O Blogueiro sofre, assim como o cantor Milton Nascimento, da
estranha mania de ter fé na vida.
Confesso que acreditei que a humilhante
derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo
Brasil 2014 significaria alguma mudança no nosso futebol.
Aliás, cheguei a desejar isso em um texto
(aqui).
E por desejar mudanças urgentes e
profundas no futebol brasileiro é que não venho torcendo pela Seleção
Brasileira há algum tempo, por mais que isso seja uma ignorância da minha
parte.
E não me venham com discurso patriótico
nacionalista pois há muito tempo que nossa Seleção deixou de ser patrimônio do
povo Brasileiro para ser um objeto de lucro de uma empresa privada (mas que
recebe dinheiro público) chamada CBF.
Uma corporação que administra um produto
extremamente lucrativo: a paixão do brasileiro por futebol.
Então foi com enorme felicidade que
assisti a maior vergonha da história do futebol mundial. Um sorriso no canto da
boca me fazia crer que algo mudaria.
Apesar do futebol estar nas mãos de gente
da pior estirpe:
- José Maria Marin: ladrão de medalha (aqui) e de energia elétrica (aqui), ex deputado que no exercício do mandato, durante a ditadura militar, em discurso na Assembleia incitou os ânimos contra o jornalista Vladimir Herzog, que criticava o regime (aqui).
Coincidentemente, nos dias seguintes,
Herzog seria preso, torturado e assassinado nas instalações do DOI-CODI
- Marco Polo Del Nero: sucesso de Marin,
um advogado que contratou arapongas para espionar a namorada (aqui). Namorada esta,
linda e muito mais jovem que ele (e digo isso com inveja, não com moralismo).
Sendo alvo inclusive de investigação da
Polícia Federal (aqui).
Pois bem, é esta a gente quem cuida do
nosso futebol.
E após a humilhação sofrida na Copa,
prometeram mudanças profundas no nosso futebol.
E a primeira foi a contratação de um
empresário de atletas, ou agente como costumam dizer, para ser diretor de
seleções.
Uma pessoa dedicada a comprar e vender
atletas, a cuidar de suas carreiras e lucrar obviamente com isso, e que passará
a ter a partir de agora, acesso a todos atletas brasileiros no Brasil e no
Mundo.
Além de um conflito de interesses, um
questionamento ético sem igual.
E ao que tudo indica, amanhã Dunga será
confirmado técnico.
E então a revolução estará completa,
contratando um técnico de más lembranças para nosso futebol, que certamente
trará de volta o conservadorismo religioso para dentro da seleção, o regime
prisional de concentração, o mau humor e arrogância nas entrevistas e a
teimosia de não convocar destaques emergentes do futebol nacional.
Só não trará de volta o mau futebol
porque este nós já estamos vivendo há muito tempo.
E como ser humilhado dentro de campo (e
de casa) não resultou em mudanças no nosso futebol, começarei agora a torcer
por uma desgraça maior: a não classificação do Brasil para a Copa de 2018.
Talvez quando ficarmos assistindo a uma
Copa sem nosso país disputando alguma coisa mude por aqui.
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# 993.
Blog rumo à 1000ª postagem!
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