O Baile de Gala do aniversário da cidade de Ipuã reproduz nossas
desigualdades sociais.
Não me refiro ao elevado custo do convite
ou da mesa, pois o preço justifica-se na qualidade do evento que, mesmo sem
estar presente este ano, tenho a mais absoluta certeza de que será de excelente
qualidade: Decoração, bifê, música, organização, tudo impecável.
Reproduz nossas desigualdades no sentido
de que trata-se de um evento destinado a agradar à elite burguesa desta cidade, aos poucos privilegiados que conseguirão comprar os concorridos ingressos para
o evento.
Concorridos porque a óbvia limitação de
mesas postas à venda torna o evento ainda mais elitista, uma vez que não basta
apenas ter dinheiro para prestigiar o Baile, mas boa influência na
hora de comprar ingressos.
E isso é para os poucos, que certamente
já adquiriram seus ingressos.
A aura de "evento para poucos
escolhidos" contribui para a elevação do preço sem a reclamação dos
pagantes. É o fetichismo da mercadoria, que Marx tanto falava.
Reproduz também nossas diferenças sociais
na medida em que será realizado no sábado dia 22, assim a elite poderá divertir tranquilamente sem a preocupação de que o dia seguinte será dia de
trabalho, ou "de preto na folhinha", como dizemos nós, proletários, podendo descansar do domingo.
Para nós, excluídos, restará os shows,
realizados de domingo à terça, com o inconveniente de ter de acordar cedo para
estudar ou trabalhar no dia seguinte e/ou viajar para a faculdade, pois sendo
feriado apenas na cidade nem todos os estudantes poderão prestigiar.
Claro que não se pode fazer um evento que
contemple aos horários de todos os cidadãos, mas utilizar o sábado para a
realização do Baile, um evento para 600 pessoas, e deixar outros 15.000 sem ter
nada para fazer no mesmo dia é, no mínimo, uma exclusão social.
Agora entendo o fenômeno
"rolezinho" que assolou o país tempos atrás.
Interessante é que só começamos a ver que
eles têm razão em organizar estes rolezinhos quando somos nós os excluídos.
Talvez fosse o caso para fazermos um destes, no recinto de festas. Reuniríamos umas 2.000 pessoas para celebrar o aniversário da cidade. Ao mesmo tempo em que a elite se empanturra de carpaccios, frios diversos e lagarto recheado ao molho madeira, nós daríamos nosso "grito dos excluídos", ou uma festa feita por "gente diferenciada" talvez, quem sabe assim alguma coisa mudaria a nosso favor nos anos seguintes.
Talvez fosse o caso para fazermos um destes, no recinto de festas. Reuniríamos umas 2.000 pessoas para celebrar o aniversário da cidade. Ao mesmo tempo em que a elite se empanturra de carpaccios, frios diversos e lagarto recheado ao molho madeira, nós daríamos nosso "grito dos excluídos", ou uma festa feita por "gente diferenciada" talvez, quem sabe assim alguma coisa mudaria a nosso favor nos anos seguintes.
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