Se um de vocês, caros 9 leitores, não sabe o que é "grito de
carnaval", por favor, procure outro blog.
Sou do tempo em que havia, no sábado que
antecedia o começo do carnaval, um evento pré carnavalesco chamado "Grito
de Carnaval".
Na infância, quando eu ouvia pais e irmãs
dizendo que iam ao "grito" e eu que pela idade ficava em casa cuidado
pela minha avó, imaginava que ao entrar no salão (sou do tempo que o carnaval
era em salão, como explicarei adiante) os foliões iam se agrupando até que em
determinada hora, alguém, pensava ser o Rei Momo, gritava:
Caaaaaaaarnavaaaaaalllllllll.
Claro que esta imagem era fantasia da
minha cabeça, conforme pude constatar assim que minha idade me permitiu
conferir o que acontecia no tal "grito".
Era apenas um evento para abrir o
carnaval daquele ano, uma espécie de Galo da Madrugada caipira, apesar de não
saber se na capital ou grandes cidades o evento tenha o mesmo nome.
E como disse, no meu tempo o carnaval era
em salão.
Em Ipuã, no Ipuã Country Club; em Guaíra,
no Grêmio e no saudoso Maracá (para os mais corajosos); em São Joaquim da
Barra, no Espigão; e em Guará, em um clube que não sei o nome.
Para ficar apenas nas cidades em que
frequentei.
Em Ipuã, a noite era dividida em 4
blocos, com um intervalo entre eles.
O pessoal ficava rodando no salão, alguns
abraçados, outros solitários, outros correndo atrás de não terminar a noite
sozinhos, outros com mulheres sobre os ombros.
E havia até quem rodasse sozinho com os
dedos indicadores levantados fazendo movimentos alternados de subida e descida
com cada uma das mãos. O estereótipo do folião.
De Guaíra, recordo dos primeiros contatos
com a bebida alcoólica, os primeiros xavecos e inevitavelmente, as primeiras
ressacas e os primeiros foras. O difícil era saber qual dos dois demoraria mais
a passar: o mal estar da ressaca ou a frustração do fora.
Geralmente ambos desapareciam na noite
seguinte, com nova rodada de bebida.
Ainda em Guaíra, a ordem expressa dos
tios era chegar antes das 05:00h, pois o guarda iria embora e não teria ninguém
para abrir o portão.
Evidente que nós chegávamos,
invariavelmente, às 05:45h, o que fazia com que o menor e mais magro do grupo
de primos e primas, ou seja, eu, fosse designado para escalar as grades do
portão para adentrar na casa e assim conseguir abrir o portão, pois a porta da
sala ficava destrancada.
Um texto que era pra falar sobre Grito de
Carnaval acabou navegando pelos mares da saudade, que vez por outra bate neste
blogueiro e que se não escrever o que pensa/sente fica doido.
Bom resto de carnaval a todos e a todas.
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