quinta-feira, 3 de abril de 2014

O conservadorismo está de volta.

Na verdade o título nos induz ao erro: o conservadorismo nunca foi embora, sempre esteve presente em nossa sociedade.

Mas a onda liberal que assolou a Terra deste os anos 60 serviu para que o conservadorismo adormecesse, ou pelo menos submergisse, esperando o momento certo de voltar à luz dos holofotes.

E o momento é agora.

Em tempos de Felicianos, Bolsonaros e similares, o cidadão que antes escondia suas reais opiniões, parece ter adquirido a coragem necessária para expor-se.

A recente pesquisa em que os entrevistados (pasmem, a maioria era mulher) disseram que a mulher que usa roupas provocantes merece ser estuprada tirou o véu diáfano que encobria valores morais até então julgados desaparecidos: machismo, sexismo, preconceito,...

Imputar à mulher a culpa pelo seu estupro apenas porque ela, como do de seu corpo, exibiu "mais do que deveria" é de uma imbecilidade que meu talento não consegue descrever sem usar adjetivos não lisonjeiros aos mais de 60% que assim se manifestaram.

E quando eu digo que o conservadorismo nunca sumiu é porque recordei ao ver a pesquisa de um fato ocorrido há mais de 20 anos.

O ex pugilista Myke Tyson, então no auge da carreira, foi preso e condenado pelo crime de estupro. Na época, a mídia noticiava que Desiree Washington, uma das candidatas do concurso de Miss América Negra a que Tyson foi convidado para participar do júri, havia sido violentada por ele em seu apartamento por volta das 03:00 da manhã.

Era comum ouvir nas rodas de botequim a "explicação" de que a moça procurou isso, pois subiu ao apartamento de um homem solteiro em plena madrugada e acreditar que não faria sexo era ingenuidade.

Novamente a culpa do estupro caindo na vítima.

Óbvio que a partir do momento em que a mulher diz "NÃO", o que acontece em seguida é classificado como violência ao seu corpo. Inclusive entre casais, solteiros ou casados.

Assim como pouco importa o quão provocante esteja a mulher, que certamente o faz para ser cortejada e jamais atacada por doentes mentais cuja prisão só não é melhor que a "punição" que o mesmo sofrerá na cela quando os demais colegas souberem o motivo dele estar lá.

O que me remete a uma última filosofada neste artigo: entre os piores criminosos o estupro é condenado, e entre as pessoas em liberdade, justificado.

Eu que não tento mais entender este mundo maluco.

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