Claro que me sensibilizo com o caso recente envolvendo o trágico
assassinato de uma criança indefesa, vítima da barbárie da mulher que lhe deu a
luz e seu namorado, ainda mais se tratando de pessoas residentes em cidade
vizinha, com relatos de atividades em nossa cidade, o que nos aproxima muito
mais da tragédia.
Mas o que me revolta é saber que a
comoção e as mensagens de solidariedade e apelo à justiça durarão até o próximo
crime de grande divulgação na mídia.
A dor, hoje pública, em breve será
particular. Daqui há pouco mais de 1 mês, apenas os familiares e amigos do
pequeno Joaquim estarão chorando sua ausência. Nós já estaremos escandalizados
com outro crime de proporções dantescas amplamente divulgado pela mídia.
Aliás, só voltaremos a falar do caso
quando do julgamento dos envolvidos, quando ao vermos a atenção voltada para o
caso novamente diremos algo do tipo "nossa! é mesmo! são as pessoas que
mataram aquele menino aquela vez".
Alguns lembrarão do nome da criança,
outros nem isso. O julgamento reabrirá as feridas machucadas hoje para alguns,
para outros nem tanto.
Eu mesmo custo me lembrar o nome da
garotinha atirada do alto de um prédio; da adolescente sequestrada pelo
namorado e morta por ele; da amiga dela, que viveu momentos de terror e sofre
com isso até hoje; do casal de pais assassinados a mando da filha; da garota de
programa arrastada por um carro; do ciclista atropelado que teve o braço
atirado em um rio;... e por aí vai.
Infelizmente, estamos acostumando a
assistir a barbárie, o absurdo vai se banalizando e não dura mais que a
cobertura televisiva do crime.
Bom seria que houvesse cobertura sobre
como vivem as famílias após as tragédias, o andamento dos julgamentos e, se
houve, como estão o cumprimento das penas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário