segunda-feira, 18 de junho de 2018

Minha história em Copas do Mundo - 9ª Parte.

Ipuã, 2014...

Professor universitário, quase um quarentão, p. da vida com a Copa realizada no Brasil dada a roubalheira que aconteceu e que eu avisava que seria muito antes de começar, o que fez com que amigos me recriminassem pelo pessimismo.

Deixei o "eu avisei" de lado e limitei a esperar a derrota que, cheguei a acreditar que não viria.

Copa em Casa, PT na Presidência, CBF unha e carne com FIFA, seria impossível acontecer outra desgraça como em 1950, quando perdemos uma final ganha no Maracanã.

Pois não só aconteceu com foi pior, muito pior...

Pudemos conhecer o modos operandi da FIFA em se tratando da realização de mundiais.

Ações que atropelam leis locais, limitações de manifestações culturais do país, comercialização exclusiva de tudo no entorno dos estádios, etc...

Fora a roubalheira das empreiteiras do país que construiu 12 estádios quando a mesma Copa na Alemanha só construiu 1.

Viva o país do futebol.

Uma irmã sentenciou: "Estão estragando uma coisa que tinha tudo para ser linda".

E foi mesmo uma festa fora de Campo, tudo perfeito. E a musiquinhha do Itaú (aqui) é a que mais me marcou na memória, sem explicação consciente.

O legal eram as "fans fests" (nome dado pela FIFA para festas antes e após os jogos) no Sítio Boa Sorte: bandeirinhas verde e amarela, TV de tubo 29'', cerveja e muita gente assistindo.

E eu, obviamente, torcendo contra.

E foi no sítio Boa Sorte entre amigos e parentes que comecei a ver que algo estava indo mal para o Brasil:

* Marcelo fazendo o 1º gol do Brasil na Copa, contra.
* Empate com o México.
* Aperto contra o Chile logo nas oitavas: jogo que só passamos nos pênaltis e com direito a tomar uma bola no travessão na prorrogação que nos tiraria da Copa.
* No mesmo jogo, enquanto as penalidades aconteciam, o "capitão" Tiago Silva ficou de costas para a cobrança, sentado em cima da bola, com as mãos espalmadas rezando e chorando. Uma vergonha para alguém responsável por levantar a Taça da Copa em casa, coisa inédita no Brasil.
* Aperto contra a Colômbia e lesão do Neymar.
* "Somos todos Neymar" quando na verdade deveria ser "Somos Todos Bernard".

Tinha mesmo que dar em 7 x 1.

Aliás, jogo que não vi inteiro.

Naquele exato dia, ocorreu o triste sepultamento de uma tia.

Passei parte da noite no velório na cidade dela e o sepultamento ocorreria em Ipuã no dia seguinte.

Naquele dia, ainda no velório, ocorreu inevitavelmente discussões sobre futebol. Amigos e parentes falavam em 2 x 0, 3 x 1, 2 x 1, todos placares favoráveis ao Brasil.

Ao dizer que achava a zaga ruim, quase apanhei. Disseram que eu não entendia de futebol.

Voltei mais cedo, daria para assistir parte do jogo e ir ao cemitério.

E assim o fiz.

Saí de casa poucos minutos após o 1 x 0. Ao passar de carro em frente a um boteco no caminho, vejo torcedores xingando, deduzi que estava 2 x 0.

Ao chegar no cemitério, ouço novos gritos de xingamento, o jogo não poderia estar 3 x 0 no 1º tempo. Liguei para um amigo e o diálogo foi assim:

- Cara, tá 3 x 0 pra Alemanha?
E ele todo feliz (também torcia contra):
- 3 x 0 não, acabou de fazer o 4º.

Foi um dia triste para mim pela perda de uma tia querida, porque pela Seleção...

E essa foi a última vez que torci contra a Seleção Brasileira, porque nessa Copa vou torcer como nas Copas de outrora.

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