Mudanças estruturais: Motoristas.
Por Orandes Rocha*.
Começo nossa série de mudanças nas estruturas
de nossa cidade pelo Departamento de Infraestrutura, ou Almoxarifado como é
comumente chamado.
Responsável pela manutenção dos serviços
públicos essenciais aos cidadãos (limpeza, transporte, consertos, construções,
reformas,...).
Dentre os muitos servidores atrelados a este
Departamento, encontram-se os motoristas.
Talvez ao lado dos professores, a categoria
que mais reivindica seus direitos.
E talvez por isso sejam taxados de
complicados, muitas vezes sem razão, pelo simples fato de exigir o que entendem
ser direito, ou perseguidos por superiores hierárquicos rancorosos.
Para se evitar que poderes plenos na mão de
uma pessoa possam ser usados de maneira vingativa, entendo que seja urgente a
adoção de certas medidas para que perseguições (de natureza pessoal ou
política, principalmente) sejam adotadas.
Abaixo, verão como uma simples adoção de
listas pode ajudar para minorar antigos problemas.
Motorista
cumprindo horário.
Talvez você não saiba mas o motorista
municipal é uma categoria que, devido a diferença na carga horária, tem de
“cumprir horário” aos sábados.
O que é isso?
Os motoristas ficam no Almoxarifado aos
sábados das 08:00h até 12:00h.
Ficam à disposição para caso haja alguma
necessidade, entrar em serviço.
Uma viagem inesperada, um transporte de
terra, um reparo, coisas assim...
Sejamos francos, a razão dessa prática há
anos usada pela Administração Municipal não é outra senão “vender caro” essas 4
horas a mais.
Algo do tipo “não vão ganhar estas 4 horas de
graça”.
Claro que nestes últimos anos esta prática
tem ajudado também no sentido de que ter o servidor à disposição no sábado de
manhã, não implica em horas extras em casos de serviços realizados.
Mas por que não adotar um Plantão aos
sábados?
Haveria uma escala de plantões todos os
sábados.
Uma lista com não mais que 5 ou 6 motoristas
que, naquele sábado, têm que ficar de sobreaviso para em caso de necessidade,
trabalhar.
O servidor que abdicasse de cumprir o
plantão, teria o dia descontado.
A vantagem é que cada servidor teria que
cumprir horário apenas uma vez a cada 2 meses por exemplo, apenas no dia de seu
plantão.
Atribuição
de linhas e horas extras.
Você, caro leitor, sabe qual o critério que é
utilizado (desde sempre) para a distribuição entre os motoristas de linhas pra
trabalhar e horas extras para fazer?
Nenhum.
Nunca houve outro critério que não fosse a
vontade do Diretor do Departamento. Quando não, de algum assessor próximo com
poderes para tal que, vendo-se na necessidade de indicar alguém para algum
serviço extra, viagens de última hora ou mesmo previamente agendadas, escolhe a
seu bel prazer, algum motorista do quadro para fazê-la.
Tudo isso sem qualquer critério lógico,
quando muito, chama-se aquele que já conhece o ônibus, ou a linha.
Mas a cada nova Administração o velho
problema de agraciar este ou aquele motorista com uma linha “mais sossegada”,
ou mais lucrativa por ser necessária mais horas extras.
E pior, linhas mais difíceis ou menos
lucrativas por não ter horas extras ou previsões de alimentação (linhas urbanas
por exemplo), para motoristas politicamente contrários, ou como castigo para os
mais “rebeldes”.
Para se evitar que tamanho poder esteja nas
mãos de um Diretor, que pode decidir a vida de seus subordinados usando para
tal, critérios que contrariam os princípios da coisa pública, que como bem
preceitua o art 37 da Constituição Federal, abaixo grifado por mim:
Art. 37. A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Seria de justiça e interesse público a
criação de uma lista de pontuação para os motoristas nos moldes da lista de
Professores usada para atribuir aulas.
Cada dia trabalhado seria 1 ponto na
classificação do motorista (descontado as faltas, atestados, licenças,...).
A contagem seria referente ao ano anterior, e
a cada novo ano, haveria a divulgação da lista dos servidores e suas
respectivas pontuações. Uma espécie de ranking.
O servidor que tivesse mais pontos seria
chamado no primeiro dia de serviço e seria perguntado: Qual linha você quer?
Uma vez escolhida, chamariam o segundo e
assim por diante.
A cada ano, uma nova contagem sobre os dias
trabalhados, descontados os dias não trabalhados (já citados) e assim poderia
haver alterações na classificação de um ano para outro, sobretudo para os mais
faltosos que poderiam ser ultrapassados pelos mais assíduos.
Com isso, cria-se uma distribuição de linhas
usando os critérios “tempo de serviço” e “assiduidade” (critérios
indispensáveis ao bom andamento de uma Administração Pública), valorizando os
mais antigos da casa e os mais presentes no serviço.
Horas
extras.
Outro caso em que uma listagem geral de
motoristas poderia contribuir para que não prevaleça a decisão arbitrária do
Diretor ou algum Assessor que, livre de critérios legais, pode favorecer a
companheiros e “chegados” com horas extras para complementar seus salários, restando
aos demais, viagens mais difíceis (muitas vezes descartadas pelos companheiros
e chegados) e um ou outro serviço para àqueles que reclamam que não fazem horas
extras, uma espécie de “cala boca” para transparecer que não existe
protecionismo na distribuição das horas extras.
A primeira oportunidade de hora extra que
aparecesse seria oferecida ao primeiro motorista da lista que, caso não aceite
ou esteja impossibilitado de fazê-la, seria oferecida ao 2º e assim por diante.
Todos teriam oportunidade.
Uma vez feita a viagem ou esta seja renegada
pelo motorista, a lista segue até o final e então, chegando ao último da lista,
esta voltaria ao começo.
Ainda que certamente seja possível um ou
outro favorecimento (muito menos que no modelo atual), penso que este seria um
critério lógico e justo, onde todos teriam oportunidades de fazer horas extras
sem margem a protecionismos e grandes diferenças entre aqueles fazem muitas
horas extras e os que fazem pouco.
Bastaria adequar para cada realidade:
motorista de ambulância faria horas extras na ambulância; de máquina, na
máquina; e assim por diante.
É apenas uma ideia para ser melhorada.
Ideias simples assim não resolvem todos os
problemas de protecionismo, nem protege completamente o servidor, mas que dá
transparência e legalidade a algo que há décadas é realizada da forma como não
deveria ser, com certeza.
*Orandes Rocha acha injusto que na coisa
pública, uma pessoa decida a vida de uma centena de maneira arbitrária.
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