sábado, 6 de julho de 2013

Tio, sobrinhos e Walt Disney.

Dias atrás, uma tarde preguiçosa em casa, deitado na cadeira de alpendre que tenho estrategicamente na sala, sou interpelado pela minha sobrinha pedindo que queria assistir a desenhos na TV.

Procuro canais de desenho na TV, mostrando um pouquinho de cada um até que ela escolhe uma animação da Disney intitulada "A Princesa e o Sapo".

Inevitavelmente, e a contra gosto, tenho de assistir junto.

Até que na metade do desenho, ela cisma de ir embora pra casa.

Telefono para a mãe da menina que vem buscá-la.

Ao despedir-me, vou mudar o canal ou desligar a TV e eis que acontece um fato interessante, sem precedente na história da humanidade: Eu quero saber como termina a história dos dois sapos, outrora dois belos jovens, ele um príncipe; ela, uma garota pobre com o sonho de se tornar dona de restaurante e que acabaram transformado em sapos por um bruxo maligno.

E assim assisti, após muitos anos, a uma animação da Disney outra vez.

Ontem aconteceu algo semelhante.

A mesma sobrinha, o mesmo canal, apenas o filme que era outro: Rapunzel.

Sobrinha se distrai com outra coisa e eu fico assistindo ao desenho para saber se a Rapunzel reencontrará seus pais verdadeiros, se o José é ou não mau caráter e principalmente, o que acontecerá com a Bruxa.

Estas duas histórias me fazem relembrar um episódio de aproximadamente 13 anos atrás...

Manhã de domingo (bem cedo), eu dormindo de ressaca pois havia caído na gandaia na noite anterior, sou acordado por um sobrinho, que me dizia a seguinte frase:

- Eu té au au.

O "té" era o verbo querer; e "au au" era o nome que ele, com aproximadamente 2 anos, denominava o filme "101 Dálmatas".

Apertando a tecla SAP: "Eu quero assistir ao filme dos 101 Dálmatas".

Levanto mal humorado (coisa rara) e vou até o vídeo cassete...

Abre parênteses:

Vídeo Cassete é o pai do DVD, usava-se fitas e não DVD e demorava uma eternidade para voltar a fita ao começo (que a gente chamava de “rebobinar”).

Não tinha seleção de cenas nem de capítulos.

Fecha parênteses.

... coloco a fita e ele senta para assistir.

A fita já estava no meio, certamente deveria ter começado a assistir, pela milésima vez, na noite anterior, e dormira antes do término.

Como nunca havia assistido, deixo a fita rodando a partir dali e volto para meu sono.

Como o moleque conhecia o filme de cor e salteado, quando chegava às cenas próximas do final, ele chorava porque sabia que o filme estava preste a terminar.

Tínhamos então que rebobinar a fita para ele assistir novamente.

Naquele dia, enquanto rebobinava, ele chorava imaginando que eu não queria colocar o filme pra ele, o que me fazia não rebobinar até o fim, mas parar no meio (ou quando o choro já estivesse insuportável) para que ele parasse e assistisse novamente.

Ficamos no seguinte "moto contínuo" a manhã toda:

O desenho se aproximava do final - ele chorava - eu rebobinava para que o filme durasse mais tempo - ele chorava - eu apertava o play - ele ficava quieto e assistia - o filme se aproximava do final - ele chorava - ...

E pior... eu tinha que assistir junto.

Já não aguentava mais, principalmente porque odeio cachorro, o que me fez desejar com todas as minhas forças que uma força divina intercedesse em meu favor e mudasse o final do desenho, de modo que a Cruela conseguisse o seu intento, costurando um maravilhoso casaco de pele malhado com a pele dos adoráveis cachorrinhos.

Pena que não fui atendido.

E tem gente que não entende minha falta de fé.

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