domingo, 22 de setembro de 2013

Nos palanques da vida.

Por influência de um professor quando eu fazia 3º médio em Ribeirão, parei de beber Coca Cola.

Não me recordo bem, mas ele contara uma história sobre um bar no Rio de Janeiro que anunciou que não venderia mais Coca Cola e foi ridicularizado na época pelo fato de que as vendas em um humilde boteco em nada afetaria o faturamento da multinacional.

Mas detalhes certinhos desta história, passados alguns anos, eu de fato não me recordo.

Mas o fato é que desde aquele dia parei de beber Coca Cola, um pouco em solidariedade ao comerciante carioca, mas o maior motivo era que eu via a Coca como símbolo do imperialismo norteamericano em terras tupiniquins.

Fiquei sem beber algum tempo e veio a faculdade de história e todo o discurso antiamericano foi potencializado, agora com maior rigor teórico.

E eu seguia as fileiras anti imperialistas com valentia, apesar dos almoços dominicais colocarem à prova minha determinação.

Até que na eleição de 2000...

Eu tentava a sorte para conseguir uma vaga no legislativo ipuanense e, sem dinheiro para promover os famosos churrascos, jantas etc... com objetivo de angariar votos, minha tática era o bom e velho corpo a corpo.

À noite eu visitava casas de amigos, parentes, conhecidos e até mesmo desconhecidos que iam sendo apresentados ao longo da minha jornada.

E foi em uma destas casas que o fato se deu.

Feliz pela visita do candidato e após ter manifestado que não apenas ela mas o marido também votaria em mim, a senhora muito gentil fez questão que eu não fosse embora sem antes beber um refrigerante.

Vejo a gentil senhora abrir a geladeira e na porta desta, dois refrigerantes: uma guaraná maçã e uma coca cola.

Pedi aos céus que ela pegasse a guaraná maçã, pois saberia que se ela pegasse a coca, meus caminhos seriam 2:

1. Beber e terminar assim com uma convicção de 7 anos e meio.

2. Não beber e explicar que eu não bebia coca cola pelo fato de que esta empresa representa o imperialismo americano, cujo capitalismo autoritário subjuga os países latinoamericanos com práticas monopolistas.

Imaginava o semblante da mulher ao ouvir isso, algo do tipo se questionando: "Meu Pai Eterno, quem eu estou colocando dentro de casa? Pior, para quem eu estou oferecendo refrigerante? Pior ainda!!! Em quem eu votar???"

Eis que ela pega a... Coca Cola.

Que me foi servido em um generoso copo.

E que eu, evidentemente, bebi todo e repeti, quebrando assim, como disse, uma convicção ideológica de 7 anos e meio.

Naquele dia perdi as amizades de Che Guevara, Lênin e Trotsky.

Mas ganhei 2 votos.

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