segunda-feira, 21 de julho de 2014

100 anos de Seleção Brasileira e nada vai mudar.

O Blogueiro sofre, assim como o cantor Milton Nascimento, da estranha mania de ter fé na vida.

Confesso que acreditei que a humilhante derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo Brasil 2014 significaria alguma mudança no nosso futebol.

Aliás, cheguei a desejar isso em um texto (aqui).

E por desejar mudanças urgentes e profundas no futebol brasileiro é que não venho torcendo pela Seleção Brasileira há algum tempo, por mais que isso seja uma ignorância da minha parte.

E não me venham com discurso patriótico nacionalista pois há muito tempo que nossa Seleção deixou de ser patrimônio do povo Brasileiro para ser um objeto de lucro de uma empresa privada (mas que recebe dinheiro público) chamada CBF.

Uma corporação que administra um produto extremamente lucrativo: a paixão do brasileiro por futebol.

Então foi com enorme felicidade que assisti a maior vergonha da história do futebol mundial. Um sorriso no canto da boca me fazia crer que algo mudaria.

Apesar do futebol estar nas mãos de gente da pior estirpe:

- José Maria Marin: ladrão de medalha (aqui) e de energia elétrica (aqui), ex deputado que no exercício do mandato, durante a ditadura militar, em discurso na Assembleia incitou os ânimos contra o jornalista Vladimir Herzog, que criticava o regime (aqui).

Coincidentemente, nos dias seguintes, Herzog seria preso, torturado e assassinado nas instalações do DOI-CODI

- Marco Polo Del Nero: sucesso de Marin, um advogado que contratou arapongas para espionar a namorada (aqui). Namorada esta, linda e muito mais jovem que ele (e digo isso com inveja, não com moralismo).

Sendo alvo inclusive de investigação da Polícia Federal (aqui).

Pois bem, é esta a gente quem cuida do nosso futebol.

E após a humilhação sofrida na Copa, prometeram mudanças profundas no nosso futebol.

E a primeira foi a contratação de um empresário de atletas, ou agente como costumam dizer, para ser diretor de seleções.

Uma pessoa dedicada a comprar e vender atletas, a cuidar de suas carreiras e lucrar obviamente com isso, e que passará a ter a partir de agora, acesso a todos atletas brasileiros no Brasil e no Mundo.

Além de um conflito de interesses, um questionamento ético sem igual.

E ao que tudo indica, amanhã Dunga será confirmado técnico.

E então a revolução estará completa, contratando um técnico de más lembranças para nosso futebol, que certamente trará de volta o conservadorismo religioso para dentro da seleção, o regime prisional de concentração, o mau humor e arrogância nas entrevistas e a teimosia de não convocar destaques emergentes do futebol nacional.

Só não trará de volta o mau futebol porque este nós já estamos vivendo há muito tempo.

E como ser humilhado dentro de campo (e de casa) não resultou em mudanças no nosso futebol, começarei agora a torcer por uma desgraça maior: a não classificação do Brasil para a Copa de 2018.

Talvez quando ficarmos assistindo a uma Copa sem nosso país disputando alguma coisa mude por aqui.


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