domingo, 17 de abril de 2016

Nos palanques da vida.

No meu tempo de vereador, uma das reivindicações mais cobradas pelos comerciantes da cidade e a obrigatoriedade do fechamento de estabelecimentos comerciais como açougue, mercados, mercearias e supermercados aos domingos e feriados.

Sempre achei que não caberia ao poder público interferir em algo da competência exclusiva da iniciativa privada; podem me chamar de neoliberal, eu não ligo e não sou, apenas acho que em certas coisas não cabe ao Estado interferir na esfera privada.


Duas questões pautavam minhas dúvidas: Como e Por que obrigar estes estabelecimentos comerciais a fecharem aos domingos e feriados?


O "Como" era fácil. Uma lei municipal e multa para quem desobedecesse.


Mas e o "Por que"?


Deixe quem quiser abrir e feche quem quiser fechar. Nunca vi necessidade de obrigar.

E procurei um comerciante que gostaria da lei e lhe disse que não precisava obrigá-lo a fechar, bastava ele mesmo fechar e pronto.

E assim me respondeu: "Se eu fecho e outro abre, posso perder freguês para ele; se todo mundo for obrigado a fechar, ninguém corre o risco de perder freguês pelo motivo de estar fechado quando o freguês precisou".

E então eu percebi a questão...


Para não correr o risco de perder (se é que tal risco existe e se existe, quantos fregueses seriam volúveis assim?), a pressão era pra todo mundo fechar, quando bastava apenas o comerciante "pagar o preço" de estabelecer seus horários e os fregueses que se adequassem.


Para os casos excepcionais, de imprevistos, bastava o freguês procurar o comércio que funcionasse aos domingos e suprir sua necessidade momentânea.


O Prefeito da época, contrário ao fechamento, nos argumentou (à portas fechadas): "Então se o Carrefour quiser vir para Ipuã não poderá porque não poderá abrir aos domingos?".


Claro que o exemplo irreal dado por ele se justificava no sentido de que é uma aberração obrigar a fechar, quem quer trabalhar.


Quantos aos funcionários, que também pediam a tal lei, seria uma questão trabalhista, pois o descanso semanal lhes é garantido por lei, bastando para isso exigi-lo.


Acabou que no Governo seguinte cada vez mais esta reivindicação dos comerciantes foi sendo esquecida e hoje nem mais se fala.


Não sei se por ter desistido da ideia ou se nosso comércio esteja, devagarzinho, se profissionalizando.

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