sexta-feira, 4 de julho de 2014

Top 5: Música de protesto na ditadura militar brasileira.

"Cálice" - Chico Buarque e Gilberto Gil.

Uma letra cheia de simbolismos e subjetividade, beirando ao nonsense.

O trocadilho do título, fazendo no refrão uma referência ao tormento se sofrimento físico de Jesus, e a renúncia que fizera para poder conseguir atingir um objetivo maior, com o verbo calar-se também com o mesmo objetivo, confere um charme especial nesta bela canção.

Muito se especula sobre as diversas interpretações de sua letra, mas pouco se sabe de concreto.



"Alegria Alegria" - Caetano Veloso.

Uma música rebelde e anárquica, bem ao estilo da psicodelia dos anos 70.

Cheia de referências aos ícones de sua época, conseguiu expressar bem o desejo daquela geração.

Uma canção que nos anos 90 voltaria a influenciar os jovens, sendo o hino do movimento "caras pintadas". Grande parte em razão de uma minissérie exibida na Globo sobre a ditadura militar brasileira e que a utilizava como tema de abertura.



"Apesar de você" - Chico Buarque.

Apresentada à censura como uma música romântica, onde o abandono da mulher amada seria superado afinal "amanhã vai ser outro dia".

Quando perceberam que a mensagem da letra era outra, e o alvo era o Presidente Médici, era tarde demais: o disco já estava nas lojas.

A censura então riscou a faixa dos antigos discos de vinil para impedir a comercialização deles.



"É proibido proibir" - Caetano Veloso.

Caetano Veloso apresentou esta canção em um festival e após um discurso improvisado (e memorável) sobre as atitudes da juventude da época, presentes no festival e vaiando a apresentação da música, lhe custaria visitas aos departamentos repressores.

E mais tarde um auto exílio a Londres.

Melhor que a música, é o discurso do Caetano.




"Disparada" - Geraldo Vandré.

Uma música onde o ponto alto é a tomada de consciência do homem que depois de ser gado, se torna vaqueiro (não por necessidade) e nesta condição desperta para ser cavaleiro e assim assumir as rédeas de sua vida.

Vida que era tratado como gado, e "gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente".


Detalhe: Apresentação histórica de Jair Rodrigues e o percussionista usando como "caxixi" uma queixada de burro.


Ous concurs

"Pra não dizer que não falei das flores" - Geraldo Vandré.

Talvez a música mais reprimida da nossa história.

Uma música que faz alusão à revolução silenciosa, que cada um de nós podemos iniciar para mudar o mundo.

Uma música que fala de união em torno de um mesmo ideal, fala da não violência, e que critica a ditadura de uma maneira tão singela e ao mesmo tempo tão ameaçadora, que se tornou o hino da geração que lutou contra o regime de exceção brasileiro.



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977.

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