Pedir voto de casa em casa não é
tarefa fácil.
Esta é uma tradição que aqui em
Ipuã, remonta ao início dos anos 80, quando um grupo político achou por bem
usar tal estratégia e de lá pra cá, "pegou".
Na época, o grupo adversário
ironizava chamando a estratégia pelo apelido de "Folia de Reis"; em
clara referência à manifestação da cultura popular que vai de porta em porta na
época dos festejos em homenagem aos Reis Magos.
O apelido também
"pegou". E o que antes soava pejorativo, passou a ser orgulho.
Particularmente considero a
melhor estratégia de corpo a corpo com o eleitorado.
Eu sempre fiz questão de ir
pessoalmente, salvo as vezes em que faculdade ou outro compromisso me obrigaram
ausentar.
Existia uma "briga"
para ver quem seria o primeiro da fila a pedir o voto, coisa que nunca gostei,
pois sendo um dos últimos, podia ver antes como eram recebidos os candidatos e
mais, se naquela casa havia alguma "encrenca" que o impediria de
pedir o voto.
E não tem jeito, todos os
candidatos têm uma ou outra "encrenca" em alguma casa na cidade: uma
promessa não cumprida, um bate boca de campanhas passadas, um briga de vizinho
em épocas remotas, brigas familiares, até conflitos amorosos!!!
Esses e outros motivos já
fizeram muitos candidatos, inclusive o blogueiro, pular a casa para evitar
constrangimentos.
Nunca tive grandes problemas,
mas “saias justas” eu já passei algumas:
Eleição de 2000:
Pedindo voto sozinho, na casa de
uma conhecida da família e parente distante ela me pergunta:
- Quantos anos você tem?
- 23
(respondi imaginando que viria elogio por ser tão novo e já engajado na
política)
- Precisou você ser candidato para em 23 anos vir uma vez aqui em
casa heim?!
Em tempo: mesmo assim, ela votou
em mim.
Eleição de 2004:
Tentando reeleição e já com
outro grupo político, passamos por uma casa onde havia uma pessoa que, segundo
o julgo dela, sua família havia sido afetada por uma lei votada na cidade. Como
o nosso candidato a prefeito não era o autor da lei, ela disse que sabia que
ele não era o responsável porém desabafou para ele a injustiça que fora feita, etc..
e disse que o achava uma pessoa honesta, decente, humana,...
Vendo a série de elogios, nós
animamos e quando preparávamos para a abordagem, ela concluiu:
- No senhor eu voto, agora nesses vereadores não, são todos safados,
principalmente você fulano de tal (e citou o nome de um dos nossos colegas,
antes de bater a porta na nossa cara).
Ela culpava não só o Prefeito
que havia criado a lei, mas os Vereadores que a haviam votado.
E naquele dia,
estavam "somente" 4 vereadores na porta de sua casa.
Ela não iria perder a chance.
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