domingo, 15 de setembro de 2013

Nos palanques da vida (republicação revisada e editada).

Pedir voto de casa em casa não é tarefa fácil.

Esta é uma tradição que aqui em Ipuã, remonta ao início dos anos 80, quando um grupo político achou por bem usar tal estratégia e de lá pra cá, "pegou".

Na época, o grupo adversário ironizava chamando a estratégia pelo apelido de "Folia de Reis"; em clara referência à manifestação da cultura popular que vai de porta em porta na época dos festejos em homenagem aos Reis Magos.

O apelido também "pegou". E o que antes soava pejorativo, passou a ser orgulho.

Particularmente considero a melhor estratégia de corpo a corpo com o eleitorado.

Eu sempre fiz questão de ir pessoalmente, salvo as vezes em que faculdade ou outro compromisso me obrigaram ausentar.

Existia uma "briga" para ver quem seria o primeiro da fila a pedir o voto, coisa que nunca gostei, pois sendo um dos últimos, podia ver antes como eram recebidos os candidatos e mais, se naquela casa havia alguma "encrenca" que o impediria de pedir o voto.

E não tem jeito, todos os candidatos têm uma ou outra "encrenca" em alguma casa na cidade: uma promessa não cumprida, um bate boca de campanhas passadas, um briga de vizinho em épocas remotas, brigas familiares, até conflitos amorosos!!!

Esses e outros motivos já fizeram muitos candidatos, inclusive o blogueiro, pular a casa para evitar constrangimentos.

Nunca tive grandes problemas, mas “saias justas” eu já passei algumas:


Eleição de 2000:

Pedindo voto sozinho, na casa de uma conhecida da família e parente distante ela me pergunta:

- Quantos anos você tem?

- 23 (respondi imaginando que viria elogio por ser tão novo e já engajado na política)

- Precisou você ser candidato para em 23 anos vir uma vez aqui em casa heim?!

Em tempo: mesmo assim, ela votou em mim.


Eleição de 2004:

Tentando reeleição e já com outro grupo político, passamos por uma casa onde havia uma pessoa que, segundo o julgo dela, sua família havia sido afetada por uma lei votada na cidade. Como o nosso candidato a prefeito não era o autor da lei, ela disse que sabia que ele não era o responsável porém desabafou para ele a injustiça que fora feita, etc.. e disse que o achava uma pessoa honesta, decente, humana,...

Vendo a série de elogios, nós animamos e quando preparávamos para a abordagem, ela concluiu:

- No senhor eu voto, agora nesses vereadores não, são todos safados, principalmente você fulano de tal (e citou o nome de um dos nossos colegas, antes de bater a porta na nossa cara).

Ela culpava não só o Prefeito que havia criado a lei, mas os Vereadores que a haviam votado. 
E naquele dia, estavam "somente" 4 vereadores na porta de sua casa.

Ela não iria perder a chance.

Nenhum comentário:

Postar um comentário