segunda-feira, 28 de julho de 2014

Há 100 anos começava a I Guerra Mundial. Mas não para o Brasil.

Depois de adiar a decisão por quase 2 anos, o Brasil, enfim resolveu entrar na primeira Guerra Mundial em 26 de outubro e 1917 - três anos após o início e um ano antes do fim do conflito. No mesmo dia em que o presidente Venceslau Brás assinou o decreto-lei nº3.361, Lênin era eleito presidente dos sovietes, 48 horas após a vitória da Revolução Russa. O decreto de Brás reconhecia e proclamava "o estado de guerra iniciado pelo império alemão contra o Brasil".

O país só decidiu entrar na guerra - tão tardiamente quanto os EUA, que o tinham feito em fevereiro de 1917 - depois de 3 navios mercantes brasileiros terem sidos afundados pelos alemães. O primeiro foi o Paraná, torpedeado no Canal da Mancha, em 3 de abril de 1917. Oito dias depois, o Brasil rompia relações diplomáticas com a Alemanha. O segundo foi o Tijuca, afundado próximo a Brest, na França em 22 de maio. Dois dias mais tarde, o Brasil abria mão de sua neutralidade e confiscava todos os navios mercantes alemães ainda ancorados em portos do país. No dia 25 de outubro, o Macau foi posto a pique em águas espanholas.

Quando afundaram o Tijuca, no mês de maio, o ministro do Exterior, Lauro Müller, descendente de alemães e tido como germanófilo, se demitiu do cargo. Com ele fora do governo, Venceslau Brás sentiu-se à vontade para se reunir no Catete com o ex presidente Rodrigues Alves, Rui Barbosa e o novo ministro do Exterior, Nilo Peçanha, e declarar guerra formalmente à Alemanha.

Ainda assim, o país relutou em enviar reforços para os aliados. A justificativa do ministro da Guerra, José Caetano de Faria, era a de que o Exército brasileiro contava com poucos efetivos, e que eles eram necessários para assegurar "nossa própria integridade contra os alemães e germanófilos que temos no Sul". No fim de 1917, porém, cedendo às pressões internacionais, o Brasil enviou uma divisão naval, uma missão médica e um contingente de aviadores para a Europa.

Sua participação na Primeira Guerra Mundial teria sido apenas patética se não tivesse sido trágica.

As jovens equipes médicas brasileiras foram levadas para a França, onde tiveram algum trabalho. Os aviadores praticamente não saíram do chão. A divisão naval, encarregada de patrulhar o oceano Atlântico em frente do Senegal, ancorou em Dacar, onde a gripe espanhola dizimou quase metade da tripulação. Enviada para Gibraltar, a esquadra brasileira abriu fogo contra um cardume de toninhas (espécie de boto), julgando se tratar de submarinos alemães. O episódio entrou para a história com o nome de "Batalha das Toninhas". Um dia depois de atracar em Gibraltar, em 10 de novembro de 1917, os brasileiros foram informados de que a Alemanha capitulara. A "guerra para acabar com todas as guerras" tinha terminado.

Texto e foto de Eduardo Bueno no livro "Brasil: uma história - A incrível saga de um país".

Capa da revista "A Semana": Presidente Venceslau Brás reunido com seus ministros, no Palácio do Catete, anunciando que o país estava em guerra.

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