domingo, 24 de abril de 2016

Este mês em "A Voz Ipuanense": História de Ipuã objeto de política pública.

Mudanças estruturais: A História Ipuanense.
Por Orandes Rocha*.

A história de nossa cidade data de muito antes do famigerado 26 de março de 1949. Notícias sobre o Arraial de Santana dos Olhos D’água datam de pelo menos da segunda metade do século XIX.

Registros históricos dão conta da instalação da Paróquia de Santana no ano de 1849. Considerando que a instalação de paróquias aconteciam após a presença de um razoável núcleo social e que este deve ter demorado uns 10 anos para se estabelecer, a História de Ipuã tem então aproximadamente 170 anos.

São quase 2 séculos de História.

Pena que um registro histórico completo, de caráter científico e acadêmico, nunca tenha sido objeto de Política Pública de nenhum dos nossos Governantes.

O que tivemos por parte do poder público foram ações isoladas, de abrangência imediata, sem qualquer embasamento científico.

Geralmente exposições, mostras, trabalhos de pesquisa, todos de extrema qualidade e quase sempre usando as escolas como produtoras e divulgadoras destas ações que, antecipo, foram de grande importância para a comunidade, mas que poderiam estar inseridas num contexto muito maior, como parte integrante de um projeto de registro e perpetuação da memória histórica consolidando a identidade cultural do povo ipuanense.

E também, ações individuais particulares como o compêndio “Nossa Terra, Nossa Gente”, do Sebastião Ap da Cruz, que traz, com o viés jornalístico que lhe é característico, muitas informações, dados e curiosidades que ele colheu ao longo dos anos, muitas das quais publicadas no jornal “A Voz Ipuanense”.

Pensando nisso, proponho aos nossos candidatos a Prefeito (pois é da competência do Executivo e não do Legislativo a adoção de tais medidas) algumas ações no sentido de valorizar nossa História e Cultura, perpetuando-as às futuras gerações.

Pesquisa histórica.
Começo pela ideia da contratação de pessoal técnico especializado para, em colaboração com profissionais da cidade ligados à História (Professores, memorialistas, jornalistas,...), realizar um completo levantamento da História de Ipuã.

Investigando, com os rigores acadêmicos, nossas origens, quem eram os primeiros moradores (famílias), de onde vieram, os patriarcas desta cidade, fatos históricos curiosos como a famosa Febre Amarela, a mudança do arraial (saindo de onde hoje é o Bairro Santa Cruz para o lado de cá do córrego), a participação Ipuanense em Revoluções como a de 1932, na 1ª e 2ª Guerra, e uma infinidade de temas curiosos a serem explorados.

Curiosos como a pouco conhecida História da fundação do Goiás E.C., um dos mais tradicionais clubes de futebol do Centro Oeste Brasileiro, fundado por iniciativa de Lino Barsi, a quem os registros sobre ele dizem que era originado de “Santana dos Olhos D’água, hoje Ipuã”, conforme atesta o site abaixo.

Quem era essa pessoa? Como chegou aqui? Como foi parar em Goiás e lá, nos idos dos anos 40, fundou um tradicional clube de futebol?

Toda a História de nossa cidade poderia ser registrada em livro ou mesmo enciclopédia. Contando com fotos, documentos, fatos e “causos”.

Material Didático.
Em seguida, poderia ser elaborado, também por empresa especializada e também em colaboração com profissionais da cidade (neste caso específico, os professores) um material didático a ser utilizado nas escolas como forma de divulgação e perpetuação da nossa História no ambiente escolar.

Museu do Cidadão Ipuanense.
Poderia aproveitar os envolvidos no levantamento histórico para a criação de um museu áudio visual denominado “Museu do Cidadão Ipuanense”.

Um espaço com gravações e filmagens frequentente atualizadas, realizadas com as mais diversas pessoas da cidade: o senhor de idade com muitos “causos” pra contar, o antigo morador que realizava alguma atividade de destaque na cidade, antigos políticos, migrantes nordestinos dando seu relato sobre como vieram para cá, enfim, qualquer cidadão que tivesse algum registro interessante de Ipuã para fazer.

O museu seria 100% áudio visual, como é a tendência moderna para os museus atualmente (haja visto o Museu do Futebol e o da Língua Portuguesa), além de um espaço contínuo de visitação púbica e pesquisa escolar.

E como estamos num mundo moderno, uma versão resumida do museu poderia ser disponível para visitação on line.

Tombamento de prédios históricos.
Outra preocupação que tenho é o desaparecimento de prédios históricos (particulares) em nossa cidade.

Caso não tenha percebido, mas restam poucos prédios históricos particulares em nossa cidade. Os antigos prédios desapareceram, engolidos pela especulação do mercado imobiliário, que sepulta nossa história, dando lugar a novas casas e pontos comerciais.

Faz-se urgente o imediato levantamento dos prédios históricos restantes e seu tombamento como Patrimônio Histórico da Cidade de Ipuã.

O que muda com o tombamento? A certeza de que tais prédios estarão protegidos por lei contra sua demolição e mesmo reformas que alterem suas fachadas. Apenas serão permitidas restaurações, mantendo a fachada original.

Rodeio e Bola e Boi.
Ipuã tem (ou pelo menos tinha) um dos mais tradicionais Rodeios em Touros do Estado de São Paulo.

Objeto de matéria jornalística nacional, veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo, tanto o Rodeio como o Bola e Boi divulgaram (de forma positiva, coisa rara hoje em dia) a cidade de Ipuã para todo o país.

Por ser uma festa de gosto popular, e pelo seu caráter histórico e tradicional em Ipuã (depois da nossa centenária Quermesse, o evento mais antigo em atividade no município), o Rodeio deveria ser declarado Patrimônio Imaterial do Povo Ipuanense.

Assim como deveria o Poder Público mover esforços para buscar o registro da patente da atração Bola e Boi, reconhecidamente nascida em Ipuã (na Fazenda Paraíso) e copiada no Brasil todo com outras denominações (Boi Bola, Fut Boi,...).

Não com objetivo de ganhar dinheiro com direitos autorais, mas para tornar de conhecimento público que Ipuã é a terra do Bola e Boi.

Concluindo.
Em que pese a pouca expressão eleitoral que tais ações citadas trazem aos nossos Governantes, alguém tinha que pensar nisso e cobrar deles medidas para proteger nossa História e nosso Patrimônio Material e Imaterial.

Convido você, eleitor ipuanense que se preocupa com estas questões, para juntos cobrarmos de nossos candidatos, propostas de ações efetivas e coerentes nesse sentido.

E vamos ver o que eles têm a oferecer sobre este tema.

*Orandes Rocha é formado em História pela Unesp de Franca/SP, XXXV Turma (com muito orgulho).

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