubro a razão dela estudar naquela escola: gratuidade.

Saída: Continuamos a fornecer o transporte normalmente até a aluna concluir seu curso. Apenas evitamos novas matrículas para poder cancelar a "linha" de Guará.

04. Duas alunas em Orlândia.

Eram apenas duas alunas estudando em Orlândia, inviável para abrir uma linha (geralmente necessitam de 7 ou 8 alunos para poder deslocar uma Kombi e criar uma linha).

Então aloquei-as na linha de São Joaquim da Barra que contava com 2 ônibus.

Um destes ônibus levava em apenas uma escola, portanto apenas 1 ponto, enquanto o outro passava em 2 ou 3 escolas.

O primeiro era, portanto, mais propício para a minha ideia.

Saída: As alunas viajavam no referido ônibus que, após deixar os alunos no seu único ponto, ia até Orlândia, onde esperava as alunas para o retorno.

O inconveniente era sair 20 min mais cedo e passar 20 min mais tarde no ponto no retorno.

Novamente a diplomacia foi usada: alunas entrando 10 min mais tarde, saindo 10 min mais cedo, estica daqui encolhe daqui e pronto, todo mundo aceitou e compreendeu.

Deu tão certo, que alunas da cidade de São Joaquim me procuraram pedindo para usar o veículo também, pois a cidade delas não oferecia o transporte para Orlândia e elas viram nosso ônibus vazio (apenas 2 alunas) fazendo o trajeto.

E assim, naquele ano, Ipuã fez forneceu transporte para 2 alunas de São Joaquim da Barra, desde que pagassem o mesmo valor que os demais (cobrando integralmente, como se estivessem viajando de Ipuã a Orlândia) e sob as mesmas regras.

5. Conclusão

Não é tarefa fácil apagar estes incêndios, mas se podemos ver algum elo em comum entre estas histórias e tantas outras que ficaram por contar, são 4 itens chave:

a) Empenho: do Depto. de Educação em solucionar problemas "menores".

b) Colaboração: do motorista, a melhor pessoa nesses casos a ajudar o Departamento de Educação.

c) Bom senso: dos alunos em entender a situação e fazer algum sacrifício para ajudar na resolução do problema.

d) Diálogo: Uma porta que jamais pode ser fechada.

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