quarta-feira, 12 de março de 2014

Baile de Gala e as desigualdades sociais.

O Baile de Gala do aniversário da cidade de Ipuã reproduz nossas desigualdades sociais.

Não me refiro ao elevado custo do convite ou da mesa, pois o preço justifica-se na qualidade do evento que, mesmo sem estar presente este ano, tenho a mais absoluta certeza de que será de excelente qualidade: Decoração, bifê, música, organização, tudo impecável.

Reproduz nossas desigualdades no sentido de que trata-se de um evento destinado a agradar à elite burguesa desta cidade, aos poucos privilegiados que conseguirão comprar os concorridos ingressos para o evento.

Concorridos porque a óbvia limitação de mesas postas à venda torna o evento ainda mais elitista, uma vez que não basta apenas ter dinheiro para prestigiar o Baile, mas boa influência na hora de comprar ingressos.

E isso é para os poucos, que certamente já adquiriram seus ingressos.

A aura de "evento para poucos escolhidos" contribui para a elevação do preço sem a reclamação dos pagantes. É o fetichismo da mercadoria, que Marx tanto falava.

Reproduz também nossas diferenças sociais na medida em que será realizado no sábado dia 22, assim a elite poderá divertir tranquilamente sem a preocupação de que o dia seguinte será dia de trabalho, ou "de preto na folhinha", como dizemos nós, proletários, podendo descansar do domingo.

Para nós, excluídos, restará os shows, realizados de domingo à terça, com o inconveniente de ter de acordar cedo para estudar ou trabalhar no dia seguinte e/ou viajar para a faculdade, pois sendo feriado apenas na cidade nem todos os estudantes poderão prestigiar.

Claro que não se pode fazer um evento que contemple aos horários de todos os cidadãos, mas utilizar o sábado para a realização do Baile, um evento para 600 pessoas, e deixar outros 15.000 sem ter nada para fazer no mesmo dia é, no mínimo, uma exclusão social.

Agora entendo o fenômeno "rolezinho" que assolou o país tempos atrás.

Interessante é que só começamos a ver que eles têm razão em organizar estes rolezinhos quando somos nós os excluídos.

Talvez fosse o caso para fazermos um destes, no recinto de festas. Reuniríamos umas 2.000 pessoas para celebrar o aniversário da cidade. Ao mesmo tempo em que a elite se empanturra de carpaccios, frios diversos e lagarto recheado ao molho madeira, nós daríamos nosso "grito dos excluídos", ou uma festa feita por "gente diferenciada" talvez, quem sabe assim alguma coisa mudaria a nosso favor nos anos seguintes.

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